Classic Cars

A IMPRESSIONANTE HISTÓRIA DE FRANÇOIS CEVERT E A VIDENTE

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Há 44 anos, no dia 6 de outubro de 1973, a Fórmula 1 perdeu François Cévert, o piloto que simbolizava todo o glamour da categoria na época. Atendendo a muitos pedidos, AUTO&TÉCNICA reconta uma história que impressiona. Confira.

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“A morte está prevista em todos os nossos contratos.” Albert Francois Cevert Goldenberg, 1944-1973.

Em 1974, um ano após a morte de François Cevert, foi publicada uma biografia do piloto chamada: “Contrato com a Morte”. Nesse livro, está a impressionante história contada por Anne Van Malderen, a “Nanou”, que por muito tempo foi namorada do piloto. Bonita e divertida, conheceu Cevert em 1964, em Saint Tropez, quando ele tinha 20 anos de idade. Tinha 25 anos e era casada, e não resistiu aos olhos azuis e ao sorriso do piloto.

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Segundo ela conta, “em 1959, fui com a minha mãe visitar uma vidente que tinha sido recomendada a ela. Essa mulher morava na França, numa casa simples, e nada fazia crer que havia um elo dela com o ‘outro mundo’. Ela não lia cartas de baralho, nem tinha bola de cristal. O seu método era simplesmente olhar para você durante um longo período de tempo, ou então observar uma fotografia, quando alguém lhe trazia uma. E então ela concentrava-se, num silêncio total.

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Nessa época eu tinha 20 anos, e tinha somente ido ali para acompanhar a minha mãe. Naqueles dias eu era completamente cética em relação a esse tipo de previsões sobre o futuro. Subitamente, a vidente olhou para mim e fixou-me com os seus olhos. ‘Preciso falar consigo’, disse ela. Assustada, a segui até seu quarto”.

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“O seu casamento não vai durar. Você irá encontrar um jovem que deixará marcas profundas na sua vida. Você vai ser profundamente feliz… posso ver os olhos azuis dele… posso ver o mar… vocês vão se encontrar perto do mar”. Tinha acabado de me casar, então isso me deixou curiosa por algum tempo. Com o tempo, acabei esquecendo a visita. Cinco anos mais tarde, em 1964, conheci François Cevert em St.Tropez, na praia.

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Dois anos mais tarde, quando François decidiu tentar o ‘Shell Scholarship’ (competição cujo vencedor ganhava um patrocínio para a Fórmula 3), senti necessidade de voltar à casa da vidente para saber o que o destino havia reservado para nós dois. Quando cheguei, ela não disse uma palavra sobre ele. Apenas lhe entreguei uma fotografia. Ela permaneceu em silêncio por aproximadamente uma hora. E nada disse.

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‘Você já veio aqui antes’, disse, para logo a seguir afirmar: ‘Você já o encontrou! Que estranho, a foto dele está toda embaralhada nesta máquina estranha, tem rodas, mas não corpo, o que poderia ser?’

‘É um carro de corridas’, expliquei, disse. ‘ele quer ser piloto’.

‘Ele vai fazer um tipo de teste, e vencerá facilmente. Vejo uma brilhante carreira à sua frente…’Logo ela parou, olhou para mim e disse: ‘Você vai ser muito feliz, mas não vai conseguir segurá-lo, pois o sucesso dele irá se intrometer entre vocês dois’.

Outro silêncio prolongado, e ela continua:

‘Preciso lhe dizer uma última coisa… Este jovem não viverá para comemorar os seus 30 anos’.

Havia um calendário na parede. Até o dia da minha morte jamais esquecerei do dia em que lá fui: 29 de junho de 1966.

Quando mais tarde encontrei François, confesso que foi com um sorriso amarelo. Logo a seguir contei: ‘Fui a uma vidente. Ela disse que você vai vencer o Shell Scholarship’. Isso lhe deu segurança. Ele estava ansioso, pois só então decidimos fazer a inscrição na escola de pilotagem em Magny-Cours, e ele já tinha mais que certeza que estava preparado para o teste.

Depois, afirmei-lhe o seguinte:

‘Ela também disse que sua carreira seria brilhante, mas que acabará por nos separar’.

‘Separar-nos? Essa sua vidente é louca. Seja como for, esse tipo de coisa não passam de conversa fiada. Vou vê-la pessoalmente e aposto como vai prever para mim um futuro completamente diferente do seu’.

Cerca de dois meses mais tarde, ele foi vê-la. Quando voltou, perguntou: ‘Você ligou para ela, né?’

‘Ligar para ela para quê?’, respondi.

‘É que o que ela previu para mim exatamente aquilo que você me disse’, afirmou.

De repente fiquei com medo. ‘Isso não significa nada, ela provavelmente te reconheceu. Eu mostrei uma foto sua…’

– ‘Ela também te disse que eu não chegaria aos 30 anos?’

– “François, isso é bobagem! Essas velhinhas falam pelos cotovelos, como pode alguém prever o futuro?’

– ‘Então ela disse isso para você também…’

E então François olhou para mim e sorriu: ‘Que importa? Até lá, já terei sido campeão do mundo. Desaparecer no auge da fama… que morte gloriosa!’. Ele me abraçou e me beijou”.

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O resto da história todos conhecem: chegou à Formula 1 em 1970, após a retirada surpreendente de Johnny Servoz-Gavin. François Cevert correu na Tyrrell durante as três temporadas seguintes, onde venceu por uma vez, no GP dos Estados Unidos de 1971. Em 6 de Outubro de 1973, durante os treinos para o GP dos EUA, o carro de Cevert bateu contra um guard-rail, matando o francês instantaneamente. Era o último GP que faria antes de comemorar o seu 30º aniversário.

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Algum tempo após a morte de Cevert, Nanou decidiu -após algumas conversas com a família do piloto- visitar mais uma vez a vidente, nessa altura já uma mulher idosa. Novamente, entregou a foto dele, desta vez de quando era criança, para que ela não pudesse reconhecê-lo. A vidente olhou para a foto, fechou os olhos e mergulhou em profundo silêncio. Quando abriu os olhos, olhou para Nanou e disse: “Ele não está mais aqui com a gente. Ele está morto…”.

AS ÚLTIMAS IMAGENS DE CÉVERT

Estas são as últimas fotos do piloto, momentos antes de ir para a pista pela última vez.

A PASTA

Após o acidente, a equipe Tyrrell recolheu nos boxes os pertences do piloto e os entregou à Jean Pierre Beltoise, seu cunhado, casado com Jacqueline Cévert. Entre eles sua pasta, com documentos e itens pessoais, que ela guarda com muito carinho até hoje.


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