Classic Cars

Clássico: o inigualável Lancia Stratos HF

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O Lancia Stratos HF, conhecido apenas como Lancia Stratos, foi uma das maiores criações da marca italiana. O HF significa High Fidelity. Foi um carro de rali que fez muito sucesso, ganhando os Campeonatos Mundiais em 1974, 1975 e 1976. E ainda por cima tinha uma beleza incrível, difícil de ser igualada.

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A Bertone foi a empresa responsável pelo projeto, e o primeiro protótipo do Stratos chamava-se Lancia Stratos Zero e foi mostrado ao público em 1970. Apenas compartilhava o nome e o motor em posição central com a versão definitiva Stratos HF.

A Lancia apresentou o protótipo do Lancia Stratos HF no Salão de Turim em 1971, um ano após a primeira aparição do Stratos Zero. O protótipo Stratos HF (chassis número 1240) foi apresentado com cor vermelha fluorescente e incluía pára-brisa em forma de viseira (como a de um capacete) para permitir uma excelente visibilidade para a frente do automóvel; para trás a visibilidade era quase nenhuma. O protótipo usou três motores diferentes na fase inicial de testes: o do Lancia Fulvia, o do Lancia Beta e, finalmente, com o apresentação definitiva em 1971, o motor central V6 de Ferrari Dino, com 192 cv de potência.

Como falamos antes, o Stratos foi na sua época um carro de rali de grande sucesso, durante os anos de 1970 e início de 1980. A partir daí estava dada a largada para uma revolução no mundo dos ralis, nascendo assim uma nova era. O Stratos foi o primeiro automóvel, desenhado especificamente para este tipo de competição. Os três principais responsáveis pelo projeto de competição foram: Cesare Fiorio, executivo da Lancia; Mike Parkes, piloto e engenheiro britânico e Sandro Munari, piloto de rali da Lancia.

A Lancia fez inúmeros testes com o Stratos, ondo o carro competiu em vários eventos para avaliação, período onde o Grupo 5 de rali (para protótipos) foi permitido durante as temporadas de 1972 e 1973. A produção necessária para homologação para o Campeonato do Mundo de Ralis em 1973 no Grupo 4 era de 500 veículos, e em 1974 os Stratos foram homologados.

O motor Ferrari Dino V6 foi desativado em 1974, mas 500 motores que tinham sido construídos anteriormente foram entregues à Lancia. A produção terminou em 1975, quando se pensava que apenas 492 carros tinham sido feitos. O fabricante do automóvel era a Bertone em Turim, com a montagem final feita pela Lancia na fábrica de Chivasso.

Equipado com o 2.4V6 Dino, que também foi montado para as versões de rali, mas com menos potência, ainda assim a sua potência era boa, de 190 cv, permitindo ao Stratos de rua aceleração de zero a 100km/h em menos de cinco segundos e velocidade máxima de 232 km / h. O carro foi vendido como Lancia Stratos Stradale.

Para as corridas, o motor foi afinado para produzir entre de 280 cavalos até exagerados 560, com o uso de um turbocompressor KKK. No entanto, as versões turbo só foram autorizadas a competir no Grupo 5 e nunca foram tão confiáveis quanto seus “irmãos” aspirados.

O Stratos ganhou os títulos de campeão mundial em 1974, 1975 e 1976, pelas mãos de Sandro Munari e Waldegard Björn, e poderia ter ganho mais, não fosse a política interna do grupo Fiat que preferiu favorecer os seus 131 Fiat Abarth. O Stratos também conseguiu vitórias no rali de Monte Carlo em 1975, 1976 e 1977, com a pilotagem sempre a cargo de Munari. Em termos de conquistas, destaque também para a vitória na prova com a equipa privada Chardonnet em 1979.

Sem o apoio da Fiat, e apesar de novos regulamentos que limitavam a potência do motor, o carro continuou sendo um sério concorrente e provou ser capaz de ganhar dos carros das equipes de fábrica em várias ocasiões. Apenas necessitavam de um piloto e uma equipa particular experiente para serem competitivos. O capítulo final da carreira do Stratos em corridas em nível internacional deu-se em 1981, na Tour de Corse Automobile, que fazia parte do Campeonato Mundial de Ralis. E terminou da melhor maneira, com uma vitória do piloto da casa, Bernard Darniche.

