Classic Cars

EL MOROCCO, O MAIS RARO DOS CHEVROLET?

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A história do Chevrolet El Morocco começou com Ruben Allender, um industrial milionário de Detroit, fanático por automóveis. No começo de 1955, ele percebeu que havia mercado para carros parecidos com o Cadillac Eldorado que havia acabado de comprar. Esse Cadillac era um modelo que estava na primeira fila da lista dos sonhos da maioria dos americanos, mas custava caro. Então, se existisse um carro com o mesmo estilo, custando o mesmo, a fórmula do sucesso estava garantida. Mas não era bem assim…

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Os trabalhos de customização de carros estavam virando moda nos Estados Unidos naquela época, e ele teve a idéia de redesenhar um Chevrolet Bel Air para que ficasse com jeitão de Cadillac. Seriam poucas unidades a principio, vendidas sob encomenda.

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Além de ser uma boa idéia, Allender estava bem equipado para isso. Tinha muito dinheiro para investir e havia acabado de comprar um grande armazém de peças em Detroit, na Van Dyke Avenue, quase esquina com a Jefferson Avenue. Lá ele iria transformar seus sonhos em carros, além de ter espaço de sobra para monttar uma loja, onde seriam vendidos os carros. A idéia básica era pegar um Bel Air 1956 e deixá-lo com a aparência do Cadillac 1955.

O PRIMEIRO

Allender precisava fazer um protótipo, e recorreu à Creative Industries, empresa independente de Detroit, que fez as carrocerías dos show cars Ford Atmos e Packard Panther. O resultado foi um Bel Air 1956 conversível, todo modificado à mão, muito parecido com o Cadillac Eldorado Biarritz.

Também precisava de um engenheiro de produção e um gerente de loja. Por acidente, conheceu Cyril Olbrich, então com 28 anos, que estava desenvolvendo ferramental para trabalhar com um material novo: a fibra de vidro. Na concessionária Don McCoullagh, fechou contrato para a compra de vários Bel Air, pagando US$ 50 a mais por cada um. Depois, o terceiro andar de seu armazém foi preparado para producir seus Chevrolet, imitação de Cadillac.

Mas Allender não parou por ali. Decidiu que os carros deveriam ter nome próprio. Deveria ser algo próximo de Eldorado, mas diferente o suficiente para não ter problemas com a GM. Conseguiu registrar um nome interesante, e assim nasceu o Chevrolet El Morocco…

1956: 20 CARROS

O Chevrolet El Morocco 1956 era uma espécie de Frankenstein mecânico. Segundo Olbrich, muitas peças vinham do estoque do armazém mesmo. As enormes garras dos pára-choques, por exemplo, eram as carcaças de farol da pickup Dodge 1937, reforçadas com fibra de vidro.

Um modifcado botão de buzinha do Kaiser-Frazer substituiu o emblema original Chevrolet no capô, e os frisos das portas eram peças do painel dos Willys 1955 alteradas, da mesma forma que itens do Ford 1955 também foram aproveitados. O “aviãozinho”, ornamento do capô do Chevrolet, recebeu detalhes em plexiglás. Frisos dos Eldorado 1955-1956 foram usados nas laterais, em conjunto com as coberturas de rodas (do mercado paralelo) e rodas “Sabre-Spoke” dos Cadillac.

As principais mudanças aconteciam na traseira, onde uma parte dos pára-lamas originais recebia enxertos de fibra de vidro, no melhor estilo do “rabo de peixe” dos Cadillac, tudo recoberto com resina. Lanternas do Dodge 1955 foram montadas na horizontal.

Apesar de Allender ter imaginado construir 10 carros por dia, somente 20 foram feitos em 1956: dois hardtops cupês e 18 conversíveis. Alguns recebiam o estepe externo, tipo continental, o que elevava o preço de venda para US$ 3.400. E isso era um problema, pois o El Morocco coompleto custava mais da metade de um Cadillac e US$ 1 mil a mais que o Bel Air, muito dinheiro naqueles tempos.

1957: 16 CARROS

Mesmo sendo uma pequena empresa particular, logo a GM ficou de olho no El Morocco. Isso aconteceu em setembro de 1956, quando houve uma certa confusão entre um jornalista e a policía, que ao multar um El Morocco de testes por excesso de velocidade, estranhou o nome. A conversa foi parar na presidência da GM. A pressão da montadora foi grande, e Allender fez apenas 16 unidades em 1957, quando desistiu do projeto.

As modificações eram interessantes e bem feitas, em especial na traseirea. Mas a junção de fibra de vidro com aço sempre causa problemas, pois os materiais dilatam de maneira diferente, e logo surgem rachaduras e trincas. O El Morocco foi uma ótima idéia, e alguns exemplares restaram para lembrar esta história, inclusive na coleção de Jay Leno.

Um detalhe muito interesante nesses carros era o botão de buzinha, revestido de couro, onde se lia “El Morocco Custom Built For . . . ,” com espaço para adicionar o nome do proprietário. A diferença de preço entre o Bel Air e o El Morocco era muito grande em 1957, maior que no ano anterior. O hardtop custava cerca de US$ 2.800, US$ 500 a mais que o intermediário Bel Air Two-Ten, enquanto o conversivel ia para US$  2.950, apenas US$ 500 menos que o conversivel original.

Para piorar,  Allender tentou vender o El Morocco em concessionárias Chevrolet selecionadas, o que não teve amparo algum da GM, claro. E assim o elegante e exclusivo El Morocco entrou para a história.

 


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