Fórmula 1: 1800 pneus no lixo
O GP da Austrália de Fórmula 1 foi cancelado em cima da hora por conta da pandemia de coronavírus. Isso deixou a Pirelli com 1800 pneus prontos e montados para correr, mas que não podem mas ser usados. O que vai acontecer com eles? Serão destruídos.
Você poderia até imaginar que a Pirelli os guardaria, para usar futuramente, no próximo Grande Prêmio, mas isso não vai acontecer. Os 1800 pneus que a empresa preparou para o GP da Austrália, a primeira corrida de Fórmula 1 do campeonato deste ano, vão ser descartados.
Por que? Como o GP foi cancelado no dia em que a primeira sessão de treinos livres iria acontecer, os 1800 pneus que a Pirelli levou par a Austrália já estavam montados nas respectivas rodas (desde o dia anterior), prontos para serem usados.
Agora eles tem que ser desmontados, invalidando a sua reutilização, devido ao risco de danos quando são removidos da roda jante.
E por que não mante-los nas rodas? Isso até seria possível, caso pudessem transportar os pneus (montados) por via terrestre, como é comum acontecer durante os GPs europeus; por exemplo, pneus para chuva já montados que não tenham sido usados numa prova podem ser aproveitados para a seguinte.
Mas com o primeiro GP marcado para a Austrália, a única forma de transportar tudo é por via aérea, e quando isso acontece, fica sob responsabilidade das equipes, e não da Pirelli, o transporte das rodas.
“A limitação é que, quando desmontamos um pneu de uma roda, colocamos ‘stress’ em seu talão. Isso, obviamente, não nos dá confiança de voltar a montar esse pneu de novo, porque o nível das forças que atuam sobre eles é enorme. Por isso, não queremos correr qualquer risco“. Mario Isola, diretor de esportes motorizados da Pirelli.
Como acontece com pneus usados e não usados, a Pirelli vai transportá-los para o Reino Unido, por via marítima. Antes disso, serão destruídos para poderem acomodar mais pneus por conteiner e serão entregues a uma empresa perto de Didcot, onde serão queimados a muito elevadas temperaturas, servindo de combustível para produzir energia.
É uma prática comum por parte da Pirelli, onde por norma tem que descartar cerca de 560 pneus, em especial os de chuva, nos GP realizados fora da Europa. No entanto, esta situação do GP da Austrália foi excepcional e sem precedentes em desperdício.
Os próximos GPs do calendário, Bahrein e Vietnam, também foram suspensos, estando sendo discutidas as suas realizações em outras dataa. Os 1800 pneus por GP que são necessários por fim de semana de corrida já chegaram aos seus respectivos destinos por via marítima.
Estes, no entanto, por não terem sido ainda montados nas rodas e por estarem armazenados em conteiners com controle térmico, estarão aptos a ser usados caso ambas as provas sejam realizadas.
Mesmo que num fim de semana de Grande Prêmio tudo corra como previsto, parece ser um enorme desperdício destruir 560 pneus. A Pirelli sabe disso e também procura soluções para este problema, como explica Mario Isola:
“No futuro, e considerando que teremos apenas um fornecedor e apenas um desenho standard para as rodas, tentaremos trabalhar em conjunto, de forma a encontrar uma solução para montar e desmontar pneus sem os danificar e reusá-los. Mas temos que ter certeza de que não há nenhum risco”.
Ele também afirma que estão estudando muitas outras formas para reciclar os pneus usados na Fórmula 1. Por enquanto, a melhor solução é aquela que já têm agora, a de servirem como combustível para a geração de energia.
Só para você fazer contas, cada jogo de pneus custa US$ 5 mil (R$ 25 mil) …