Quando o grupo Fiat resolveu favorecer em definitivo o 131 ainda houve oportunidade para se unir com a Lancia e construir dois carro Grupo 5 turbo, com o visual do Stratos, para corridas de endurance. Estes carros não conseguiram bater os Porsche 935 nessas provas, mas tiveram sucesso em alguns outros eventos.

Apesar de falharem no Tour de France Automobile, um destes carros ganhou o Giro d’Italia Automobilistico em 1976. Infelizmente um dos carros foi destruído em Zeltweg, quando pegou fogo devido a problemas de superaquecimento. O último Stratos sobrevivente ganhou a prova Giro d’Italia novamente antes de ser enviado para o Japão para competir na Fórmula Silhouette, na pista de Fuji Speedway, onde nunca tinha corrido antes.

O carro depois disso foi vendido e permaneceu na Coleção Matsuda antes de ser novamente vendido mas desta vez para o colecionador conhecido. Era Christian Hrabalek, designer de automóveis e fundador da Fenomenon Ltd, que tem a maior colecção de Lancia Stratos do mundo. Nessa colecção fazem parte 11 Lancia Stratos, incluindo o protótipo de fábrica de cor vermelha fluorescente de 1971, e o Stratos de 1977 que participou no Rali Safari. O seu grande interesse no Stratos levou-o ao desenvolvimento do Stratos Fenomenon em 2005.

Outro automóvel exclusivo do Grupo 5 foi o Lancia Stratos HF do piloto austríaco de ralicross, Andy Bentza. O carro foi piulotado pela primeira vez pelo colega de equipe e seu companheiro Franz Wurz, pai do ex-piloto de Fórmula 1 Alexander Wurz. Em 1976, Wurz conquistou o primeiro título europeu de ralicross reconhecido pela FIA com o carro, que nessa fase estava equipado com um motor 2.4. Para o campeonato ERC de 1977, Wurz teve a possibilidade de usar no carro dois virabrequins de competição diferentes, de autoria de Mike Parkes, que permitiu entre outras alterações mecânicas, subir a cilindrada do motor até perto dos 3.0 litros.

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Em 1978, Bentza assumiu o volante do Stratos que tinha sido até então de Wurz. Vendeu o motor 2.4 para Reneé Vontsina, e ganhou o título da Divisão GT da ERC. O primeiro e único Stratos com motor 3.0 litros foi pilotado por Bentza até meados dos anos 1980. No entanto, um dos motores experimentais que recebeu da Lancia ficou destruído durante uma corrida de ralicross no início de 1980.

QUASE DE VOLTA

Duas décadas mais tarde surgiu a possibilidade de um possível renascimento do Stratos. Uma vez que o projeto Fenomenon se encontrava parado, um patrocinador interessado foi convencido a financiar um modelo único. Encomendado por Michael Stoschek (piloto de rali e presidente do Grupo Brose) e o seu filho, Maximilian, o Novo Stratos foi anunciado em 2010 tendo por base na sua concepção o conceito do Stratos original. Foi projetado e desenvolvido pela Pininfarina.

O concept Fenomenon Stratos.
O concept Fenomenon Stratos.

O carro teve uma Ferrari F430 Scuderia como doadora, utilizando o chassis (reduzido em 200 mm, resultando em distância entre-eixos de 2.400 mm), e grande parte dos componentes mecânicos, incluindo o motor 4.3V8. Preparado, passou dos 510 cv de potência originais para cerca de 540 a 8200 rpm, com torque máximo era de 52 mkgf a 3750 rpm.

O novo Stratos pesava 1.247 kg e conseguia atingir os 100 km/h em 3,3 segundos, com velocidade máxima próxima dos 320 km / h. Embora menor em tamanho que o seu carro doador, o novo Stratos ainda assim era um pouco maior que o Stratos original, com comprimento de 4,181 mm, 1,971 mm de largura e 1,240 mm de altura.

A Ferrari, que faz parte do império empresarial Fiat, bloqueou desde o início a possibilidade de construção do carro por várias razões, inclusive porque poderiam ameaçar a marca de Maranello. Condenado a ser apenas um esboço no papel e simplesmente uma unidade montada, o esportivo tinha excelente potencial, mas apenas continuará sendo ser parte do imaginário dos petrol. heads.


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