Europa prepara o fim dos motores a diesel
“Os veículos equipados com motores a diesel vão desaparecer das estradas muito mais rapidamente do que o esperado”, sentenciou a comissária europeia Elżbieta Bieńkowska, horas depois da aprovação pelo Parlamento Europeu, de um pacote de regras destinadas a apertar o controle sobre os testes e as emissões dos veículos com motores movidos a óleo diesel. Mais uma creditada na conta da Volkswagen, depois do escândalo da fraude de emissões.
“Hoje está claro que todos os veículos emitem muito mais dióxido de nitrogênio do que as agências reguladoras pretendem”, adiantou a comissária (na foto abaixo), justificando a aprovação da nova legislação europeia, que fixa multas de até US$ 33 mil por veículo com motores que ultrapassem os limites legais de emissões.
As novas medidas contribuirão para afastar os veículos diesel das ruas e estradas, disse Bienkowsk. “O diesel não desaparecerá de um dia para o outro, mas estou convencida que sumirá muito mais rapidamente do que podemos imaginar”, garantiu. Cidades como Paris 9na França), Madri (Espanha) ou Atenas (Grécia) já sinalizaram que vão proibir a circulação de veículos com motores diesel.
Também o prefeito de Londres anunciou um conjunto de novas propostas, que incluem a cobrança de pedágio no acesso à cidade para veículos com motores poluentes, e o governo deverá anunciar medidas semelhantes em nível nacional.
De acordo com as novas medidas aprovadas pelo Parlamento Europeu, os fabricantes de automóveis deixarão de pagar à organizações independentes pelos testes que certificam seus níveis de emissões, passando o controle a ser feito direto por centros de testes especialmente criados pelos governos nacionais para o efeito. A ideia é quebrar as relações de proximidade entre fabricantes e controladores, que levou durante anos a que os resultados dos testes fossem ajustados de maneira não muito honesta aos níveis legais permitidos.
Em nível comunitário, a Comissão passa a ter o poder para fazer testes-surpresa de controle e fixar multas no caso de serem detectadas irregularidades. As medidas aprovadas precisam agora ser aprovadas pelos governos daquele continente e os parlamentos nacionais, para a lei passar a ser diretiva comunitária.
As novas medidas travaram o processo de criação de um organismo independente na União Europeia, para monitorar os níveis de emissões dos veículos, e que era uma das recomendações mais importantes dos relatores parlamentares que acompanharam o dossier das emissões. A alternativa de criação de organismos nacionais de controle sofreu críticas dos relatores europeus, que entendem que eles poderão ceder às pressões dos grandes grupos automotivos dos seus países.