250 km/h: por que os carros alemães tem velocidade máxima limitada?
A maioria já deve ter percebido que grande parte dos modelos alemães estão limitados aos 250 km/h de velocidade máxima. E qual a razão disso? Não há legislação a respeito, e sim um acordo entre diversas marcas.
Tudo começou há mais de 40 anos. No final dos anos 1970 tomou conta da Alemanha um forte movimento a favor da preservação do meio ambiente, lobby político liderado pelo Partido Verde Alemão, que argumentava na época que parte dos problemas ambientais se resolveriam com a introdução de limites de velocidades nas estradas. Embora não tenha sido aprovada, esta medida serviu de alerta os principais fabricantes alemães, que se viram obrigados a pensar em planos de contingência para o futuro. Tudo com o apoio não oficial das seguradoras, claro…
As estradas alemãs –as Autobahn– são famosas pelos seus limites de velocidade bastante generosos (em alguns pontos sequer existe limite de velocidade), e com o do desenvolvimento tecnológico dos carros e a escalada de potência na indústria automotiva, os novos modelos começavam a explorar isso: velocidade, velocidade e mais velocidade.
Resultado prático: no final dos anos 1980 eram vários os carros que superavam os 200 km/h, o que levou a um aumento dos acidentes provocados pelo excesso de velocidade. O problema se tornou de tal forma grave que os fabricantes tiveram que agir, para evitar que fosse o próprio governo alemão que criasse limites nas estradas.
Por isso, em 1987, algumas das principais marcas alemãs da época –Audi, BMW, Mercedes-Benz e Volkswagen– deixaram a rivalidade de lado e seguiram o exemplo do Japão, firmando um acordo de cavalheiros que pressupunha que todos os novos modelos fossem limitados a 250 km/h de velocidade final. Como seria de esperar, o governo alemão viu com bons olhos este acordo voluntário entre as marcas e não promoveu nenhuma alteração na legislação.
No ano seguinte, a BMW foi a primeira marca alemã a lançar um modelo com limitador eletrônico de velocidade, o BMW 750iL. De acordo com a marca alemã, o novo motor 5.0V12 de 300 cv de potência máxima deste sedã permitia chegar “facilmente” aos 270 km/h, mas em vez disso os clientes teriam que se contentar com os 250 km/h.
Mas, por que algumas marcas alemãs têm modelos que ultrapassam os 250 km/h? De um tempo para cá, as marcas que assinaram este pacto têm vendido modelos que excedem os 250 km/h, como por exemplo o Audi R8 V10 ou o Mercedes-AMG GT. Pode ser orgulho, marketing ou rebeldia: a verdade é que são muitos os milhões de dólares investidos no desenvolvimento de um automóvel, e por isso é natural que os fabricantes abram exceção para alguns dos seus modelos, em especial os esportivos. Atualmente, muitas marcas oferecem ao cliente a opção de desativar o limitador eletrônico. Além disso mais, há a questão da concorrência. Os ingleses e italianos não assinaram este acordo…
Há ainda o caso da Porsche, que como já percebemos, foi uma das marcas que se recusou fazer parte deste acordo. Como fabricante de modelos verdadeiramente esportivos, a limitação eletrônica da velocidade iria contra a filosofia da marca, que na época produzia apenas três modelos: 911, 928 e 944.