Alemanha: quando a Mercedes foi dona da Audi…
Hoje em dia rivais ferrenhos no mercado de automóveis premium, a verdade é que a Daimler, proprietária da Mercedes-Benz, já teve também a Audi sob sua tutela. Tendo, inclusivamente, participado da criação do primeiro veículo de passageiros da Audi após a Segunda Grande Guerra.
Tudo isso aconteceu há cerca de 60 anos, no final da década de 1950, quando as duas empresas eram conhecidas por nomes bem diferentes: a Daimler se chamava Daimler-Benz, e a Audi ainda estava integrada na Auto Union.
Depois de quatro exaustivas reuniões, foi no dia 1o. de abril de 1958 que, tanto os executivos da Daimler quanto os da Audi chegaram ao acordo para a consumação do negócio. A Daimler adquiriu 88% das ações da Auto Union.
Apenas duas semanas depois, em 14 de abril de 1958, aconteceu a primeira reunião do ampliado Conselho de Administração, responsável pela gestão, tanto da Daimler-Benz, como da Auto Union. Entre outros temas, foi então definida a direção técnica que cada uma das companhias deveria tomar.
Pouco mais de um ano depois, em 21 de dezembro de 1959, o mesmo Conselho de Administração decidia adquirir o restante das ações da Audi, tornando-se assim a única e total proprietária da Audi, que havia nascido em 1932, da união das marcas Audi, DKW, Horch e Wanderer.
Fruto deste esforço, Kraus e a sua equipe acabaram participando da origem do desenvolvimento de um novo motor de quatro cilindros (o M 118), que seria apresentado no Auto Union Audi Premiere, com o código interno F103. Foi o primeiro veículo de passageiros com motor de quatro tempos lançado pela Auto Union após o fim da Segunda Guerra Mundial, assim como o primeiro modelo pós-Guerra a ser comercializado com o nome Audi.
Personagem fundamental naquilo que seria, a partir de 1965, o programa de novos veículos da Audi, encarregados de progressivamente substituírem os modelos DKW de três cilindros e dois tempos, foi também o responsável por modelos históricos como o Audi 60/Super 90, o Audi 100, o Audi 80 ou Audi 50 (o futuro Volkswagen Polo). Ludwig Kraus não mais regressou à Daimler-Benz. Continuou na Audi, como diretor de Desenvolvimento de Novos Veículos, mesmo depois da compra desta, pelo grupo Volkswagen , negócio que aconteceu em 1o. de janeiro de 1965.
A transação aconteceu por uma simples razão: a Daimler não conseguia ganhar dinheiro com a Auto Union. Isso apesar do grande investimento numa nova fábrica em Ingolstadt, assim como num modelo 100% novo, que deixou os antiquados DKW com motores de dois tempos definitivamente no passado.
De resto, já sob o comando da então Volkswagenwerk GmbH que aconteceu, em 1969, veio a fusão entre a Auto Union e a NSU Motorenwerke, dando origem à Audi NSU Auto Union AG. Que, finalmente, em 1985, tornou-se a Audi AG.