Carlos Tavares, ex-chefão da Stellantis, o inimigo no.1 dos V8
- Carlos Tavares, que liderou a Stellantis desde sua formação em 2021, deixou a empresa há poucos dias
- Segundo fontes, Tavares estava muito focalizado em cortar custos e tornar a empresa “verde”
- Esse foco teria levado ao abandono dos motores Hemi V8 e modelos populares sem que seus substitutos estivessem prontos
Com as vendas globais da Stellantis despencando 17% nos primeiros nove meses deste ano de 2024, o preço das ações caindo mais que o dobro disso no mesmo período e nenhuma recuperação rápida à vista, não foi nenhuma grande surpresa quando o CEO da empresa, Carlos Tavares, pediu demissão no início deste mês de dezembro .
da Redação, com M.A. e CNBC

A Stellantis anunciou em 1º de dezembro que Tavares havia renunciado devido a “visões diferentes” com o conselho de administração da empresa. Esta declaração veio apenas dois meses após a Stellantis indicar que Tavares permaneceria como chefão até 2026, quando seu contrato expiraria.
Citando várias fontes anônimas, a CNBC detalhou algumas das tensões na Stellantis que levaram à saída de Tavares. De acordo com as fontes consultadas, Tavares não deu ouvidos ao feedback dos executivos da empresa nos Estados Unidos, que representa o mercado mais lucrativo da Stellantis e o mais afetado pela queda das vendas. Em vez disso, ele teria priorizado apenas corte de custos enquanto pressionava a todo sistema para aumentar as margens, o que afastou fornecedores, trabalhadores das fábricas e revendedores e, por fim, afastou clientes.
Marcas Stellantis
As fontes também alegaram que o foco de Tavares em veículos elétricos veio às custas de modelos movidos a gasolina mais acessíveis e de margem mais baixa e da venerada linha Hemi de motores V8. Isso levou à descontinuação precipitada de modelos populares, como o Jeep Cherokee e o Dodge Challenger e Charger sem substitutos prontas, bem como à eliminação gradual dos motores Hemi da maioria das linhas de produtos.
“Todo mundo queria manter o Hemi”, disse uma fonte, acrescentando que Tavares permaneceu inflexível sobre a eliminação dos motores. Atualmente, os únicos veículos leves da Stellantis que oferecem motores V8 são o Dodge Durango e o Jeep Wrangler.
Com Tavares fora, a Stellantis está trabalhando para estabilizar suas operações. A empresa anunciou esta semana a recontratação de Tim Kuniskis , que se aposentou em maio. Kuniskis, conhecido por liderar a linha Hellcat de motores V8 de alto desempenho , anteriormente liderou a Dodge e a Ram e foi trazido de volta para liderar a Ram.

A Stellantis também está buscando um sucessor permanente para Tavares (que receberia de salário este ano a quantia aproximada de R$ 229 milhões), processo que a empresa espera concluir até o primeiro semestre de 2025. Enquanto isso, a Stellantis será administrada por uma equipe executiva interina liderada pelo presidente John Elkann, membro da família Agnelli, cuja holding Exor detém cerca de 14,4% da Stellantis.