A HISTÓRIA DA GM NA ARGENTINA
A trajetória da General Motors na Argentina é bem diferente da histõria da emoresa no Brasil. Lá tudo começou em 1922, quando os importadores Hampton e Watson assinaram um acordo com a GM americana para montar na Argentina alguns modelos da marca Chevrolet.
O plano tinha como finalidade reduzir os custos com impostos de importação, mediante a montagem dos carros com componentes importados e alguns itens nacionais. No ano seguinte, alugaram um galpão na Rua Garay 1, perto da Dársena Sur, e em 1924 chegaram às ruas as primeiras unidades do modelo chamado lá de Doble Phaeton.
Em 1925, a própria GM se instalaou na Argentina e começou a produzir o Doble Phaeton Standard e uma versão desse carro chamada de Doble Phaeton “Especial Argentino”. Com bom preço, os dois modelos fizeram sucesso e tiveram grande procura.
A produção se completava com um sedã, um roadster e um chassi de caminhão adaptável também a transporte de passageiros. As vendas cresceram e logo as marcas Oldsmobile, Oakland e Pontiac foram incorporadas à linha de montagem. As vendas anuais somaram quase 8.000 carros e 500 caminhões, e em 1926 foi entregue o GM número 10.000.
Dessa forma, a capacidade instalada da fábrica foi insuficiente para abastecer a crescente demanda, e foi necessário construir uma nova fábrica. O novo complexo -de 48.000 m2 de superfície coberta- foi inaugurado em 1929 na rua Limay, bairro de Barracas, e ali começaram a ser produzidas também as marcas Buick, Marquette, La Salle, Cadillac, Vauxhaul e Opel, totalizando ao final daquele ano 27.000 unidades.
Em 24 de setembro de 1928 circulava por Buenos Aires o primeiro ônibus, chamado de “colectivo”, sobre a base de um Chevrolet Doble Phaeton dando origem ao transporte público de passageiros da cidade de Buenos Aires.
Em 1931, assumiu a presidência da empresa Alberto de Tonnay. A oferta de veículos foi completada com a importação direta de todas as marcas produzidas pela GM nos Estados Unidos. Embora a produção local tivesse sido afetada pela crise nos Estados Unidos, a porcentagem de componentes nacionais aumentou.
Em 1934, começaram a ser recuperados os volumes de produção, chegando a 120 unidades diárias. A marca Chevrolet ganhou espaço no transporte público de passageiros, e seus chassis encarroçados por empresas locais eram comuns nas ruas das principais cidades do país.
No final da década de 1930, a participação da GM no mercado chegou a expressivos 40%. Isso estimulou os executivos da empresa, que autorizaram um importante investimento e a construção de uma nova fábrica. Desta vez o lugar escolhido foi um terreno no distrito de General San Martín, pertencente ao Ferrocarril Central Argentino, nas proximidades das avenidas General Paz e San Martín, sempre em Buenos Aires. A fábrica foi inaugurada em 1940 e, além de automóveis, produzia geladeiras Frigidaire, baterias e borrachas para automóveis de diversas marcas. Ao mesmo tempo, a fábrica de Barracas continuava com a produção de automóveis e caminhões.
A chegada da Segunda Guerra Mundial complicou as operações da GM Argentina. Em 1941 foi produzido o Chevrolet número 250.000, mas a escassez de componentes tornou impossível a produção de carros. Situação complicada, pois Peron simpatizava com os alemães, que eram inimigos dos americanos, que tinham a Opel como subsidiária na Alemanha… Assim, o último Chevrolet saiu da fábrica de Barracas em agosto de 1942. Para evitar a paralisação total, a empresa produziu geladeiras elétricas e portáteis e componentes para automóveis.
Também foram fabricados em San Martín armários metálicos, batentes de portas e janelas e brinquedos infantis para jardins. Com as madeiras das caixas que traziam os componentes importados dos carros, eram fabricadas carteiras escolares. Terminada a guerra, a GM se dedicou a adaptar tanques Sherman para o exército argentino e a encarroçar ônibus para a Corporação de Transporte da Cidade de Buenos Aires.
