Classic Cars

Fotos históricas: o incrível Fusca Fittipaldi de dois motores e 400 cv

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Em 1969 os irmãos Fittipaldi se uniram a alguns amigos e criaram um impressionante Fusca de competíção, de oito cilindros e 400 cv de potência. Confira estas fotos históricas.

A Universidade de Stanford, dos Estados Unidos, conta com um programa de estudos onde qualquer petrolhead gostaria de se matricular: Revs, um departamento onde se estuda o passado, o presente e o futuro do mundo do automóvel. No Revs há um gigantesco arquivo de documentos históricos, a maioria doados por jornalistas, colecionadores, pesquisadores e meios de comunicação. O Revs disponibiliza pela internet seu acervo de fotos, em baixa resolução, o que vale noites e noites acordadas descobrindo seus tesouros. O catálogo é composto por 12 coleções e soma 178.284 fotos, a maioria inéditas.

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Muito material sobre o Brasil está disponível ali. Destacamos como exemplo esta bela coleção de fotos do antológico Fusca Fittipaldi de dois motores. A história do carro é a seguinte: em 1969 Emerson Fittipaldi deixou o Brasil para tentar a sorte na Europa. Depois de disputar algumas provas de Fórmula Ford e ser campeão de Fórmula 3, voltou para o Brasil de férias. Wilsinho tinha ido antes que ele para a Europa, mas acabou sendo enrolado por uma montadora francesa e decidiu voltar para cá e cuidar dos negócios da família, que incluía a fábrica de volantes esportivos Fittipaldi e a produção de carros de Fórmula Vê.

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Emerson pretendia participar do “1.000 Quilômetros da Guanabara”, mas não tinha um carro para a prova, que teria a presença de modelos como Ford GT40, o Lola T70, e o Alfa T33. Os irmãos Fittipaldi na verdade tinham um carro: um Fusca original, que não poderia enfrentar aqueles modelos especiais, mas da cabeça dos Fittipaldi e seus amigos Ary Leber, Nelson Brizzi e Ricardo Divila (que depois projetou os Copersucar FD01, 02, 03 e 04) veio primeiro a idéia de preparar o motor original, mas que não passaria dos 200 cv com tudo o que havia de “veneno” na época.

Ary Leber teve outra idéia: unir dois motores preparados e aliviar o peso do Fusquinha ao extremo. Um Fusca com cerca de 500 kg e dois motores de 200 cv cada poderia enfrentar os concorrentes. Nelson Brizzi assumiu o comando do projeto, Ary Leber refez quase toda a carroceria com fibra de vidro e Ricardo Divila cuidou das mudanças no chassi e suspensões. O assoalho original foi cortado e ganhou um outro chassi central para alojar uma estrutura tubular, onde se apoiava o motor boxer de oito cilindros e a suspensão traseira de Fórmula Vê. Nessa mesma estrutura também foi soldado o “santoantonio” do carro.

E como os motores foram unidos? Simples. Pelo virabrequim, usando uma junta elástica Giubo utilizada no eixo cardã dos JK. Cada motor usou na preparação kits Okrasa (hoje Oettinger) importados, para aumentar a cilindrada de 1.300 para 2.200 cm3. A potência total era de 400 cv e o combustível usado foi o metanol. O câmbio, freios a tambor e sistema de direçao veio do Porsche 550 Spyder 1500 RS que era dos Fittipaldi, e já havia sido pilotado por Cristian Heins, o “Bino”. A carroceria desse carro ficou guardada por anos na oficina do Chico Landi em São Paulo que, numa entrevista que fizemos com ele, confessou: “dei para um carroceiro aquele monte de ferro-velho”…

A carroceria foi feita de fibra pela Glasspac. Era bem fina e pesava apenas 17 kg. A parte traseira se abria toda para cima para melhor acesso ao motor, enquanto o pára-brisa foi inclinado por uma razão simples: alimentava um duto de ar que passava pelo teto para arrefecer o motor na traseira. No total, o carro acabou ficando mais leve que o esperado, com 420 kg. Bom lembrar que a relação peso/potência ficou em pouco mais de 1 kg/vc.

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O Fusca Fittipaldi ficou pronto em menos de um mês e fez o primeiro teste em novembro de 1969 em Interlagos. Corrigidos alguns problemas, foi pintado e rumou direto para os treinos para a prova da Guanabara, no Rio de Janeiro, onde conseguiu um surpreendente terceiro melhor tempo para a largada, atrás apenas da Alfa Romeo P-33 V8 de José Carlos Pace, e do Ford GT40 de Sidney Cardoso.

Na prova manteve a terceira colocação na primeira hora, mas a quebra do câmbio o tirou da prova. O carro voltou a correr um ano depois, em novembro de 1970, numa prova disputada ao redor do Mineirão, em Belo Horizonte (MG), mas abandonou por causa da quebra da junta que unia os motores.

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Wilson Fittipaldi chegou a correr mais algumas vezes com o Fusca, mas acabou vendendo-o. Um dos motores foi retirado, mas os resultados não vieram e o novo dono acabou passando o carro para a frente também. O Fusca ficou guardado anos em uma escola de pilotagem em São Paulo e depois desapareceu. Há alguns anos seguimos seu rastro e conseguimos localizar o que restou dele, mas a negociação é longa e difícil. Quem sabe….

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