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ACELERAMOS A NOVA FORD RANGER

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Demorou, mas finalmente a Ford apresentou a nova pickup Ranger. Isso depois que as argentinas Toyota Hilux e VW Amarok, e a naciona Chevrolet S10 reformularam seus modelos ou apresentaram novidades em seus produtos. Finalmente veio a esperada segunda geração da Ranger, que substitui a veterana, à venda no Brasil desde 1994 com apenas pequenas reestilizações nesses 18 anos.

Essa demora pode ter sido uma estratégia da montadora, que pode assim pegar referências de seus concorrentes e apresentar algo a mais e dentro de uma faixa de preços competitiva. Assim, oferece um produto atual, que consumiu investimento de US$ 1,1 bilhão, projetado dentro do conceito globalizado. Será vendida em cerca de 180 mercados e fabricada na Argentina para atender os países da América Latina, enquanto a Tailândia vai suprir os países da Ásia ePacífico, e a África do Sul vai fornecer para África e Europa. É fácil notar que se trata de uma pickup absolutamente nova, e não uma simples evolução da Ranger conhecida.

O primeiro contato –visual- com a nova pickup Ranger é bem positivo. Suas linhas são fortes e atuais, mas sem maiores atrevimentos estilísticos. Lembrando da Ranger anterior, percebemos uma enorme distância em termos de estilo; a nova tem linhas mais arredondadas, o vidro dianteiro é bem inclinado e tudo na carrocería é mais equilibrado. Os pára-choques continuam com a fórmula de pintado na frente e cromado atrás, o que é normal em pickups.

COMO ANDA

O breve test drive realizado em Salta, na Argentina, ao pés dos Andes, quase foi um fiasco por conta da desorganização dos nossos vizinhos. Para avaliação, apenas as versões Limited com motor a diesel e transmissões automática e manual. Aliás, as manuais eram maioria, apesar de não serem disponíveis para o mercado brasileiro. O percurso incluiu trechos urbanos, percursos de estrada e um off road bem leve, decepcionante para o que a Ranger promete e oferece. O nível de ruído é baixo, como num automóvel de qualidade, mesmo estando ao comando de um motor diesel e de pneus Scorpion todo-terreno.  Um destaque desse motor diesel é a entrega suave do torque e potência, apesar de que os 200 cv prometidos nao pareciam ter comparecido; a eletrônica “doma” tudo…

No uso fora-de-estrada, a avaliação permitida foi muito abaixo do que a pickup realmente permite. Foi possível usar o 4×4 e a reduzida diversas vezes, e os sistemas eletrônicos funcionaram sempre de maneira correta. O controle de balanço de reboque, por exemplo, identifica oscilações e freia as rodas em separado até requilibrar a pickup. Os assistentes de subida mantém a Ranger parada por dois segundos quando o motorista solta o freio. Em declives, você pode deixar o câmbio em ponto-morto e controlar a velocidade pelos botões do sistema de som no volante, acelerando e reduzindo. A “aventura” criada pelos argentinos incluia muita pedra no caminho, subidas e descidas e a travessia de um riozinho, sendo que -segundo a engenharia da Ford- é possível cortar um rio de até 80 centímetros de profundidade sem dificuldades.

CRESCEU

Em termos de tamanho, as dimensões externas são iguais nos modelos de cabine simples e cabine dupla, fora a altura. É claro que a cabine simples oferece mais espaço na caçamba. Comparando com a Ranger “velha”, o comprimento aumentou em 20 cm, a largura em 5,5 cm, a altura em 8,5 cm e a distância entre eixos em quase 3 cm.  A caçamba passou a ter 1.180 litros de capacidade na cabine dupla (contra os 844 litros da anterior) e 1.800 litros na cabine simples (antes era 1.455 litros). A capacidade de carga nas versões a diesel é de 1.219 kg na cabine simples e de 1.092 kg na dupla. Com motor flex, é de 1.457 kg na simples e de 1.341 kg na versão na dupla. O tanque de combustível é de 80 litros.

A nova Ranger está sendo oferecida em quatro versões (XL, XLST, XLT e Limited) e tem grande variação de preços. Com motor a 3.2 diesel de cinco cilindros, a XLS cabine simples e tração 4×4 custa R$ 97.900, e com cabine dupla passa para R$ 106.900. A XLT 4×4, só tem cabine dupla e custa R$ 114.900 com câmbio manual e R$ 120.400 com automático. A top de linha é a Limited, que tem cabine dupla, 4×4 e câmbio automático, saindo por R$ 130.900.

Depois de muita espera, a Ranger passa a ter motor flex, neste caso 2.5 de quatro cilindros, sendo que a XLS cabine simples custa R$ 61.900; a XLS cabine dupla, R$ 67.600; XLT, R$ 75.500, e a Limited, R$ 87.500, esta última só com cabine dupla. O sistema de tração 4×4 não é disponível nos flex, mas a Ford criou a XL 4×4, destinada apenas a frotistas (mas que pode ser comprada por particulares), que custa R$ 77.900 a cabine simples e R$ 92.500 a dupla. As diferenças de conteúdo entre as versões são grandes, e incluem rodas de alumínio aro 16 na XLS e aro17 nas XLT e Limited, e ainda o “santantônio”, tubular na XLT e integrado na Limited.

