Do Kadett ao Astra, 11 gerações de (muito) sucesso
No próximo ano, a Opel vai comemorar os 80 anos do lançamento da linha Kadett. Foi em 1936 que a Opel estreou no segmento dos carros familiares compactos, com o lançamento do primeiro Kadett, que se manteve em produção até 1940. A linhagem dos modelos compactos da Opel foi interrompida até 1962, quando a marca relançou uma nova geração do Kadett. Desde então foram produzidos mais de 24 milhões de unidades do Kadett e do seu sucessor no mercado, o Astra. Exatas 11 gerações de muito sucesso.
Se fossem enfileirados todos os Kadett/Astra produzidos até hoje, os familiares compactos fabricados até hoje pela Opel ultrapassariam a marca dos 100 mil km e formariam uma fila que daria duas vezes e meia a volta à Terra, pela linha do equador.
Paralelo à estreia de seu novo Astra, a Opel está celebrando outro momento importante. Há 50 anos nasceu um antepassado direto do novo Astra, o Opel Kadett B. Esta geração do Kadett, com a qual a Opel retomou sua atividade na fatia de mercado dos familiares compactos, vendeu mais de 2,6 milhões de unidades nos anos de 1960.
Com dirigibilidade invulgar, habitáculo espaçoso, porta-0malas de grandes dimensões e bom nível de segurança, o Kadett deixou os seus concorrentes para trás. Em resumo: “Se você sabe o que quer, dirija um Kadett”, como afirmava a publicidade da Opel na época.
Até hoje, o “best seller” absoluto dos quase 80 anos de presença da Opel nesta classe de veículos foi o Astra F -o primeiro uso do nome “Astra” -que esteve no mercado europeu entre os anos de 1991 e 1997. Pela primeira vez, o novo carro assumiu a designação Astra, que já era usada no mercado britânico.
Desde então, o Astra vendeu mais de 4,1 milhões de unidades. Perto da marca dos quatro milhões estiveram também o Kadett E (3,8 milhões) e o Astra G (3,95 milhões). Há por isso bons motivos para AUTO&TÉCNICA fazer uma retrospectiva da história do modelo e dos mais de 24 milhões de carros compactos Opel vendidos.
1936-1940: Opel Kadett 1
O primeiro Opel Kadett foi uma sensação, tanto em termos técnicos como pelo preço. Entre 1936 e 1940, foram fabricadas mais de 100 mil unidades destes modelos em Rüsselsheim, que já era uma das mais avançadas fábricas de automóveis da Europa. Este primeiro Kadett, com a sua revolucionária carroceria monobloco, transportava quatro pessoas e estava disponível em versões cupê e conversível.
Não demorou para conquistar o grande público e a imprensa especializada: “ O Kadett não é certamente um automóvel comum nesta faixa de preços”, escreveu o jornal alemão “Braunschweiger Tageszeitung,” na sua edição de 5 de dezembro de 1936. A suspensão dianteira independente e o eixo traseiro vinham do Opel Olympia e o motor de 4 cilindros era o mesmo do Opel P4. As vantagens da engenharia de sistema modular eram um fator importante para chegar ao baixo preço de venda.
Com motor de 1073 cm3, tinha potência máxima de 23 cv, o que permitia a este primeiro Kadett atingir quase 100 km/h de velocidade.
1962-1965: Opel Kadett A
Um porta-malas de grandes dimensões e muito espaço para quatro pessoas, a que se juntava um motor eficiente e baixos custos de manutenção constituíram a receita de sucesso do Kadett A. Sua produção rondou as 650 mil unidades entre 1962 e 1965.
O desenho deste três volumes de duas portas era simples e, simultaneamente, moderno. A linha de cintura baixa, os grandes vidros que asseguravam boae visibilidade e o friso cromado nas laterais acentuava sua forma longilínea. Os para-lamas dianteiros prolongavam-se até os faróis e as extremidades traseiras eram em forma de barbatana. O espaçoso interior deixava uma boa impressão nos proprietários de pequenos automóveis convencionais. O porta-malas era realmente amplo e a ampa do bocal de reabastecimento ficava do lado de fora. “Nunca ficará cheiro a gasolina na bagagem”, afirmavam os publicitários.
Com um moderno motor dianteiro arrefecido a água, o Kadett A apresentava grande vantagem em relação a vários concorrentes de peso. Com 4 cilindros e 993 cm3, tinha 40 cv. A partir de março de 1963, a linha Kadett passou a contar com a percursora das modernas wagons: a Kadett Caravan.
1965-1973: Opel Kadett B
Em 1965 uma nova linha Kadett substituiu o primeiro modelo. A nova geração tinha mais de quatro metros de comprimento, sendo portanto maior do que seu antecessor. O Kadett B se beneficiava do fato de que os designers da Opel -que desde 1929 estava integrada à General Motors- se inspiraram com os colegas do outro lado do Atlântico. A traseira de corte inclinado fazia lembrar os modelos fastback muito populares nos Estados Unidos na época. Em 1966, a revista alemã “Automobil Illustrierte” publicou que “Vê-se a potência e a velocidade antes de se ouvir o motor”.
