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Crise e fusão Honda x Nissan x Mitsubishi: o que se sabe até agora?

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A indústria automotiva tradicional e acomodada, tal como conhecemos, agora está num ponto crucial, ou seja, em profunda crise, marcada pela crescente procura pelos veículos elétricos (EV) e a intensa concorrência global impulsionada pela China. A Alemanha, por exemplo, já sentiu o baque. Dentro deste cenário, dois gigantes japoneses, Honda e Nissan, iniciaram conversações sobre uma possível fusão. “Gigantes” em outros mercados, claro, pois no Brasil a primeira se apequenou e a segunda nunca disse a que veio.

por Marcos Cesar Silva

Este movimento de união de forças é de grande importância no segmento, vital. Juntas, a Honda e a Nissan venderam quase 4 milhões de veículos no primeiro semestre de 2024, número pouco inferior aos 5,2 milhões da Toyota. A união de ambas permitiria quase enfrentar a Toyota -sua principal concorrente no mercado japonês- e tentar resistir às pressões da BYD e da Tesla, que ganham a cada dia mais espaço no vital mercado da China.

De acordo com as informações disponíveis na imprensa japonesa, Honda e a Nissan planejam operar sob uma estrutura holding, onde uma empresa-mãe controlaria ambas as marcas. Espera-se que seja assinado em breve um acordo de entendimento para formalizar o início das negociações e estabelecer as bases para a criação da nova empresa.

A principal motivação por trás desta possível fusão é a necessidade urgente de competir de forma mais eficaz no mercado global, especialmente diante da crescente concorrência de empresas como a Tesla e fabricantes chineses de modelos elétricos. A eletrificação do setor automóvel exige investimentos pesados em pesquisa e desenvolvimento, bem como na adaptação das cadeias de produção. Desta forma, após dormirem no ponto, Honda e Nissan precisarão unir recursos e acelerar a sua transição para a mobilidade elétrica. Ou isso, ou fecham.

Um aspecto importante desta possível aliança é a inclusão da Mitsubishi Motors, na qual a Nissan já tem participação majoritária, o que poderia fortalecer ainda mais o possível grupo automotivo que resultar da fusão, expandido a linha de produtos, sua presença em diferentes mercados e nas suas capacidades de produção. Nissan, Honda e Mitsubishi operam no Brasil, de maneira eternamente sorumbática.

A potencial fusão entre as japonesas, se bem planejada, poderia teria um impacto significativo na indústria automotiva global: a criação de uma empresa gigante do setor, que poderia perturbar o equilíbrio de poder e levar a uma maior concorrência no mercado. Desde que tudo bem estudado e sem a apatia conservadora típica dos japoneses.

Por outro lado, este movimento estratégico poderá influenciar as futuras decisões de outras empresas do setor, promovendo novas alianças e consolidações. A indústria automotiva está em constante evolução e esta possível fusão é um exemplo claro da necessidade de adaptação e colaboração para enfrentar os desafios do futuro. Ou os chineses darão as cartas num futuro bem próximo.

Interessante é que, o que parecia ser uma aliança estratégica entre a Nissan e a Honda, está se tornando numa fusão impulsionada por um terceiro e inesperado parceiro: a Foxconn, gigante asiática de eletrônica, conhecida principalmente por fabricar os iPhone da Apple. Segundo a publicação “Asia Nikkei”, a fusão das duas marcas japonesas na verdade tem origem na ambição da Foxconn (maior exportador da China) de entrar no negócio de veículos elétricos. Há mais de um ano, demonstrou interesse na indústria automotiva, investindo em fábricas em todo o continente.

No entanto, a sua estratégia avançou ainda mais quando se tornou conhecida a sua intenção de adquirir uma parte do grupo Nissan: assim, a empresa de Taiwan atingiria o seu objetivo de entrar no setor automotivo, mas também posicionar-se como acionista de um novo grande grupo.

Para a Nissan, isto representou muito desconforto, embora a empresa passe por um período difícil, com baixas previsões de lucro, cortes de produção e demissões em massa, não seria a melhor ideia passar seu controle para o grupo de Taiwan. A estratégia da Foxconn despertou preocupações entre os gestores da Honda que, temendo uma possível aquisição do concorrente, a Honda acelerou as negociações com a Nissan para finalizar uma fusão, que assim afastaria o risco de aquisição pela empresa chinesa.

A Foxconn, cujo negócio principal é a produção por contrato, anunciou em 2019 a sua entrada no negócio de veículos elétricos: a sua estratégia de compra de ações da Nissan demonstrou sua intenção de se posicionar como um player importante nesse mercado.


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