TESTE: Fiat Toro Ranch Turbodiesel 4×4
Houve uma época, na metade dos anos 1980, que as picapes brasileiras -Ford F1000 e Chevrolet A/C/D 10 e 20- eram equipadas com toda sorte de itens externos cromados, seguindo o que ditava a moda country norte-americana para esse tipo de veículo. Grades, para-choques, “santoantonio”, escapamentos verticais, estribos e outros traziam brilho e aspecto luxuoso a esses modelos. Com a Fiat Toro acontece mais ou menos na versão Ranch, que exibe muitos cromados de bom gosto por fora -bem menos do que acontecia nos anos 1980- e interior bem acabado e cuidado.
por Ricardo Caruso
A Fiat Toro Ranch oferece versatilidade, com seu motor turbodiesel, câmbio automático de nove velocidades, tração nas quatro rodas e caçamba com capacidade de carga de uma tonelada. E isso tudo custa no modelo avaliado R$ 215.480 (R$ 212.990 da picape mais R$ 2.490 da cor branco perolizada); a Ranch não tem opcionais. Divide com a versão Ultra, o topo da linha dessa picape da Fiat.
O sucesso da Toro tem sua razão de ser. Ela foi responsável por trazer ao mercado brasileiro a ideia lançada pela Fiat em 2016 de ser uma “SUP” (Sport Utility Pickup), ou seja, mistura o conforto e soluções dos SUV com as características das picapes de seu porte. Certo ou errado, é por isso que ela reina praticamente sozinha no segmento, por atender com maestria a equação trabalho/passeio, oferecer bom porte para uma picape mais urbana e custo/benefício atraente na comparação com concorrentes de uma categoria acima. As medidas externas da picape, que é monobloco, são 4,945 metros de comprimento, 1,845 m de largura, 1,734 m de altura e 2,990 m de distância entre-eixos.
A plataforma “Small Wide LWB” da Stellantis é a mesma dos Jeep Compass e Renegade, garante bom espaço interno para até cinco ocupantes e oferece para quem vai atrás bom espaço para as pernas. A caçamba da Toro Ranch tem capacidade de carga de 1.000 kg com 937 litros, e a carga máxima para reboque é de 400 kg. A tampa do compartimento segue com duas portas e acionamento elétrico.
Em dezembro último, a Fiat Toro atingiu 500 mil unidades produzidas. A picape, fabricada em Goiana, Pernambuco, foi a mais vendida entre as intermediárias no ano passado, com 51.303 unidades. Desde o seu lançamento, a Toro já ganhou cerca de 30 prêmios nacionais e internacionais. E lembrar que quando o projeto foi apresentado ao falecido Sergio Marchionne, genial ex-presidente da Fiat Chrysler Automobiles (FCA) e da Ferrari, foi rechaçada diversas vezes, e só a insistência dos executivos brasileiros conseguiu convence-lo do contrário muito a contragosto.
A Fiat Toro Ranch tem um desenho bastante atual na dianteira, que inclui conjunto ótico que vem sendo copiado por alguns concorrentes, o “Logo Script” da marca e a “Fiat Flag”. O capô tem dois ressaltos longitudinais, a grade é cromada e há uma moldura prata no pára-choque. A picape também exibe interior renovado, com novos painel de instrumentos e console. Um diferencial da Ranch é o revestimento interno (bancos e laterais de portas em material sintético que imita couro marrom), similar ao da picape Ram 2500 Limited Longhorn americana, que faz muito sucesso por lá. Outros detalhes da Toro Ranch, que chegaram com a linha 2022, é o painel de instrumentos, de sete polegadas e todo digital; o sistema multimídia com tela de 10 polegadas em posição vertical com Android Auto/Apple CarPlay sem fio; o carregador por indução para smartphone e tomadas USB frontais do tipo A e C (USB do tipo A e de 12V na traseira). As mudanças permitiram praticamente dobrar -para 26 litros- a capacidade dos porta-objetos.
Entre os itens de conforto e conveniência, a Toro Ranch traz ar-condicionado bizone, banco do motorista com ajustes elétricos, volante ajustável em inclinação e distância e partida sem chave. No quesito segurança, nada a reclamar: sete airbags (frontais, laterais, de cortina e de joelho para o motorista), sensor da pressão dos pneus, sensores de chuva e crepuscular e de estacionamento dianteiro e traseiro, e assistente de partida em aclives e descidas, entre outros.
