Vocês lembram do “passaralho”? Ele estava meio adormecido nos últimos anos, mas parece que agora acordou, e cheio de apetite. Não é novidade que a indústria automotiva atravessa um momento de transição bastante crítico. Enquanto o setor automotivo chinês parece ter luz própria, com uma impressionante quantidade de marcas e modelos sendo despejados em todos os cantos do mundo -em especial na Europa- o segmento de automóveis do Velho Continente apenas assiste sua derrocada, apavorado. Depois das más notícias de empresas como Volkswagen, Audi, Mercedes, BBS, Bosch, Recaro e Nissan, entre outras, agora é a vez da Ford cair na real.

por Marcos Cesar Silva

A baixa procura por veículos novos no pós-pandemia, especialmente em alguns mercados importantes como a China, e os fracos números dos  carros elétricos, que estão fazendo muitos fabricantes repensarem sua estratégias, se refletem em números de vendas e lucros no mínimo preocupantes. Tudo isso, somado a alguns problemas específicos, também está fazendo com que vejamos grandes cortes de produção e funcionários em muitas marcas. Isso atende pelo nome de crise.

A Ford tem parado de fabricar e vender modelos populares como o Mondeo ou o Fiesta nos últimos anos, o que fez com que as vendas da empresa caíssem drasticamente. Em breve, o excelente Ford Focus será adicionado à lista dos modelos falecidos, com a produção terminando no próximo ano. A estratégia da empresa oval priorizou SUVs e veículos elétricos, o que não parece estar funcionando como imaginado.

Assim, a Ford anunciou que irá cortar 4.000 postos de trabalho em toda a Europa, principalmente no Reino Unido e na Alemanha. Isto representa uma redução de 14% da força de trabalho no Velho Continente (2,3% da força de trabalho global da marca). Num comunicado à imprensa, a Ford afirmou: “É particularmente preocupante a saúde do negócio de veículos de passageiros da Ford na Europa, onde a empresa sofreu perdas significativas nos últimos anos e onde a mudança da indústria para veículos elétricos e a nova concorrência tem sido altamente perturbadora”. A sequência de demissões terminará em 2027 .

Além disso, a montadora reduzirá as operações em sua fábrica em Colônia, na Alemanha, atribuindo a mudança à fraca demanda por seus veículos elétricos. Foi nesta fábrica que nasceram os Ford Explorer e o Capri atuais, que compartilham a mesma plataforma dos Volkswagen ID.4 e ID.5. Talvez seja hora de todas as marcas tradicionais repensarem suas estratégias, antes que seja tarde. Como sempre dizemos, enquanto uns choram outros vendem lenços…