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Elétricos: estratégia da Porsche fracassa e coloca em risco 8.000 empregos

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A Porsche não está indo tão bem quanto diz ou como gostaria. As repetidas quedas de valor da fabricante nas bolsas de valores são um claro alerta aos investidores sobre a confiança que depositaram na empresa e na sua estratégia futura. A verdade é que a marca -uma das mais prestigiadas fabricantes de automóveis esportivos do mundo- atravessa uma das crises mais graves da sua história recente.

por Marcos Cesar Silva

A ambiciosa estratégia de eletrificação de seus modelos, que previa que 80% dos seus novos veículos seriam elétricos até 2030 , enfrenta sérios problemas. As vendas não correspondem às expectativas, em especial na China, e até 8 mil empregos estão em risco, segundo fontes da própria marca.

O mercado chinês, fundamental para a Porsche e tantas outras fabricantes, tem apresentado forte contração. Os modelos elétricos locais dispararam em vendas, enquanto os demais desabaram. Nos primeiros nove meses de 2024, as vendas da Porsche caíram 30%, com apenas 43,3 mil unidades vendidas. Se a tendência continuar, o total para 2024 não chegará às 60 mil unidades, queda significativa se comparada aos 95.671 veículos vendidos em 2021. A China, que já foi o maior mercado em termos de crescimento para a marca, tornou-se agora uma fonte de preocupação.

A concorrência local no segmento elétrico é feroz, com os fabricantes chineses oferecendo veículos elétricos a preços significativamente mais baixos. Enquanto um modelo Porsche do segmento premium custa entre US$ 73 mil e US$ 83 mil, os concorrentes chineses oferecem opções com características e tecnologia semelhantes por apenas US$ 31 mil.

Na Europa e nos Estados Unidos, a transição elétrica da Porsche também enfrenta grandes dificuldades. Modelos como o Taycan não conseguem atrair procura suficiente e problemas no desenvolvimento do Macan elétrico atrasaram o seu lançamento em até dois anos. Outros projetos, como a eletrificação do 718 Boxster e do Cayman, estão repletos de desafios técnicos, como a complexa integração de baterias.

Em resposta à diminuição da procura, a Porsche está reestruturando as suas operações. Na sua fábrica alemã de Zuffenhausen, a produção do Taycan pode ser transferida para Leipzig, deixando espaço para um possível aumento na produção do icônico 911. Esta mudança não afeta apenas a produção, mas também os funcionários: cerca de 1.000 contratos temporários de trabalho já não foram renovados.

Globalmente, a empresa está adaptando sua estrutura de custos para se adequar a um volume de produção anual de 250.000 unidades, número muito abaixo das expectativas. Isto poderá resultar na perda de até 8.000 empregos, embora não tenham sido anunciados planos específicos para demissões.

Por outro lado, o conselho de administração da Porsche está considerando adiar a transição para a eletrificação e prolongar a vida útil das plataformas que usam motores de combustão interna. Modelos como o Cayenne e o Panamera poderão receber novas versões com motor a combustão ainda depois de 2030, enquanto o “Projeto K1”, SUV elétrico de luxo , poderá incluir uma versão com motor a combustão.


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