Carros

TEST DRIVE: FORD ECOSPORT FREESTYLE 1.6

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Se existiu um lançamento em conta-gotas no mercado brasileiro, esse foi o do Ford EcoSport. Começou a ser mostrado em janeiro de 2012, teve outra apresentação em abril, pré-venda em julho e, finalmente, chegou às ruas em agosto. Mas valeu a pena esperar.

O primeiro EcoSport foi lançado em 2003 e superou 700 mil unidades produzidas, até seu adeus, em maio. Era um projeto brasileiro, fabricado na Bahia, baseado no Ford Fusion europeu, que nada tinha a ver com o sedã americano homônimo. Para o novo EcoSport, a história mudou. O SUV pequeno ganhou projeto global, e foi todo desenvolvido aqui em parceria com outras filiais da montadora. A Ford vai fabricar o modelo inicialmente em outros três países -China, Índia e Tailândia- para ser vendido em mais de 100 mercados. O EcoSport brasileiro, quem diria, se tornou um carro mundial.

Para o nosso mercado, o carro começou a ser vendido em quatro versões de acabamento. A S, de entrada, tem motor Sigma de 1.6 litro 16V, e traz de série airbags frontais, freios com ABS e EBD, cintos de três pontos e encostos de cabeça para todos os ocupantes, faróis diurnos com leds, som com CD Player e MP3, sistema Sync, ar-condicionado, direção com assistência elétrica, banco traseiro bipartido com quatro posições do encosto e vidros dianteiros/travas/retrovisores elétricos e travamento das portas a distância; as rodas são de aço, aro 15, com calotas. O preço é de R$ 53.490.

MAIS EQUIPAMENTOS

A versão seguinte é a SE, que acrescenta faróis e luz traseira de neblina, barras de teto, vidros elétricos na traseira e rodas de aço diferentes, sem calotas. Custa R$ 56.490. Em seguida vem o Freestyle, modelo que avaliamos, e que deverá continuar sendo a versão mais vendida do SUV. Tem bom nível de equipamentos, o que justifica o preço de R$ 60 mil.

O Freestyle tem controle eletrônico de estabilidade e tração, repetidores dos piscas nos retrovisores, assistente de partida em rampa (mantém o carro freado por até três segundos, para que não se mova até o motorista acelerar), rodas de alumínio aro 16, computador de bordo, sensores de estacionamento na traseira, vidros elétricos com função “one touch” e fechamento das portas a distância. Vários detalhes externos, como rodas e frisos, são em cinza, e por dentro traz itens exclusivos.

Os opcionais custam cerca de R$ 3,7 mil, e incluem revestimento dos bancos de couro e airbags laterais, dianteiros e de cortina. Bancos e airbags são “casados” pela fábrica para evitar danos aos airbags laterais instalação dos bancos de couro não originais. Outra opção é o motor Duratec 2.0 16V, que custa R$ 2.500 e sobe o preço total para R$ 66.190.

Por mais R$ 4 mil (R$ 70.190) o interessado leva para casa o o EcoSport Titanium, com itens como acesso e partida sem uso de chave, retrovisor interno fotocrômico e controle automático para faróis, limpador de pára-brisa e ar-condicionado (o carro não tem cruise control), além de outras rodas e grade com frisos cromados.

No mais, traz os mesmos itens do FreeStyle 2.0, do qual mantém a mecânica. Outro recurso que falta é o teto solar, pois a fábrica alega que, com esse equipamento, o preço acabaria ficando próximo de modelos importados. Não significa que no futuro o EcoSport não tenha cruise control e teto solar.

NOVIDADES

E o 4WD de tração integral com câmbio automático? Desapareceu? Não. Foi exibido no Salão de São Paulo, mas em vez da caixa automática tradicional, a Ford vai ter sua primeira transmissão automatizada no nosso mercado. Tem seis marchas e dupla embreagem, além da opção de mudanças manuais.

O novo EcoSport transmite modernidade. A primeira impressão é de um carro bem atual, alinhado com com as mais recentes tendências de estilo da Ford em nível mundial. Você pode procurar algo do modelo antigo, mas não vai encontrar nada além do nome, do estepe externo e do oval da Ford. Detalhes como a ampla grade dianteira, as laterais “musculosas”, a linha de cintura se elevando em direção da traseira e as lanternas traseiras horizontais definitivamente sepultam o antigo EcoSport.

Os faróis trazem uma faixa inferior de leds que atua como luz diurna e lanternas, e os pára-choques são pintados na cor da carroceria. Detalhes impostos pelos cuidados com a aerodinâmica ajudam no Cx de 0,365, 11% melhor que o do anterior. A tampa traseira continua a abrir para o lado esquerdo, e sua maçaneta vem discretamente integrada à lanterna direita.