Foi realizado ainda importante investimento em prédios e equipamento em ambas fábricas, para voltar a produzir. Os primeiros carros montados nessa fase foram o Oldsmobile Club Sedan e Pontiac. Começou ser implantada também a linha de caminhões ingleses Bedford de 5 toneladas, e mais tarde foram incorporados os Chevrolet. No começo da década de 1950, a GM empregava quase 3.000 pessoas entre operários, funcionários administrativos e técnicos.
Em 1959, decidiu ampliar a fábrica de San Martín e adaptá-la para a produção integral de automóveis, pickups e caminhões. Em 25 de janeiro de 1960 saiu de San Martín a primeira Pickup Chevrolet argentina. No ano seguinte, o governo aprovou o plano de investimentos de US$ 45 milhões, que incluía a construção estampara de 12.000 m2. Em 12 de março de 1962 foi entregue o primeiro Chevrolet 400. O plano original contemplava participação do governo de 50% no primeiro ano de fabricação, número que devia chegar a 90% em 1964 com a produção de 15.000 unidades.
Os volumes de produção aumentaram ano após ano, e também cresceu a linha de modelos. Além do Chevrolet 400 e da Pick up, eram fabricados os chassis para caminhão e ônibus Bedford. Em 1963 foi introduzida a primeira caixa de direção e o motor Chevrolet de seis cilindros em linha e sete mancais. Em 1969 foi lançada a linha Chevy, derivada do Chevy Nova norte-americano.
Em 1971, a linha Chevy foi completada com o lançamento do cupê. Naquele mesmo ano, a GM exportou 11.719 veículos. Em 1974, a empresa entrou no segmento de carros pequenos, com o lançamento do Opel K 180, o nosso Chevette.
Apesar dos investimentos realizados, em meados da década de 1970 a participação da GM no mercado começou a cair constantemente, reduzindo a participação de 9% em 1976 para 2% em 1978. Naquele ano a empresa ocupou apenas o nono lugar do ranking entre 11 fabricantes locais, com produção total de apenas 5.876 unidades. As perdas foram superiores a US$ 30 milhões, e a casa matriz decidiu então encerrar as atividades na Argentina.
Entre 1959 e 1978, a GM produziu 195.000 automóveis (Chevrolet 400, Chevy e Opel K 180) e 207.000 veículos comerciais (Pickup, chassis para caminhões e ônibus Bedford e Chevrolet).
Apesar de sua retirada, a marca Chevrolet reapareceu em 1985, mediante acordo celebrado entre a Sevel e a GM para a produção sob licença de uma nova Pickup Chevrolet na fábrica de Ferreyra, província de Córdoba. Este acordo acabou em 1991.
Em 1993, e após 15 anos de ausência na Argentina, a General Motors decidiu seu regresso, que aconteceu em duas etapas. Na primeira foi assinado um convênio com a CIADEA (ex-Renault) para a produção da Pickup em suas versões C-20 e D-20. O plano contemplava uma produção de 25.000 unidades para 1995, das quais 19.000 se destinaram à exportação, especialmente para o Brasil e demais países do Mercosul.
A segunda fase do projeto foi concretizada na segunda metade da década de 1990, com a construção perto da cidade de Rosario, Santa Fé, de uma fábrica para a produção da linha Corsa e do Chevrolet Grand Vitara. Esse carro era o Suzuki Grand Vitara, feito sob licença dos japoneses, e que no Brasil se chamou Tracker
Em 10 de julho de 2006, um Corsa Classic hatch foi a unidade 350.000 produzida pela GM em sua nova etapa produtiva na Argentina. A unidade 500.000 chegou em outubro de 2007, então um Corsa Classic, e a 650.000 veio em 30 de março de 2009, um Corsa Wagon.