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Golf de dois motores: quando a Volkswagen enlouqueceu

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Aproveitamos o anúncio de que a VW vai estar presente no próxima edição da Pikes Peak, em 2018, é um bom momento para recordar sua primeira participação na mítica corrida “até às nuvens”.

Pikes Peak é uma montanha da Cordilheira Front, nas Montanhas Rochosas, e fica no estado do Colorado.

Originalmente foi chamada “El Capitan” pelos colonizadores espanhóis, tendo adquirido o seu nome como homenagem a Zebulon Pike, Jr., explorador que liderou uma expedição pelo sul do Colorado em 1806. Com 4302 m de altitude, é uma das 54 montanhas do Colorado que excede os 4000 metros de altura (4267,2 m). O Pikes Peak domina a paisagem de Colorado Springs, e é um sítio classificado como Marco Histórico Nacionaldos Estados Unidos.

A Pikes Peak é mundialmente famosa também graças a “Pikes Peak International Hill Climb” (PPIHC), conhecida também como “A Corrida às Nuvens”, competição anual de subida de montanha.

As origens da prova remontam a 1916, ano em que a primeira corrida foi organizada nas Montanhas Rochosas. O objetivo é percorrer os cerca de 20 km da subida íngreme, com aproximadamente 156 curvas, até ao ponto mais alto, a quase 4300 metros de altitude. A participação em Pikes Peak é vista como uma forma de demonstrar poderio tecnológico e desenvolver sistemas sem restrições de regulamento.

Sébastien Loeb detém o recorde geral, depois de terminar a subida em 8m13.878s em 2013, com um Peugeot 208 T16 Pikes Peak.

A Volkswagen revelou a primeira imagem do carro elétrico com que pretende participar na próximo PPIHC. Só pela aparência, parece ser muito rápido. O desenvolvimento em conjunto com a Volkswagen Motorsport está acontecendo em Wolfsburg, para tentar a sorte na mais emblemática prova de subida de montanha (ou “até às nuvens”…).

O objetivo é bater o recorde “verde”, ou seja, completar a subida de montanha em menos de 8m57.118s, tempo realizado por Rhys Millen no seu eO PP100, também 100% elétrico, no ano passado.

A Volkswagen estreou em Pikes Peak em 1985. Foi naquele ano que a marca se apresentou com um Volkswagen Golf MK2. Mas como dá para imaginar, não era um Golf qualquer. Era o Golf BiMotor. Isso msmo. Dois motores, um para cada eixo. E isso há mais de 30 anos…
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COMO SURGIU

Em 1983, a Volkswagen decidiu colocar dois motores num Scirocco para competir no Grupo B de rali. Além de melhorar a distribuição de peso, os dois motores de 1.800 cm3, aspirados e de 180 cv cada, permitiam potência total de 360 cv. O objetivo era ser tão rápido como o carro de referência na época, o Audi Quattro.

O que o Grupo B teve de espetacular teve também de desastroso, com a potência exagerada provocando frequentes acidentes, muitas vezes fatais, que levaram à extinção da categoria em 1986. Desta forma, a Volkswagen abandonou o projeto do Scirocco bimotor.

O Scirocco de dois motores.

A ideia era no entanto muito avançada para a época e mal utilizadae para ser desperdiçada. Motivo pelo qual, em 1985, a marca pegou os conhecimentos e experiência que tinha adquirido com o Scirocco e aplicou tudo no Golf. Objetivo: construir um carro capaz de conquistar Pikes Peak. Com uma única subida, se tudo desse certo, era possível o mesmo retorno de mídia de uma temporada inteira nos ralis.

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Assim, ainda naquele ano o Golf de dois motores estava pronto para a subida. Para-lamas alargados, traseira com um sub-chassis tubular e dois motores preparados pela Oettinger, agora com 195 cv cada um. O total eram 390 cv e a aceleração de zero a 100 km/h em apenas 4,3 segundos. No entanto, os motores aspirados não tinham o folego necessário para lidar com o ar rarefeito dos mais de 4000 metros de altura do pico.

Em 1986, a marca alemã regressou com um carro todo revisto. Os motores aspirados foram substituídos por unidades sobrealimentadas, mais indicadas para lidar com a elevada altitude: eram dois motores turbo de 1.300 cm3  vindos do Polo, agora com 250 cv cada. Ficou em 4º lugar, incapaz de acompanhar o Audi Sport Quattro S1 que venceu a prova.

Sem querer desistir, no ano seguinte, em 1987, a Volkswagen voltou com a versão mais radical do Golf BiMotor. De Golf não tinha muito. Não era mais que uma casquinha montada num chassis tubular. Os motores estavam agora longitudinalmente montados, e passaram a ser dois motores de quatro cilindros em linha, 1.8, 16 válvulas e turbo, cada um com 330 cv, totalizando 660 cv. Alargaram o carro e montaram rodas e pneus maiores. No total, e mesmo com os dois motores, o Golf pesava apenas 1050 kg.

Consta que o VW Golf BiMotor desta vez, em 1987, liderou os treinos para a subida de Pikes Peak, mas infelizmente acabou tendo problemas antes de chegar ao topo, abandonando a prova.

O Volkswagen Golf BiMotor ainda existe, encontra-se no museu da marca, em Wolfsburg, mas desta vez a Volkswagen tem outro protagonista para levar a Pikes Peak.

 

Se a Volkswagen não tem grande histórico em Pikes Peak, a irmã mais rica Audi é diferente. Nos anos 1980 a Audi venceu cinco das 10 edições realizadas naquela década. Em 1987, Walter Röhrl ao volante de um Audi Sport Quattro E2, equipado com motor de cinco cilindros e 2.1 litros com turbo (e segundo consta quase 1000 cv), conseguiu o tempo de 10m47.850s.

Será desta que a Volkswagen consegue seu momento de glória em Pikes Peak ? Abaixo o teaser do que a VW pretende levar a Pikes Peak no próximo ano. 

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