POR DENTRO

Se por fora tudo é novidade, por dentro a história se repete, e a Ranger até lembra um automóvel de luxo. O painel em nada remete ao anterior, e agora tem iluminação em azul e belo grupo de instrumentos. As regulagens do banco do motorista são elétricas na Limited, com revestimento de couro, descança-braço para os passageiros de trás, 23 porta-objetos e porta-copos espalhados pelo interior da confortável cabine dupla, sem contar os controles de som no volante, condicionador de ar bi-zone e compartimento refrigerado no console.

O som  inclui interface para Bluetooth, e conexões para Ipod e USB. Na Limited, a tela de LCD junto ao painel, na área central, é de 5 polegadas, mas já poderia ter sido pensada em 7 polegadas, e traz incorporado o GPS . NAs outras versões, a tela é ainda menor, de 4,2 polegadas. Existe câmera de ré na Limited (embutida no logo Ford traseiro, bem discreta e protegida), e as imagens são transmitidas para o espelho retrovisor interno (fotocrômico) e não para a telinha.

 

MOTORES NOVOS

A Ranger anterior usava motor diesel da International, mas a nova pickup tem motores feitos pela própria Ford. O mais sofisticado é o Duratorq de cinco cilindros em linha, produzido em Pacheco, na Argentina.  Tem recursos como injeção eletrônica de alta pressão, 20 válvulas e turbocompressor de geometria variável. Este motor tem 200 cv de potência máxima, a maior do segmento, e torque máximo de 48 mkgf, que empata com a S10. Outro diesel é o 2.2 de quatro cilindros turbo, com 125 cv e 32 mkgf.

Finalmente a Ford lançou a Ranger flex, que é equipada com o motor Duratec 2.5 16 válvulas, praticamente o mesmo do Fusion, com torque de 24 mkgf (gasolina) e 24,7 mkgf (etanol), e potência de 168 cv e 173 cv. O acesso ao reservatorio de gasolina para partida a frio é feito pela falsa saida de ar no pára-lama dianteiro esquerdo.

Transmissão automática nas Ranger diesel só era encontrada nas importadas por particulares. Agora, pela primeira vez, a pickup tem motor diesel e caixa automática, de seis marchas e bem atual, com recursos como gerenciamento eletrônico, que permite trocas sequenciais, ou soluções como um modo mais esportivo, que mantém o motor em rotações mais altas, que é acionado quando a alavanca é puxada para a esquerda, ou ainda detectar uma descida e reduzir a marcha caso o motorista acione o freio.

A caixa manual para os motores diesel também é de seis marchas, e as versões flex tem câmbio de cinco velocidades. Nos dois casos existe um indicador no painel que informa o momento ideal para a troca de marcha. Já o sistema de tração 4×4 é acionado por um botão no painel. O controle eletrônico de estabilidade das duas versões top de linha tem oito funções, que são controle de tração, controle adaptativo de carga, controle de estabilidade que monitora a inclinação da carrocería, controle automático de velocidade em descidas, assistência para partida em rampa, controle de balanço de reboque, acionamento do pisca-alerta em caso de frenagem de emergencia e assistência em frenagem de emergência.

O novo chassi tem maior resistência à torção, e as suspensões também  foram refeitas. A dianteira tem braços sobrepostos, e as barras de torção longitudinais foram trocadas por molas helicoidais, que garantem maior conforto e favorecem um rodar mais suave. Na traseira permanece o eixo rígido com feixes de molas.  

DE SÉRIE

A Limited vem de série com airbags laterais, frontais e de cortinas, GPS com tela de 5 polegadas, câmera traseira, faróis e limpador de para-brisa com acionamento automático, revestimento interno em couro, banco do motorista com ajuste elétrico, compartimento refrigerado no console, “santoantonio” integrado e bagageiro no teto.

Abaixo dela vem a XLS, com rodas de alumínio aro 16, vidros/espelhjos/travas eléttricas, rádio com CD Player e MP3, apoio de braço no banco traseiro e pára-choque dianteiro na cor do veículo. Na versão a diesel de cabine dupla, airbags frontais e faróis de neblina. Com cabine simples, existe o pacote de equipamentos Top, com airbags, rádio CD Player com MP3 e Bluetooth, faróis de neblina e cruise control.

A Ranger XLT tem airbags frontais, controle eletrônico de estabilidade, rodas de alumínio aro 17, ar-condicionado automático bi-zone zona, sistema de som com Bluetooth, sensor de estacionamento traseiro, cruise control, abertura e fechamento de vidros com controle remoto, comandos de som no volante, bancos com regulagem de altura e lombar, estribos e itens externos cromados.

Por fim a XL para frotistas, que vem de série com tração 4×4 com diferencial traseiro autoblocante, direção hidráulica, ar-condicionado, abertura e fechamento das portas com controle remoto, ABS nas quatro rodas e distribuição eletrônica de frenagem entre os eixos (EBD), alarme, computador de bordo, volante com regulagem de altura, abertura interna do tanque de combustível e rodas aro 16 polegadas. Vidros e espelhos têm acionamento manual e para-choques, e as maçanetas e retrovisores externos são pintados de preto.

Embora não tenha divulgado sua expectativa de vendas, como de hábito, a Ford quer disputar mercado com os líderes do segmento. Por isso o trabalho maior nos modelos de cabine dupla, pois hoje só 8% das vendas de pikups são de cabine simples, enquanto 35% do mercado está nas regiões Norte e no Centro-Oeste, onde o que manda é o agronegócio. Em todo caso, foi uma boa solução da Ford se livrar do rótulo de “pickup mais velha do segmento”. A mudança foi em grande estilo.

 – Leia mais em AUTO&TÉCNICA.


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