TEST DRIVE: Ford Fusion Titanium AWD 2.0 Turbo
Soberano. É assim o Ford Fusion reina no mercado brasileiro. É um sedã que não ostenta as argolas da Audi, a hélice da BMW ou a estrela da Mercedes, mas não faz feio –pelo contrário- diante dos venerados sedãs alemães. Importado do México, domina cerca de 80% das vendas da categoria no Brasil e não tem rivais para disputar espaço e compradores. A GM até tentou incomodar com o Malibu, mas o entusiasmo durou pouco.
Audi, Mercedes e BMW tem fábricas instaladas aqui no Brasil, mas a Ford as derrota com um produto de altíssima qualidade. O carro agrada nos Estados Unidos, na Europa (lá se chama Mondeo) e há tempos caiu nas graças do consumidor brasileiro. Além da qualidade, o segredo é o preço competitivo: por vir do México, desembarca isento de Imposto de Importação, com valores muito mais atraentes que o dos concorrentes.
AUTO&TÉCNICA avaliou o novo Fusion Titanium AWD 2017 (com tração integral), que custa R$ 154.500, basicamente o mesmo que a Mercedes-Benz C180 e BMW 320i. A diferença é que o Fusion é maior, mais confortável e bem mais equipado, além de ter manutenção mais barata. Há ainda a versão SEL 2.0 Ecoboost por R$ 125.500. Aí vira covardia na briga com Chevrolet Cruze, Audi A3 Sedan ou Honda Civic Touring. O Fusion está uma ou duas categorias acima.
A Ford continua oferecendo os motores 2.5 Flex e 2.0 Ecoboost Turbo a gasolina no modelo. O 2.5 ficou meio sem espaço, pois custa R$ 121.500, só R$ 4 mil a menos que o 2.0 turbo na versão SEL. Esse 2.0 tem injeção direta, turbo de duplo fluxo e novo ajuste do gerenciamento eletrônico.
Com isso a potência é de excelentes 248 cv e o torque de 38,2 mkgf a 3.000 rpm, com 95% desse valor já disponível a 1.500 rpm. A transmissão é automática de seis marchas, já usada antes, mas sem alavanca: o Fusion usa um seletor giratório no console, prático e simples. Há ainda o botão para acionar o modo Sport, no centro do seletor, mais as “borboletas” junto ao volante para trocas manuais.
Esta terceira geração do Fusion já tem mais de quatro anos de mercado, mas continua atual e com desenho impressionante. Para 2017 foram poucas mudanças, como os faróis full LED na versão top, que ganharam novo desenho na parte inferior, enquanto as grades cresceram de tamanho.
Na traseira, as lanternas agora são unidas por um friso horizontal cromado, ornando com o discreto aerofólio. As rodas são de aro 18. A altura para o solo cresceu 1,2 cm, o que parece pouco, mas não é em se tratando de um carro longo. É suficiente para enfrentar lombadas e valetas sem raspar os para-choques. Molas e amortecedores foram recalibrados, garantindo rodar macio e confortável, e muita estabilidade. O silêncio a bordo impressiona, garantido pela aplicação de novos materiais fono-absorventes.
Com 2,85 m de entre-eixos, o espaço interno é muito bom no Fusion, ganhando disparado dos concorrentes também na largura. O porta-malas é generoso, com 514 litros.
A inexistência da alavanca do câmbio permitiu reprojetar o console, com o porta-copos em outra posição, mais os botões do sistema Start/Stop (outra novidade) e do Park Assist, auxílio ao estacionamento. O Park Assist agora traz 12 sensores para medir a vaga e estacionar sozinho e com precisão o sedã. Outros recursos presentes no Fusion 2017 são o cruise control adaptativo com função para e anda, e o alerta de aproximação de carro lento à frente –visual e sonoro- mais frenagem automática. Há ainda o assistente de aviso de mudança involuntária de faixa (que vibra o volante), de aproximação cruzada na traseira e alerta de ponto-cego, que acende uma luz no retrovisor. Excelente são os faróis, com mudança automática de facho.
Todos esses mimos que recheiam o Fusion Titanium AWD fazem a diferença na comparação com os concorrentes. Outro recursos é a refrigeração dos bancos dianteiros, incluindo o encosto de cabeça; também há opção de esquentar os bancos nos dias mais frios. A versão top que avaliamos tem ainda a nova central multimídia Sync 3, com tela de 8 polegadas touchscreen, que permite controlar desde o som e ar-condicionado até o GPS; bancos de couro, com ajustes elétricos nos dianteiros, e excelente sistema de som Sony com 12 alto-falantes. O multimídia tem conexão com Apple CarPlay e Android Auto. Na traseira, destaque para os cintos laterais, que são infláveis, exclusividade do Fusion no segmento. Além disso, são oito airbags.
E como anda? No dia a dia e em viagens é que o sedã da Ford despacha de vez os concorrentes. Dos velhos carros americanos ainda traz o conforto, maciez e silêncio. Mas com muita segurança e estabilidade impecável, garantida pela tração integral. Mesmo em curvas mais fechadas e numa “tocada” mais esportiva, os mais de 1600 kg de peso não atrapalham em nada. Na estrada, impressiona o baixo nível de ruído do conjunto. O motor gira silencioso, em torno de 2.500 rpm a 120 km/h (longe do padrão 100 km/h e 3.000 rpm).
“Cavalo come, cavalo anda; cavalo não come, cavalo não anda”, e todas essas virtudes que o Fusion carrega pagam tributo na forma de consumo de gasolina: na estrada fez cerca de 11 km/litro, e na cidade marcamos 6,7 km/litro, mesmo usando o tempo todo o sistema Start/Stop.
Nas acelerações ele vai melhor ainda. De zero a 100 km.h levou menos de oito segundos, praticamente o mesmo tempo de um Honda Civic turbo. Nas retomadas também mostrou muito folego e não fez feio nunca. Ultrapassagens seguras e carro sempre na mão.
Resumindo: o que já era bom, ficou melhor ainda O Fusion 2017 teve mudanças discretas mas de grande eficiência. Uma parada indigesta para concorrentes nacionais e importados.