Esportivo: Toyota 2000 GT, um japonês de respeito
O Toyota 2000 GT se tranformou no mais valioso dos Toyota já fabricados, e vem subindo de preço a cada ano. Nos recentes leilões, algumas unidades foram vendidos por valores em torno de uS$ 1,2 milhão. Isso comprova a exclusividade e potencial de valorização deste modelo, que é considerado o primeiro superesportivo do Japão.
A raridade do modelo é explicada pelos baixos números de produção, já que existem apenas 351 exemplares (carros de rua), número pequeno mas que era comum nos supercarros italianos, por exemplo.
A parceria Toyota/Yamaha produziu 233 MF10 (versão japonesa), 109 MF10L (versão com volante à esquerda para exportação), e nove MF12 (outra motorização), e todos foram montados nas instalações da Yamaha em três anos de produção, entre 1967 e 1970.
E de fato este foi um Toyota caro, pois custava cerca de US$ 6800 nos Estados Unidos, valor que era mais elevado do que o cobrado por rivais como Porsche e Jaguar. Semelhante estratégia foi aplicada décadas mais tarde no último superesportivo feito pela marca japonesa, o Lexus LFA. Estima-se que a Toyota não tenha conseguido obter um centavo de lucro com a comercialização do 2000GT, mesmo tendo em conta o seu elevado preço.
A maioria dos 2000GT foi pintada de branco ou vermelho. Este cupê tinha configuração com motor na frente, tração traseira, dois lugares e foi desenhado e desenvolvido pela Toyota com a colaboração da Yamaha.
A sua apresentação ao público aconteceu em 1965, no Salão de Tóquio, e causou enorme impacto.As suas linhas tiveram definição do designer Satoru Nozaki, e isso o tornou num sucesso, já que o 2000GT é considerado um dos clássicos mais bonitos de todos os tempos, devido às suas linhas curvas semelhantes ao estilo das Ferrari da época misturadas com a famosa garrafa de Coca-Cola.
Este automóvel teve papel muito importante na forma como o Ocidente começou a olhar para os fabricantes de automóveis japoneses, uma vez que provaram serem capazes de desenvolver e produzir um superesportivo capaz de enfrentar qualquer modelo que viesse da Europa ou dos Estados Unidos.
Até existir o 2000GT, os fabricantes japoneses apenas produziam automóveis confiáveis, práticos e acessíveis às massas, mas com a chegada deste modelo tudo mudou. As revistas que o testaram na época não economizaram elogios ao carro, considerado um dos esportivos mais agradáveis de dirigir.
Com carroceria de alumínio, faróis escamoteáveis e outros faróis embutidas na dianteira cobertos por lentes de vidro, além de pára-choques frontal, outro detalhe interessante era a grade, semelhante à usada no antecessor Toyota Sports 800.
O perfil do 2000GT exibia outro cuidado estético muito relevante, a altura ao solo, ou melhor, a baixa altura ao solo; tinha apenas 116 cm de altura, até o ponto mais alto do teto.
Apesar do modelo ter sido produzido apenas por três anos, eum 1969 houve tempo para ligeiras mudanças. As alterações incluíam faróis menores, piscas com desenho diferente na frente e maiores na traseira. No interior também foram feitas pequenas alterações, para deixá-lo mais atual. As últimas unidades produzidas foram equipadas com ar condicionado e também exitiu a possibilidade de equipar o modelo com caixa de câmbio automática.
Debaixo do capô, era possível encontrar duas opções de motores. Um era o 2.0 de seis cilindros em linha, basicamente o mesmo usado no Toyota Crown. Porém a Yamaha deu “nova vida” a ele, com dois comandos de válvulas no cabeçote e três carburadores Solex, que permitem extrair 150 cv de potência. Nove 2000GT (MF-12) foram equipados com motor de 2.3, mas com apenas um comando de válvulas.
Com a possibilidade de escolher entre três relações diferentes de diferencial, um desses componentes permita ao modelo alcançar 217 km/h e ter consumo médio de 13 km/litro.
A potência podia ser transmitida ao solo por meio de uma caixa manual de cinco velocidades ou automática de três velocidades. Para obter melhor tração, o 2000GT vinha equipado com diferencial autoblocante, que tornou este modelo no primeiro a usar de série este equipamento no Japão.
A frenagem era garantida por discos nas quatro rodas, algo sempre importante num esportivo; o 2000GT era bastante leve, com cerca de 1120 kg de peso.
Existiu um episódio importante na vida deste modelo, em 1967, quando participou do filme “James Bond – Só se vive uma vez”, quase todo rodado no Japão. Pulkou do anonimato para a fama de maneira instantânea, mesmo que o modelo exibido no filme fosse a versão conversível, que nunca chegou a ser vendida. Foram produzidos apenas dois exemplares especialmente para o filme.
A idéia para construir duas versões abertas veio do fato de que o ator principal, Sean Connery, não cabia na versão cupê. A elevada estatura do ator, que ultrapassava claramente em altura a linha do vidro frontal, foi a razão pela qual grande parte da pilotagem feita no filme ter sido efetuada pela atriz Akiko Wakabayashi, que fazia o papel da namorada de James Bond.
Ainda que seja um esportivo, o 2000GT não teve um grande histórico nas competições, mas conseguiu um resultado importante no seu país, ao terminar em terceiro lugar o campeonato japonês de Endurance de 1967.
O incansável Carrol Shelby também preparou dois 2000GT para participar no campeonato SCCA nos Estados Unidos em 1968, com algum sucesso. Fez três automóveis para competir, um dos quais era reserva.
Um desses 2000GT Shelby foi recuperado pela Toyota, que criou uma réplica do modelo que competiu naquele campeonato e que se encontra atualmente no Japão. Os outros dois exemplares continuam nos Estados Unidos.
Resumindo, não é exagero afirmar que o Toyota 2000GT é um automóvel muito interessante, não só pela sua exclusividade como também pelas suas belas linhas intemporais, aliado a tudo isto exibe em desempenho e construção avançada.