Os engenheiros da Opel aumentaram o diâmetro dos quatro pistões do motor 1.0, elevando a cilindrada para 1078 cm3 e a potência para 45 cv. Igualmente, um motor 1.1 S -de taxa de compressão mais elevada- garantia 55 cv. O Kadett alcançou rápido sucesso, com mais de 2,6 milhões de unidades produzidas entre setembro de 1965 e julho de 1973.
E este sucesso não se limitou à Alemanha. Em 1966, mais de metade da produção foi exportada para 120 países de todo o mundo onde o Kadett era vendido. Alguns chegaram ao Brasil.
1973-1979: Opel Kadett C
A linha Kadett C na Europa tinha várias facetas: um elegante automóvel familiar, ou um segundo carro hatch com prática tampa traseira, ou o cupê esportivo GT/E. Foram produzidas 1.7 milhões de unidades, entre gosto de 1973 e 1979. No Brasil foi vendido como Chevette (de 1973 a 1993). Foi projetado dentro do conceito de “carro mundial”.
O Kadett C tinha tração traseira e nova suspensão dianteira de duplo triângulo. A grade do radiador plana, o capô com vinco central e o spoiler dianteiro incorporado, abaixo do para-choques, eram alguns dos elementos marcantes do design. “O Kadett não só é fácil de dirigir, como foi conscientemente desenhado e construído de forma exemplar. Requer pouca manutenção, é fácil de reparar e consome pouco”, elogiavam os jornalistas especializados da “Auto Motor und Sport”, na sua edição 20/1973.
O esportivo GT/E estreou na edição de 1975 do Salão de Frankfurt. O motor 1.9 com injeção de gasolina Bosch L-Jetronic tinha 105 cv e permitia ao Kadett, com os seus 900 quilos, atingir a velocidade máxima de 184 km/h.
1979-1984: Opel Kadett D
A quarta geração do Kadett no pós-guerra inaugurou uma nova era na Opel. No Salão de Frankfurt de 1979, foi exibido como o primeiro modelo de tração dianteira da marca. Embora mais curto do que o anterior, apresentava interior mais longo e oferecia espaço maior do que muitos dos seus rivais.
Mas não era só a tração diasnteira, a colocação transversal do motor e a suspensão traseira com barra de torção que rompiam com a tradição. Debaixo do capô, o novo motor 1.3 OHC tinha 60 ou 75 cv, conforme a versão.
Além de uma wagon espaçosa, com capacidade de carga de até 1425 litros, a Opel oferecia apenas carroceria fastback. Em janeiro de 1983, seguiu-se o esportivo Kadett GTE, que atingia a velocidade máxima de 187 km/h, graças ao seu motor 1.8 de 115 cv. Outros destaques no plano técnico incluíam suspensão rebaixada, nova caixa de direção e freios com discos ventilados na frente. Entre 1979 e 1984 foram produzidos 2.1 milhões de Kadett D.
1984-1991: Opel Kadett
Esse também foi fabricado no Brasil (1989-1998). O segundo Kadett de tração dianteira, produzido na Europa de 1984 a 1991, foi eleito “Carro do Ano 1984” e com um total de 3.779.289 unidades, foi oi modelo mais vendido da Opel até então.
Baseado na mecânica do seu antecessor, mas com desenho hatch completamente novo, o Kadett E estava destinado ao sucesso. Foi também uma referência em termos de aerodinâmica, com Cx de 0,32, o melhor da categoria, resultado das mais de 1200 horas de ajustes no túnel de vento.
A versão wagon (Ipanema, no Brasil) estava no topo da sua categoria, e a partir d de 1985, um modelo sedã de três volumes, tipo de carroceria abandonado na geração anterior, voltou a integrar a linha.
O esportivo GSi, com Cx de 0,30, era o hatch mais aerodinâmico do mundo. Quando em 1987 o motor 2.0 de 16 válvulas, com 150 cv, entrou em cena, colocou em alerta todos os seus concorrentes. Foi o último Opel a usar o nome Kadett.
1991-1997: Opel Astra F
Essa linha foi vendida no Brasil em 1999, importada da Bélgica. Entre 1991 e 1997 foram produzidos mais de 4,1 milhões de Astra F, fazendo deste o Opel mais vendido de todos os tempos. O primeiro Astra, denominação que substituiu a Kadett, foi buscar o seu nome ao Reino Unidos, onde a quarta geração do Kadett já era comercializada como Vauxhall Astra, desde 1980. Com a sua nova estrela, a Opel lançou também uma ofensiva de segurança. Todos os Astra vinham equipados de série com sistema ativo de cintos com tensionadores nos bancos dianteiros, cintos ajustáveis em altura e rampas anti-mergulho nos assentos, bem como proteção lateral que incluía reforços em tubo de aço duplo em todas as portas. Todos os motores surgiam pela primeira vez com catalisador, revelando a preocupação da Opel com as questões ambientais.
