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Fusão VW-Fiat pode acelerar a Auto Union

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A pergunta que está correndo o mundo é esta: o Grupo VW realmente está em discussões com o Grupo FCA (Fiat Chrysler Automobiles) para adquirir esta última, como foi noticiado pela imprensa alemã?

Primeiro é preciso pensar no impacto que um negócio dessa proporção teria no cenário da indústria automobilística mundial, e a forma como iria de uma hora para outra, modificar a estrutura da indústria. Também é preciso imaginar as consequências para o plano de recuperação que Sérgio Marchionne desenhou para o Grupo FCA, que planeja radical aumento de vendas.

Se esse negócio acontecer –ambos os grupos negaram qualquer conversação– é um empreendimento absolutamente possível, pois a conhecida teimosia e ambição de Ferdinand Piech, o chefão da VW, seriam saciadas, enquanto do outro lado os problemas da família Agnelli, que controla o Grupo FCA, ficariam resolvidos.

Ferdinand Piech é um austríaco que fez 77 anos em abril, sempre duro, implacável e demasiadamente ambicioso. O todo-poderoso presidente do Grupo VW tem em mente a ideia de construir algo bem maior do que ser apenas o nº1 na Europa ou o nº1 mundial, mas sim um gigante global que se passaria a chamar Auto Union. E esta é uma ideia que ele deseja implementar rapidamente.

Neste instante, o Grupo VW luta com dificuldades nos mercados dos Estados Unidos e China, estando com problmas para tirar da Toyota e GM a liderança do mercado em nível mundial. Piech está próximo de se aposentar, e por isso o austríaco necessita abrir rápido o caminho para alcançar seus objetivos.

É exatamente aqui que o Grupo Fiat Chrysler Automobiles (FCA) serve com perfeição os objetivos de Piech. Se conseguir adquirir os 30% do capital controlado pela família Agnellii-Elkann na FCA, Ferdinand Piech terá a sonhada Auto Union, com mais de 14 milhões de unidades vendidas por ano, deixando Toyota e GM na saudade e brigando pelo segundo lugar a pelo menos 4 milhões de unidades de distância.

A família Agnelli-Elkann mudou bastante, e são agora mais de 150 herdeiros que, além de se colocarem de acordo, tem a responsabilidade de tomar uma decisão que obviamente será muito complicada. Confiar no ambicioso plano de Sérgio Marchionne para revitalizar o grupo em cinco anos, não recebendo dividendos nesse período e apostando tudo num futuro brilhante, tornado possível pela rápida expansão mundial de marcas como a Alfa Romeo, Jeep ou Maserati? Ou aceitar US$ 4 ou 5 bilhões pela FCA e manter a Ferrari (que dá quase US$ 500 bilhões de lucro/ano)?

A verdade é que o grupo VW, a Fiat e a Exor, a holding familiar dos Agnelli-Elkann, todos desmentiram a notícia, porém, tudo começa a fazer cada vez mais sentido e a fumaça é cada vez maior. Onde há muita fumaça, há muito fogo…

Os analistas de mercado se dividem nas opiniões, uns lembrando os riscos, outros recordando os melhores aspectos de um negócio que é perfeitamente possível. O Grupo VW tem, em dinheiro, quase US$ 25 bilhões pelas contas feitas ao mês de março. Pagando de 20 a 50% de bônus sobre o preço base das ações da Exor, que controla 30% da Fiat Chrysler Automobiles –cerca de US$ 4 bilhões a US$ 6,5 bilhões– é fácil para o grupo alemão levar adiante a negociação. Fica evidente que os boatos começam a ter peso.

Confia os prós e os contras deste gigantesco negócio.

Prós

– Os problemas de escala da VW nos Estados Unidos ficariam imediatamente resolvidos, o mesmo se passando com a sua presença no segmentos dos caminhões. Com volume de vendas combinado de 1.308.195 unidades nos primeiros seis meses, a união VW-Fiat-Chrysler ocuparia o segundo lugar do mercado americano, logo atrás da GM (1.455.868 unidades vendidas) e na frente da Ford (1.265.357 unidades comercializadas).

– O mercado mundial continua a ter nos SUVs o segmento com maior crescimento, em todas as suas variações e, por isso, adquirir uma marca como a Jeep é bem melhor do que tentar competir com uma marca com tamanha reputação mundial.

– A VW nunca conseguiu rentabilidade nos utilitários, dai ter feito uma aliança com a Suzuki, que se tornou infrutífera e acabou nos tribunais de Londres, com o grupo alemão a querer manter os 20% que adquiriu e a Suzuki querendo-os de volta. Adquirindo a Fiat, o Grupo VW ficaria com um líder mundial em rentabilidade neste tipo de veículo e, mais que isso, com uma arma fundamental se as regras de emissões poluentes obrigarem à construção de mais carros menores.

– A junção da Chrsyler com outro construtor alemão (depois da Mercedes) será sempre traumática, mas  no Grupo VW, a Jeep e a Alfa Romeo iriam ser beneficiadas e receberiam um empurrão decisivo para regressarem aos “velhos tempos” de boas vendas. Ao mesmo tempo, a RAM iria ser fundamental para que a VW tivesse entrada no mercados dos caminhões e pickups, proporcionando à VW vários tipos de utilitários para vários mercados mundiais.

– A poderosa Auto Union sonhada por Piech, iria ficar composta por marcas como a Alfa Romeo, Audi, Bentley, Lamborghini, Maserati e Porsche. Dizem os especialistas e os jornalistas especializados na indústria que o futuro reside nas marcas Premium. Que belo arsenal teria a Auto Union!

Contras

– Com os custos de pesquisa e desenvolvimento subindo mais que o previsto, o grupo VW anunciou, recentemente, um plano para aumentar a rentabilidade, cortando cerca de US$ 4,5 bilhões até 2017. Porém, relançar a Alfa Romeo, de acordo com as contas da Fiat, iria consumir mais de um ano dessa economia.

– A compra de tantas marcas iria disparar os alarmes nas instituições anti.-cartel e na concorrência, não só na Europa, como nos Estados Unidos. Aqui no Brasil a contestação seria imediata, pois a Fiat é a nº1 do mercado e a VW a nº2…

– Como é fácil prever, a dimensão deste gigante da indústria automobilística que Piech quer chamar de Auto Union acabaria sendo quase impossível de administrar.


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