Em termos de conectividade, o usuário passa a contar via celular, por exemplo, com serviços de manutenção, segurança e emergência, navegação, assistência virtual e entretenimento, com Wifi dedicado e experiência imersiva para o cliente. Tudo isso possível pela parceria com a TIM Brasil e com a maior rede de Internet das Coisas (IoT) no País.
A picape também oferece diversos itens de tecnologia embarcada. Por exemplo, o “Sistema Avançado de Assistência ao Condutor” (ADAS) com frenagem autônoma de emergência, aviso de mudança de faixa e comutação automática dos faróis. Há ainda faróis Full LED (o sistema de iluminação frontal é 100% em LED) o que melhora em 30% o desempenho dos faróis.
O visual da Fiat Toro Ranch mudou há dois anos, e além das já citadas alterações na dianteira, chamam atenção os estribos laterais, o grande “santoantonio” e as novas rodas de 18 polegadas, calçadas por pneus de medidas 225/60. Atrás, como já falamos antges, a Fiat Toro Ranch conserva a ótima solução da abertura da tampa dividida em duas partes, que traz mais praticidade ao uso.
COMO ANDA
O motor 2.0 turbodiesel trabalha em conjunto com o câmbio automático de nove velocidades. Tem interessantes 170 cv de potência máxima e 35,7 mkgf de torque máximo, powertrain que encontramos em outras versões e na própria top de linha Ultra. O torque se manifesta a partir dos baixos giros, mais do que suficiente para os 1.920 kg da picape. Ajuda nisso o perfeito ajuste da caixa de câmbio automática, sempre com trocas rápidas, e que permite realizar mudanças manuais pela alavanca ou pelas “borboletas” (“paddle shifters”) por trás do volante.
É uma picape rápida, com boas respostas mesmo em baixas rotações, o que garante acelerações fortes e ultrapassagens com segurança. A aceleração de zero a 100 km/h foi feita em 12,8 segundos, com velocidade máxima de 190 km/h. O consumo de combustível da Toro Ranch é muito bom, com 10,1 km/l de diesel na cidade e 13,2 km/l na estrada. Isso sem abusar do turbo, claro.
A direção assistida eletricamente traz calibragem e peso corretos, e uma evolução que chegou na linha 2022 foi a redução do diâmetro de giro, que caiu de 12,9 m para 12,4 m, o que facilita um pouco as manobras em locais mais apertados. As suspensões também são corretamente calibradas, sempre seguras e confortáveis, enfrentando bem as ruas esburacadas ou pisos ruins na terra. Os freios também estão corretos, com discos ventilados dianteiros de 305 mm e tambores traseiros de 295 mm.
A Toro Ranch é basicamente uma picape urbana, mas apta ao fora de estrada leve. Tem ângulo de entrada de 25º, de saída de 28,4º e altura livre do solo de 23,6 cm. A tração 4×4 tem os modos Auto, 4WD (50/50 entre os eixos) e 4WD Low (reduzida) para encarar os obstáculos do uso na terra.
CONCLUSÃO
A Fiat Roro é um produto maduro, ainda atual e que chama atenção, e a versão Ranch, com foco no luxo, deixa isso claro. Todas as suas qualidades a transformam em uma ótima alternativa para quem busca um modelo que foge da mesmice dos SUVs, e ainda oferece uma boa dose de versatilidade, por conta da caçamba. Por R$ 212.990, a Toro Ranch traz visual diferenciado, para justificar seu preço e posicionamento, que esbarra no preço das versões de entradas de picapes médias. É o preço do luxo e conforto.
RANCH TURBO DIESEL AT9 4×4
- Central multimídia com tela de 10,1”
- Grade frontal diferenciada
- ADAS (Sistema Avançado de Asssistência ao Condutor: AEB (frenagem autônoma de emergência)/ LDW (aviso de mudança de faixa)/ AHB (comutação automática dos faróis)
- Espelhos externos cromados
- Moldura lateral da caixa de roda específica
- Barra de proteção para o vidro traseiro
- Barra de proteção cromada
- Santantonio cromado
- Estribo cromado
- Para-barro
- Assentos de couro acabamento específico (marrom)
- Badge externo nas portas da frente
- Badge interno
- Acabamentos interiores escurecidos
- Acabamentos exteriores escurecidos
- Cor e acabamento do painel (marrom)
- Cluster específico (Welcome Movement)
- Tapetes de carpete com bordados