Tecnologia

Hidrogênio em pó, a solução que pode mudar a história do automóvel

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Os cientistas do Institute from Frontier Materials (Instituto de Materiais Avançados) da Deakin University, da Austrália, encontraram uma forma de armazenar e transportar hidrogênio em pó.

A descoberta do IFM significa o fim dos tanques de hidrogênio de alta pressão.

da Redação

Transporte e armazenagem são duas palavras que representam enorme desafio no processo de implementação do hidrogênio como fonte de energia limpa na indústria e transportes do futuro. Dois problemas para os quais os cientistas da Deakin University (IFM) encontraram uma solução.

Como dissemos, os problemas já são conhecidos. Além do processo de obtenção de hidrogênio ser caro e exigir enormes quantidades de energia na sua separação de outros elementos —na natureza, este elemento químico surge sempre associado a outros— o seu armazenamento também é custoso e complexo.

Armazenado enquanto ainda está na forma de gás, o hidrogênio obriga ao uso de caros tanques de alta pressão, que superam os 600 bar de pressão. Já armazenado enquanto líquido, o hidrogênio exige temperaturas inferiores a 252 ºC negativos para se manter neste estado, o que significa uma despesa energética elevada.

Nem em estado líquido, nem em estado gasoso. Os cientistas da Deakin University conseguiram armazenar o hidrogênio em pó. O novo processo —que está descrito pela primeira vez na revista científica Materials Today— oferece uma nova maneira de separar, armazenar e transportar grandes quantidades de gás com segurança, que usa uma pequena fração da energia e gera zero desperdício. Esta descoberta é tão significativa e representa um avanço tão grande no conhecimento sobre a separação e armazenamento de gás— que o pesquisador principal, Dr. Srikanth Mateti, afirma ter repetido a experiência 20 a 30 vezes para acreditar no que estava acontecendo.

“Ficamos completamente surpreendidos, mas cada vez que tentávamos obtínhamos exatamente o mesmo resultado. Foi um momento de “eureca´”. Srikanth Mateti, pesquisador principal da IFM

O processo descoberto baseia-se na mecanoquímica, e consiste em capturar o hidrogênio por meio de forças mecânicas, com uso de um moinho de bolas de aço em conjunto com nitreto de boro em pó.

Processo de separação do hidrogénio
O ingrediente especial no processo é o pó de nitreto de boro, que é ótimo para absorver substâncias porque é muito pequeno, mas tem grande quantidade de área de superfície para absorção.

Dentro deste dispositivo introduz-se o hidrogênio, fazendo com que o gás fique preso no pó de nitreto de boro. À medida que a câmara gira a uma velocidade cada vez maior, a colisão das bolas com o pó e a parede da câmara desencadeia uma reação, resultando na absorção de gás no pó. Segundo os investigadores da IFM, a partir desse momento, é muito simples armazenar e transportar o hidrogênio à temperatura e pressão ambiente.

Segundo a IFM, não há nenhum tipo de desperdício. O processo não requer produtos químicos agressivos e não cria subprodutos.

O nitreto de boro em si é classificado como um produto químico de nível 0, ou seja, altamente seguro e estável.

Uma vez absorvido neste material, o hidrogênio pode ser transportado com segurança e facilidade. Para ser liberado, o processo também é simples: basta ser aquecido em vácuo.

Nesta fase da pesquisa, a equipe do IFM conseguiu testar o processo em pequena escala, separando cerca de dois a três litros de material. Agora esperam o apoio da indústria, para que o processo possa ser ampliado num projeto-piloto.

“Mostramos que há uma alternativa. Não requer alta pressão ou baixas temperaturas e que oferece uma maneira muito mais barata e segura de desenvolver produtos como veículos movidos a hidrogênio”.

Esta descoberta é o resultado de três décadas de trabalho e pesquisas. O IFM acredita, que validado todo o processo, em termos de custos e eficiência podemos estar perante uma revolução na forma como armazenamos e utilizamos a energia, o que mudará a história do automóvel.


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