A história do Nash Metropolitan (1954-1962)
O Nash Metropolitan foi um dos menores carros já vendidos nos Estados Unidos, muito antes da chegada por lá do Fiat 500 e do Smart, e certamente um dos mais charmosos. Os jornalistas da época com certeza se divertiram muito explicando os encantos muito peculiares do Metropolitan, vendido na América pela Nash-Kelvinator (mais tarde AMC) de 1954 a 1962, mas construído na Inglaterra na fábrica de Austin perto de Birmingham. Além do tamanho reduzido, tinha só duas portas, acomodava dois ocupantes, tinha estepe tipo “continental” e foco no público feminino.
por Ricardo Caruso
Enquanto a maioria dos fabricantes americanos de automóveis seguia a filosofia do “quanto maior, melhor”, os executivos da Nash Motor Company pesquisaram o mercado para oferecer aos compradores locais uma alternativa econômica de transporte. Uma espécie de “carro popular” dos anos 1950. O Metropolitan foi projetado em Kenosha, Wisconsin, modelado a partir de um carro-conceito , o NXI (Nash Experimental International), que foi desenvolvido pelo desenhista independente William J. Flajole, de Detroit, para a Nash-Kelvinator . Podia ser cupê ou conversível.
Foi pensado como o segundo carro em uma família que tinha dois carros, um para a mãe levar as crianças para a escola ou ir às as compras, e o segundo para o pai dirigir até a estação ferroviária para ir ao trabalho. O chamado “carro de transporte/compras” tinha semelhança com os grandes modelos da Nash, mas a escala era minúscula, pois a distância entre-eixos do Metropolitan era menor do que a do Fusca .
Com distância entre-eixos de apenas 2,16 cm, era 60 cm mais curto do que um compacto típico de Detroit naqueles tempos e 25 cm mais curto do que um Fusca; o Metropolitan se juntou ao Bantam e ao Crosley como os menores carros já vendidos até então nos Estados Unidos em qualquer volume.
A Nash posicionou o sub-compacto de 840 kg não apenas como um carro econômico, mas como um “carrinho de compras” motorizado para garotas urbanas ricas. A publicidade retratava mulheres elegantemente vestidas guardando suas caixas no interior do Metropolitan. Era assim um carro de nicho, radicalmente diferente do que se via nas ruas.
O Metropolitan foi concebido por Bill Fajole, desenhista independente de carros de Detroit, que construiu o protótipo num chassi de Fiat 500 Topolino. Seu desenho original tinha uma série de características interessantes que não foram incluídas nos Metropolitan de produção, como para-choques dianteiro e traseiro intercambiáveis, mas pelo menos uma de suas ideias foi aplicada: as estampas das portas esquerda e direita eram as mesmas.
Bill Flajole com o protótipo original NXI baseado na plataforma de um Fiat Topolino .
O protótipo Nash NXI, finalizado e pintado de vermelho
Os executivos da Nash, George Romney (esq.) e George Mason (dir.) com o NXI
Mas, da forma que foi projetado, o carro era pequeno demais para ser produzido nas linhas de montagem existentes da Nash, em Kenosha, e estudos internos revelaram que novo ferramental custariam pelo menos US$ 20 milhões, muito mais do que o retorno potencial justificava. A Nash-Kelvinator então procurou no Exterior por uma instalação adequada para fabricar seu carro. Com isso em mente, negociou com várias empresas europeias.
Em 5 de outubro de 1952, anunciou que haviam selecionado a Austin Motor Company (na época parte da BMC ) e a Fisher&Ludlow (que também se tornou parte da BMC em setembro de 1953, operando mais tarde sob o nome Pressed Steel Fisher), ambas empresas inglesas sediadas em Birmingham e arredores. A Fisher&Ludlow produziria a carroceria, enquanto a mecânica seria fornecida pela Austin Motor Company, que também executaria a montagem final, e dali os carros rumariam para o outro lado do Atlântico. A Austin fechou contrato com a Nash e o custo total do ferramental foi de apenas US$ 1.018.475,94 (Austin, US$ 197.849,14; e Fisher&Ludlow: US$ 820.626,80), uma fração do custo das ferramentas de um veículo fabricado nos Estados Unidos.
Acredita-se que a Austin concluiu o primeiro protótipo de pré-produção em 2 de dezembro de 1952. No total, cinco desses protótipos de pré-série foram construídos pela Austin Motors e testados antes do início da produção.