1998-2004: Opel Astra G
Lançado na primavera de 1998, o Astra G foi comercializado logo de início nas versões sedã hatch dois volumes, de duas ou quatro portas e wagon. Mais tarde, a linha ganhou o três volumes, o cupê e o cabriolet. No Brasil foi produzido de 1999 a 2011
A plataforma evoluída e a tecnologia dos motores, bem como a rigidez estrutural da carroceria, que quase duplicava diante do modelo anterior, eram apenas algumas das características do Astra da segunda geração. A segurança ativa foi reforçada com o aumento de 30% da potência luminosa dos faróis de halogênio H7 e com a suspensão Dynamic Safety (DSA) completamente redesenhada, que otimizava conforto e agilidade. A distância entre-eixos era cerca de 10 centímetros mais longa, criando mais espaço interior, em particular para as pernas atrás e porta-malas maior, com capacidade de 370 litros.
2004-2009: Opel Astra H
Com uma linha de 12 motores com potências de 90 a 240 cv, e sete versões de carroceria, o portfolio de opções do Astra H era extremamente amplo. Quando foi lançado na Europa, em março de 2004, esta terceira geração do Astra combinava desenho refinado, elevada dirigibilidadee inúmeras inovações técnicas. Alcançou 2,7 milhões de unidades vendidas.
Os destaques tecnológicos do Astra incluíam o sistema de suspensão adaptativo com controle de amortecimento contínuo, só presente na época em automóveis do segmento de luxo ou esportivos exclusivos. Este Astra apresentava igualmente elevados níveis de segurança. A organização Euro NCAP (European New Car Assessment Programme) atribuiu na época ao Astra a mais elevada classificação -de cinco estrelas -para proteção de passageiros adultos2
No Brasil foi vendido como Vectra, de 2002 a 2011.
2009 – 2015: Opel Astra J
Quase uma obra de arte, escultural, aliada à precisão alemã. O Opel Astra J não apenas resume uma nova filosofia de design da marca como também atende os motoristas com uma série de tecnologias que já tinham sido aplicadas no Insignia. A câmera “Opel Eye”, por exemplo, reconhece os sinais de trânsito e informa ao motorista dos limites de velocidade ou proibições de ultrapassagem. Avisa igualmente os motoristas se estes estiverem em perigo ao mudar de faixa. Com o sistema de faróis AFL+, o Astra consegue ‘ver’ outros veículos e comutar automaticamente as luzes entre alta e baixa sempre que necessário. Com suspensão adaptativa FlexRide, com amortecimento controlado eletronicamente, o Astra passa a poder exibir ao extremo sua capacidade dinâmica.
Uma nova estrutura do eixo traseiro garante maior estabilidade e melhor dirigibilidade com o máximo conforto, graças ao uso de um paralelogramo de Watt incorporado para melhorar o controle das rodas. Os motoristas do Astra se beneficiam também de uma nova geração de bancos dianteiros, desenvolvidos de acordo com os mais recentes padrões da ergonomia e segurança, que receberam selos de qualidade de especialistas e da organização alemã AGR.
2015: Opel Astra K
Com redução de peso de até 200 kg, interior mais espaçoso apesar da redução do comprimento total no exterior, e mais eficiente graças à utilização exclusiva de motores da nova geração, o novo Opel Astra representa um salto enorme no segmento dos familiares compactos.
Exatos 53 anos depois de ser lançado um Kadett com motor com cilindrada de 1.0 litro, um motor com capacidade semelhante volta a ocupar o seu lugar sob o capô de um compacto Opel. Trata-se, desta vez, de uma unidade de três cilindros quase três vezes mais potente, com 105 cv, graças às mais modernas tecnologias de injeção direta e sobrealimentação.
Dando sequência a uma tradição que se iniciou com o Astra G, o novo Astra K destaca-se também pela sua tecnologia de iluminação. É o primeiro automóvel a introduzir no segmento dos compactos a tecnologia de luz matricial LED adaptativa IntelliLux LED. Os novos sistemas de assistência ao motorista desta nova geração incluem Reconhecimento de Sinais de Trânsito, Manutenção de Faixa, Alerta de Saída de Faixa, Indicação de Distância para o Veículo da Frente e Alerta de Colisão Iminente com Frenagem Autónoma, entre outros.
Além disso, o novo Astra K proporciona mais uma vez conforto extra com os novos bancos dianteiros ergonômicos, certificados pela AGR. Estes novos bancos podem inclusive ser mais eficientes, com funções de ventilação, massagem e regulagem de apoio lateral.