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Alemanha: quando a Mercedes foi dona da Audi…

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Hoje em dia rivais ferrenhos no mercado de automóveis premium, a verdade é que a Daimler, proprietária da Mercedes-Benz, já teve também a Audi sob sua tutela. Tendo, inclusivamente, participado da criação do primeiro veículo de passageiros da Audi após a Segunda Grande Guerra.

Tudo isso aconteceu há cerca de 60 anos, no final da década de 1950, quando as duas empresas eram conhecidas por nomes bem diferentes: a Daimler se chamava Daimler-Benz, e a Audi ainda estava integrada na Auto Union.

Depois de quatro exaustivas reuniões, foi no dia 1o. de abril de 1958 que, tanto os executivos da Daimler quanto os da Audi chegaram ao acordo para a consumação do negócio. A Daimler adquiriu 88% das ações da Auto Union.

Liderando este processo de aquisição estava Friedrich Flick (acima), poderoso industrial alemão que chegou a ser julgado, após o final da Segunda Guerra Mundial, em Nuremberg, por colaboração com o regime nazista, tendo cumprido sete anos de prisão. Detendo na época cerca de 40% de ambas empresas, acabou tendo papel preponderante na fusão. O empresário defendia que a união permitiria criar sinergias e reduzir custos em áreas como o desenvolvimento e produção. Mais ou menos como acontece hoje.
 
Friedrich Flick Nuremberga 1947
Personagem fundamental na compra da Auto Union pela Daimler-Benz, Friedrich Flick (ao centro) foi julgado pelas ligações com o regime nazista.

Apenas duas semanas depois, em 14 de abril de 1958, aconteceu a primeira reunião do ampliado Conselho de Administração, responsável pela gestão, tanto da Daimler-Benz, como da Auto Union. Entre outros temas, foi então definida a direção técnica que cada uma das companhias deveria tomar.

Ludwig Kraus (esquerda), enviado da Mercedes para ser o chefão da Audi nos anos 1960 e 1970. Aqui aparece trabalhando no Audi Coupe S.

 

Com a compra consumada, a Daimler-Benz decidiu então enviar Ludwig Kraus, responsável pelo desenho de seus carros, para a Auto Union. O objetivo era acelerar os processos de desenvolvimento na fábrica da Audi e, ao mesmo tempo, contribuir no sentido de facilitar o desenvolvimento conjunto de novos modelos, em termos de engenharia.
 
Ludwig Kraus Audi
Ludwig Kraus foi da Daimler-Benz para a Auto Union com a missão de revolucionar a marca dos quatro anéis

Fruto deste esforço, Kraus e a sua equipe acabaram participando da origem do desenvolvimento de um novo motor de quatro cilindros (o M 118), que seria apresentado no Auto Union Audi Premiere, com o código interno F103. Foi o primeiro veículo de passageiros com motor de quatro tempos lançado pela Auto Union após o fim da Segunda Guerra Mundial, assim como o primeiro modelo pós-Guerra a ser comercializado com o nome Audi.

Personagem fundamental naquilo que seria, a partir de 1965, o programa de novos veículos da Audi, encarregados de progressivamente substituírem os modelos DKW de três cilindros e dois tempos, foi também o responsável por modelos históricos como o Audi 60/Super 90, o Audi 100, o Audi 80 ou Audi 50 (o futuro Volkswagen Polo). Ludwig Kraus não mais regressou à Daimler-Benz. Continuou na Audi, como diretor de Desenvolvimento de Novos Veículos, mesmo depois da compra desta, pelo grupo Volkswagen , negócio que aconteceu em 1o. de janeiro de 1965.

Audi 60 1970
O Audi 60 de 1970, aqui numa foto de publicidade da época. Foi um dos primeiros modelos criados por Ludwig Kraus

A transação aconteceu por uma simples razão: a Daimler não conseguia ganhar dinheiro com a Auto Union. Isso  apesar do grande investimento numa nova fábrica em Ingolstadt, assim como num modelo 100% novo, que deixou os antiquados DKW com motores de dois tempos definitivamente no passado.

De resto, já sob o comando da então Volkswagenwerk GmbH que aconteceu, em 1969, veio a fusão entre a Auto Union e a NSU Motorenwerke, dando origem à Audi NSU Auto Union AG. Que, finalmente, em 1985, tornou-se a Audi AG.


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