Linha metropolitana da carroceria na Fisher&Ludlow
Assim, as carrocerias foram produzidas na Fisher, enquanto o motor de 1200 cm3 e 42 cv veio do Asutin A40 Devon/Somerset. Veja um vídeo de uma visita à fábrica do Metropolitan na Austin aqui. Peças de suspensão e transmissão foram herdadas dos Austin A30/A35, dando ao Metropolitan “laços de sangue” com outro notório carro da categoria “fofinho”, o Sprite “frogeye”.
Em 1956, o Metropolitan recebeu o motor BMC “B” de 1489 cm3, mais potente, e nesse ponto o pequeno Nash também está relacionado com o MGA —fato que os donos do Metropolitan não gostam de destacar; donos do MG, quase nunca tocavam no assunto. Os carros foram comercializados nos Estados Unidos com emblemas Nash, Hudson e American Motors, enquanto eram distribuídos na Europa pela BMC simplesmente como Metropolitan.
Metropolitan conversível e cupê 1955
O estilo do modelo era uma imitação da linha de carros grandes da Nash, que teve pitacos da Pinin Farina, compartilhando os mesmos recortes de porta cheios de ressaltos e estampas, aberturas baixas dos para-lamas e um vinco protuberante circulando a carroceria no nível do para-choque.
Metropolitan 1954
O Metropolitan foi o primeiro carro americano do pós-guerra comercializado especificamente para mulheres. O Dodge La Femme foi lançado um ano depois. A primeira garota-propaganda do carro foi a Miss América 1954, Evelyn Ay Sempier. O carro foi anunciado com destaque no
“Women’s Wear Daily“, e os folhetos de marketing da American Motors descreveram o modelo como “o tipo de carro totalmente novo da América” (1955), “Luxo em miniatura” (1959) e “feito para transporte pessoal” (1960).
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Essa bem humorada comparação fez sucesso nos anos 1950…
Na verdade, o novo carro seria inicialmente chamado de NKI Custom, mas o nome foi alterado para Metropolitan apenas dois meses antes de seu lançamento ao público. Novos emblemas cromados com o nome “Metropolitan” foram feios para caber nos mesmos furos que o letreiro “NKI Custom” no para-lama dianteiro do lado do passageiro.
Os revendedores Nash tiveram que correr e rebatizar os primeiros carros que receberam com o nome “NKI Custom”. Ainda assim, alguns manuais de fábrica já haviam sido preparados e distribuídos aos departamentos de serviço com o nome NKI. Os primeiros exemplares com o emblema Nash foram colocados à venda em 19 de março de 1954 nos Estados Unidos e Canadá.
Metropolitan conversível “Fifth Avenue” de 1960, pronto para a Páscoa.
Aqui vai um guia para observadores dos Metropolitan de 1954-1962:
+ Os modelos de 1954-1955 têm uma entrada de ar cromada simulada e um suporte estampado no capô, enquanto os carros de 1956 e posteriores têm um capô liso, sem entrada de ar.
+ Os modelos de 1954-1955 têm uma grade tipo barra sem moldura de metal cromado, enquanto os carros de 1956 em diante têm uma grade de tela com moldura também cromada.
+ Os carros de 1956 e posteriores têm acabamento lateral cromado, permitindo uma linha de divisão para esquemas de pintura em dois tons.
+ Os carros de 1959-1962 têm tampa do porta-malas que se abre, enquanto os dos anos anteriores não têm nenhum acesso externo ao compartimento de bagagem.
Metropolitan cupê AMC 1962
Metropolitan conversível de 1961.
O Metropolitan perdeu apelo de mercado devido à crescente concorrência dos próprios modelos Rambler American da AMC e dos novos carros compactos introduzidos pela Ford, GM e Chrysler. A última carroceria Metropolitan foi feita pela Fisher & Ludlow em 10 de abril de 1961. A produção do Metropolitan com destino aos Estados Unidos terminou naquele mesmo mês, como resultado de suas “vendas baixas mais o fato de que um Rambler American de cinco passageiros poderia ser comprado por apenas cerca de US$ 100 a mais”. Assim, entre 1953 e 1962, foram fabricados 94.986 Metropolitan, alguns vendidos na Grã Bretanha, Austrália e Nova Zelândia.