Cuidado: depois do “couro sintético” e “couro ecológico”, vem aí o “couro vegano”…
Nos últimos anos, o ambientalismo, a ética com os animais, a economia de dinheiro ou a sustentabilidade fizeram com que os fabricantes de automóveis se adaptassem aos novos gostos e modas. Embora o couro no passado fosse um símbolo de status entre os equipamentos automotivos , hoje o que as pessoas tem à disposição um tal de “couro vegano”. Depois do “couro sintético” e do “couro ecológico”, esta é a nova forma de enganar ou confundir o consumidor. Afinal, couro é couro, e não tem sobrenomes; e como não existem vacas plásticas…
por Marcos Cesar Silva

As montadoras sempre buscam formas de economizar, mesmo que sejam centavos. Nos últimos tempos, passaram a poupar muito dinheiro ao substituir os revestimentos feitos de couro por um material sintético mais barato, e deram a ele nomes como “couro ecológico” ou “couro sintético”, entre outros. Na verdade, são apenas evoluções das velhas napas ou curvins… Para os desavisados, não há muita diferença e o visual é até convincente. Mas isso pode se tornar uma enorme dor de cabeça. O correto é usar a expressão “material sintético que imita couro”.
Essa prática é proibida no Brasil desde que entrou em vigor a lei no. 4855 de 1965 (a “Lei do Couro”), mas o Centro das Indústrias de Curtume do Brasil (CICB) está notificando não só as montadoras, mas também qualquer setor da indústria e comércio (roupas, calçados etc) que insistir nessa confusão. Quem insistir fica passível de notificação e multa. Até mesmo sites e publicações foram advertidos, o que na verdade é justo. Desde 2014, já são cerca de 20 mil estabelecimentos visitados e mais de 15 mil infrações encontradas e notificadas. Couro é couro, sintético é sintético.
Agora vem a conversa mole do “couro vegano”, que ganhou popularidade nos últimos anos como uma alternativa ética e sustentável ao couro de vertdade, animal. Este material faz parte de uma tendência mais ampla de consumo responsável, que busca reduzir o impacto ambiental e evitar o sofrimento dos animais. Tudo isso é muito bom e camufla a gigantesca economia das fabricantes, mas o que exatamente é “couro vegano”, de que é feito e quais são suas vantagens e desvantagens?

Como regra geral, o “couro vegano” é um material sintético ou vegetal que imita a aparência e a textura do couro animal. Ao contrário do couro, não utiliza produtos de origem animal em sua fabricação, sendo uma opção atrativa para quem busca evitar a exploração criminosa dos animais.
Anteriormente conhecido como “couro sintético” ou “imitação de couro”, o “couro vegano” pode ser encontrado em uma ampla gama de produtos, desde roupas e acessórios até móveis.

A composição do “couro vegano” pode variar significativamente dependendo do tipo e da marca. Os dois principais tipos de “couro vegano” são “couro sintético” e “couro vegetal”. Nada disso é couro, na verdade.
Couro sintético: O “couro sintético” é geralmente feito de polímeros plásticos, como poliuretano (PU), poliuretano termoplástico (TPU) ou cloreto de polivinila (PVC). Esses materiais são usados para criar uma superfície que se assemelha muito à pele de um animal em termos de aparência.
Couro à base de plantas: Nos últimos anos tem havido muitas críticas de que o “couro sintético” é na verdade um derivado do petróleo, por isso, num esforço para reduzir a dependência dos plásticos, alguns fabricantes desenvolveram couro “vegano” a partir de materiais vegetais.

Nos últimos anos conhecemos a variação do “couro sintético” feita com folhas de abacaxi (Piñatex, da ECOALF ), que utiliza como base as fibras dessas folhas, ou mesmo casca de maçã, um material sintético criado com resíduos desses ou de outros produtos similares.
Outros materiais incluem a cortiça ou mesmo algumas variedades de cogumelos.

Como vimos, a principal vantagem deste material que imita couro é que ele não exige o sacrifício de animais, sendo uma opção ética para quem se opõe ao uso de produtos de origem animal.
Embora a sustentabilidade do revestimento vegano possa variar, as versões à base de plantas têm impacto ambiental menor do que o couro animal. Além disso, alguns tipos desses revestimentos artificiais utilizam menos recursos na sua produção do que as peles de animais, como água e terra.
- O revestimento vegano costuma ser mais acessível que o couro tradicional. Além disso, está disponível em uma ampla gama de cores, texturas e estilos.
- O “couro” vegano, principalmente o sintético, é impermeável e fácil de limpar, o que o torna prático para o uso diário, embora não tenha a mesma longevidade e toque do couro animal.
- O “couro sintético” feito de PU ou PVC tem impacto ambiental negativo devido à produção e descarte de plásticos. Esses materiais não são biodegradáveis e podem contribuir para a poluição.
Embora os materiais vegetais sejam mais sustentáveis, a sua disponibilidade e escala de produção ainda são limitadas em comparação com os materiais sintéticos, o que pode aumentar o custo e limitar a sua utilização.