Conceito Bertone Genesis 1988, a minivan Lamborghini
Compartilhe esta página:
Se você precisasse transportar a família com muita pressa, o protótipo Genesis com motor Lamborghini era a solução ideal
Embora os veículos multifuncionais ou MPVs (Multi Purpose Vehicles) também conhecidos como minivans, só tenham conquistado bom espaço no mercado para valer no final do século passado, o estúdio italiano Bertone teve a brilhante ideia de criar um veículo diferenciado para transporte de pessoas um pouco antes, ainda no fim dos anos 1980. E equipado um motor de Lamborghini Countach Quattrovalvole, acoplado a uma transmissão automática TorqueFlite da Chrysler de três velocidades , que enviava potência para as rodas traseiras.
por Ricardo Caruso
E por que não, já que carros-conceito são invariavelmente impraticáveis e, por consequência, fadados ao triste esquecimento assim que um Salão do Automóvel termina? Nesse caso, o problema era maior, pois se um MPV se resume à praticidade, a obra da Bertone não tinha muito a oferecer nesse quesito. Foi batizada de Genesis e apresentada no Salão de Turim de 1988, como uma invenção que tentava transformar uma minivan em mercadoria atraente.

O Genesis certamente chamava a atenção com seu estilo monovolume, carroceria baixa e larga, pintura vermelha e enorme quantidades de vidro. Mas talvez o aspecto mais impressionante fosse o par de portas em formato de “asas de besouro” (e não de “gaivota”…), articuladas no centro do para-brisa, cada porta contendo metade do vidro dianteiro. Com perfil de cunha acentuado na dianteira, o Genesis era uma espécie de divisor de águas no segmento.

Embora a Bertone não quisesse se aprofundar no tipo de carro que o Genesis era, a maioria dos jornalistas e público o apelidou de monovolume. O problema era que, naquela época, um monovolume decente oferecia até sete lugares, e o Genesis acomodava apenas cinco. Isso significava que não era necessariamente mais útil do que uma wagon de tamanho razoável, mas quantas delas poderiam se gabar de ter um motor 5.2V12 de Lamborghini com 455 cv?

Com comprimento total de 4,35 metros, o Genesis era razoavelmente compacto mas, graças à largura de 1,95 m, tinha uma circunferência generosa. Pelo menos não era alto demais, com apenas 1,52 m de altura; afinal, foi pensado para ser um monovolume esportivo.

Ao entrar no Genesis, você se deparava com assentos reclináveis, mas ainda posicionados bastante altos, permitindo que você olhasse para baixo e visse o que acontecia ao redor. Com dois bancos individuais na frente e mais três atrás (sendo um central), havia espaço de sobra para cinco pessoas. O banco do passageiro dianteiro também girava 180 graus, ficando de frente para os bancos traseiros, e graças à largura generosa, havia bastante espaço interno.

Curiosamente, os bancos dianteiros foram colocados mais ou menos acima do motor, o que teria causado todo tipo de problema de manutenção. No entanto, Nuccio Bertone tinha uma resposta para isso: “Estou convencido de que –em um futuro próximo– a confiabilidade mecânica será tão boa que não precisaremos mais acessar o compartimento do motor com facilidade. Um carro será como uma geladeira; funcionará por anos e anos sem precisar de manutenção”. Difícil imaginar um motor V12 de Lamborghini dos anos 1980 sem precisar de manutenção por dezenas e dezenas de milhares de quilômetros. Pareceu otimista demais…

Para entrar, havia aquelas enormes portas para os passageiros do banco dianteiro e portas deslizantes convencionais nas laterais traseiras para os passageiros do banco de trás. Para acessar o porta-malas, havia uma tampa traseira toda de vidro, abaixo da qual havia um enorme para-choque na cor da carroceria, sem nenhum detalhe exagerado. Na verdade, não havia muito o que criar de diferente num “caixote”, tirando suas proporções largas e jeitão atarracado.

O Genesis podia até ter um motor 5.2V12 de 455 cv, mas pelo visual corria o risco de até ser um carro elétrico. Era um carro de exposição, até funcional, mas sem nenhum grande ajuste na parte mecânica. Não só o conceito pesava quase duas toneladas, como as relações de marcha eram completamente inadequadas para o veículo, sendo longas demais para proporcionar uma aceleração forte o suficiente para fazer a potência disponível fluir. Com uma caixa de câmbio automática de três marchas vinda dos Dodge americanos, a transmissão dificilmente era o que se poderia chamar de esportiva, o que contrariava o objetivo deste MPV “esportivo”.

Como se a falta de desempenho não fosse uma decepção suficiente, o chassi nunca foi ajustado corretamente, então nada funcionou como deveria. Os freios eram bem calibrados, mas a suspensão era completamente inadequada para a distribuição de massa e peso do carro. O resultado era um veículo que balançava muito pelas ruas, incomodado pela menor imperfeição no asfalto.

É claro que a dinâmica decepcionante poderia ter sido resolvida com um desenvolvimento adequado, mas o Genesis nunca foi pensado para ser um carro de rua totalmente pronto. Afinal, ele pode ter tido uma ótima aparência e expandido os limites do desenho das minivans, mas para qualquer marca lucrar com um monovolume com motor V12 sempre seria uma tarefa árdua.
