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Escândalo VW: o japonesinho que implodiu os alemães

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Nunca subestime a bíblica passagem de Davi e Golias. Como pode a tecnologia de uma empresa praticamente desconhecida arruinar o futuro de uma das multinacionais mais conceituadas do mundo? Inteligência, boa dose de sorte, perseverança e muito esforço. Esta é a história de Hiroshi Nakamura.
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Foi um colega norte-americano que avisou Nakamura há alguns dias sobre o acontecido: a Volkswagen reconheceu ter fraudado os níveis de emissões poluentes dos veículos a diesel durante vários anos. Do fato à suspeita: teria a sua empresa -a Horiba- alguma coisa que ver com este caso? A japonesa Horiba é pequena em tamanho, mas produz quase 70% dos sistemas de análise de níveis de poluição em uso no planeta. E nessa rede a Volkswagen se enroscou.

Sim, Nakamura e a Horiba tinham contribuído para derrubar um dos maiores impérios da indústria automotiva mundial. Mas Nakamura, de 42 anos, foi apanhado de surpresa pelo seu próprio feito. Infelizmente para a Volkswagen, as autoridades norte-americanas tinham escolhido os sistemas de mediação da Horiba.

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Dos Estados Unidos para o mundo, o problema tornou-se ainda maior. Sabe-se agora que são pelo menos 11 milhões de carros onde foram instalados os  dispositivos fraudadores que permitem manipular os níveis de emissões de poluentes. Nos testes de laboratório, cumprem os requisitos legais, mas nas ruas poluem até 40 vezes mais do que o permitido.

Apesar da sua dimensão, a Horiba já tem longa história. Tudo começou depois da Segunda Guerra Mundial, numa época em que as preocupações com os níveis de radiações nucleares eram constantes e necessários. A diversificação foi acontecendo aos poucos. Na década de 1960, a empresa apresentou o seu primeiro analisador de emissões, explicou a Bloomberg.

Nakamura só chegou à empresa em 1998, para adicionar a característica da portabilidade ao dispositivo. A primeira tentativa foi um fracasso comercial. Mas a Toriba não desistiu, desenvolveu o equipamento e conseguiu chegar ao mercado norte-americano.

“Isso lembra o nosso sentido de responsabilidade”, disse Nakamura, diante da descoberta do maior escândalo da indústria automotiva e dos 78 anos de história do grupo alemão. Volkswagen, Skoda, Seat e Audi são as marcas envolvidas. A chegada da solução está marcada só para janeiro do ano que vem…

Desde que a fraude foi descoberta, a Volkswagen já perdeu mais de US$ 30 bilhões em valor de mercado. A Horiba tem capital equivalente a US$ 1,5 bilhões. Ainda é cedo para saber o impacto de todas estas descobertas. Quer para a Volkswagen, que vai naufragando aos poucos, quer para a Horiba, que ganhou projeção internacional quase instantânea.


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