INTERIOR

No tamanho, o novo carro Ecosport é pouca coisa diferente do antigo, pois a Ford preferiu manter seu tamanho. Com isso, o comprimento é de 4,24 metros (era 4,23 m), a largura cresceu de 1,73 m para 1,76 m, a altura foi de 1,68 m para 1,69 m e a distância entre-eixos de 2,49 m para 2,52 m. O porta-malas aumentou um pouco, indo de 320 para 362 litros (ou 705 com banco traseiro rebatido), e o tanque de combustível perdeu dois litros, caindo de 54 para 52 litros. O peso da versão avaliada era de 1.243 kg.

Existe muita semelhança interna com o novo Fiesta, e por isso o interior do EcoSport tem aparência atual e realmente bonita. Os tecidos usados nos revestimentos são simples, e os plásticos tem bom aspecto. O acabamento é bem cuidado, o que se nota pela textura de painel e cores usadas. As maçanetas são as mesmas do Fiesta, e o volante tem regulagens de altura e distância. Os retrovisores externos são convexos, de bom tamanho -como eram os do Focus- e bem posicionados.

Junto aos instrumentos, uma telinha digital mostra as informações do computador de bordo, consumo instantâneo e temperatura externa, além de aviso de excesso de velocidade. Outro mostrador, ao centro, é para o som.

O sistema de áudio, que é de série em todas as versões, tem o sistema Sync, desenvolvido pela Ford em parceria com a Microsoft. Conta com Bluetooth para telefone celular, comando de voz (em português, espanhol e inglês) para fazer e atender chamadas e selecionar músicas, e leitura de mensagens de SMS. O recurso é acionado por botões no volante e existem duas conexões USB (na frente e na traseira), auxiliar e para Ipod.

Sob o banco do passageiro, uma gaveta faz o trabalho do anterior assento escamoteável, enquanto o amplo porta-luvas é refrigerado. São vários porta-objetos disponíveis, e na lateral do banco traseiro existe uma tomada de 12 volts. O carro tem ainda pára-brisa degradê e comando interno de abertura do bocal de tanque.

MOTOR

Como acontece no Fiesta, a partida só é possível se você acionar a embreagem. Em frenagens de emergência, o pisca-alerta é acionado, e no caso de acidente com abertura dos airbags, as portas destravam.

Os motores Sigma e Duratec da Ford são velhos conhecidos, mas apenas o Duratec equipava desde o lançamento o EcoSport anterior: o Sigma estava presente no Focus e no novo Fiesta, e agora chegou –enfim- ao SUV. Têm duplo comando de válvulas, 16 válvulas e cabeçote, bloco e cárter de alumínio. Assim, o 1.6 tem potência máxima de 110/115 cv (gasolina/etanol) e torque máximo de 15,6/15,9 mkgf (gasolina/metanol).

 O SUV tem nova plataforma, derivada da usada no Fiesta, mas mantém a suspensão traseira por eixo de torção e freios a disco apenas na frente. De boa novidade, assistência elétrica de direção.

COMO ANDA

O EcoSport Freestyle que avaliamos, com motor 1.6, transmite sensação de conforto, com a posição de dirigir elevada e muitas possibilidades de ajustes de banco e volante e comandos bem indicados e acessíveis. O ar-condicionado é eficiente e os passageiros da traseira tem espaço muito bom tanto em altura e largura, como para as pernas.

Quando exigido com cinco passageiros e ar ligado, o EcoSport não surpreende, pois é preciso abusar do acelerador para que a sensação de falta de potência desapareça. Mas nada que comprometa. Em rotações mais elevadas, a potência aparece e a má impressão some.

Em piso ruim, a suspensão mostra bom acerto, com boa calibragem de molas e amortecedores. O ajuste é mais firme, necessário num carro alto, mas não chega a ser desconfortável. A estabilidade é boa no asfalto. A direção sempre tem peso correto, e os pneus usados, Pirelli Scorpion ATR, permitem rodar fora do asfalto e não provocam instabilidade ou ruídos de rodagem excessivos.

No geral, o novo EcoSport mostrou ser um carro muito superior ao antigo. Deixou as linhas retas, abusou das linhas curvas e notasse a atualidade do projeto por fora e no interior. Ficou mais confortável, prático e sofisticado. Claramente o carro subiu um ou mais degraus em todos os aspectos, substituindo bem o EcoSport original que brilhou por nove anos.


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