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TEST DRIVE: Jeep Compass 2.0 flex, a dose certa

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A nova tendência entre as montadoras consideradas “miseráveis” ou “pouco sérias” são os lançamentos estáticos. Convidam os jornalistas para apreciarem seus carros parados, como se estivesse exibindo a Mona Lisa ou a Pietá. Querem o máximo de espaço na mídia com o mínimo de investimento possível. Se der, sem investimento algum além de um café requentado e alguns brioches. Ainda tem jornalista que cai nessa. Mas não se assuste, esse não é o caso da Jeep, muito pelo contrário. Poucos dias depois de apresentar o novo Compass, com motor turbodiesel, a marca fez outro evento, desta vez para o test drive da versão flex. 

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E não foi uma apresentação qualquer. Ao contrário do turbodiesel, que usa o mesmo motor do Regenade e da pick-up Toro, o Compass Flex está equipado com o novíssimo motor 2.0 Tigershark, repleto de tecnologia e soluções técnicas interessantes. Não chega a ser um motor 100% novo, pois essa linha começou a ser desenvolvida nos Estados Unidos em 2007, já conhecida, por exemplo, no Freemont. Na versão Tigershark, em inglês tubarão-tigre, chegou em 2013 com refinamentos no cabeçote e sistema de admissão, apenas com 2 ou 2.4 litros, aplicado em carros da Chrysler e Fiat, incluindo o 500X, que deu origem aqui  ao Renegade, Toro e Compass; o 2.4 recebeu ainda o sistema Multiair de variação de abertura das válvulas.

O pernambucano Compass, por outro lado, é o primeiro modelo da FCA a ter versão flex do Tigershark. Para isso teve mudanças na taxa de compressão, maior (foi de 10,2:1 para 11,8:1) e sistema de partida a frio com pré-aquecimento do etanol. A potência máxima é boa, de 159 cv, e o torque máximo não decepciona, com 19,9 mkgf (ambos com gasolina); com etanol são 166 cv e 20,5 mkgf. O torque máximo se dá a 4.000 rpm, mas 86% desse torque está disponível já a 2.000. Entre os indícios de modernidade do projeto, temos bloco de alumínio e variador do tempo de abertura das válvulas aplicado nos dois comandos (acionados por corrente) Contra-eixos de balanceamento servem para reduzir as vibrações, tornando o quatro-cilindros suave e silencioso.

 

É muito diferente do turbodiesel? Nem tanto. O diesel tem 170 cv e 35,7 mkgf, ou seja, pouca diferença na potência mas muita no torque, o que é normal por conta das características inerentes a cada um. Com o Tigershark, o câmbio é automático de seis marchas (no turbodiesel são nove) e tração dianteira (4×4 no diesel). Outra diferença importante: o peso é de 1.541 kg no Compass Flex, quase 180 kg a menos que o turbodiesel (que pesa 1.717 kg), os dois na mesma na versão Longitude. Isso se reflete nas acelerações e consumo, pois o peso não influi na velocidade máxima.

Então ele anda bem? Sim. Segundo a marca, acelera de zero a 100 km/h em 10,9 (gasolina) e 10,6 segundos (etanol) e a velocidade máxima é de 188 (g) e 192 km/h (e). Esse desempenho é melhor, por exemplo, que o do CR-V da Honda. O consumo desse Jeep está numa faixa normal para o porte e compromisso do modelo: 8,1 (g) e 5,5 km/l (e) na cidade e 10,5 (g) e 7,2 km/l (e) na estrada.

 

O Compass Flex tem duas versões que o turbodiesel não tem (a Sport, de entrada, e a luxuosa Limited) e ainda uma série limitada de lançamento , a “Opening Edition”, mas por enquanto não tem a Trailhawk, mais addequada ao uso fora de estrada. Das versões e conteúdos trataremos mais adiante.

 COMO ANDA

AUTO&TÉCNICA avaliou o Jeep Compass Longitude entre o Guarujá- Riviera de São Lourenço-Guarujá, em São Paulo, ou seja, pouco mais de 100 km. Não é muito, mas é o suficiente para conhecer o modelo. Por fora desenho muito bonito e equilibrado, e por dentro tudo certo, com boa posição de dirigir, bancos confortáveis, painel agradável, instrumentos fáceis de ler, grande tela central para o multimídia UConnect, comandos fáceis de acionar no volante e acabamento luxuoso.

Projeto 551 JEEP Projeto 551 JEEP Projeto 551 JEEP

Mas vamos ao que importa, que é conhecer o motor. Afinal, não é um “lançamento estático”… De imediato percebemos que o motor é silencioso e suave, o que indica ainda excelente cuidado na aplicação de materiais fono-absorventes. Daí em diante é engatar o D no câmbio automático, acelerar e começar a discutir a relação com o Jeepinho. A nossa ligação com a marca está numa outra referência, de Jeep autênticos (eu uso uma Grand Cherokee 5.2V8 1997, que considero clássica, e meu irmão uma 4.7V8 2005, daquelas com a fantástica plataforma Mercedes). Não dá para comparar o torque dos V8 e nem da turbodiesel, mas o Tigershark dá destaque ao modelo dentro de seu segmento. A direção está bem calibrada, as suspensões corretas (afinal, é um Jeep civilizado), o câmbio perfeito e os sistema de freios irretocável.

CONCLUSÃO

 O Compass não é um Jeep puro-sangue, mas é um Jeep, e traz todo o resguardo que a marca carrega. É, sem dúvida, a melhor opção do seu segmento, indicado para quem busca um SUV não muito grande, mas adequado para uso urbano e confortável em viagens. E por cerca de R$ 100 mil. Para comprar um modelo diesel, o interessado deve sempre levar em conta a diferença de preço e o quanto precisará rodar para amortizar essa mesma diferença. No caso do Compass Longitude —que oferece os dois- a diferença de preço é alta, de R$ 25 mil. Tudo isso por um punhado de torque  e tração 4×4 a mais. Quantos anos você consegue rodar com R$ 25 mil em etanol ou gasolina?

 

VERSÕES – CONTEÚDO – PREÇOS

• Compass Sport Flex (R$ 99,9 mil) – Ar-condicionado, auxílio para saída em rampa, banco traseiro bipartido, câmera de ré, cintos de três pontos para todos os ocupantes, computador de bordo, cruise control e limitador de velocidade, controle eletrônico de estabilidade/tração/anticapotamento, faróis de neblina, fixação Isofix para cadeirinha infantil, freio elétrico de estacionamento, freios a disco nas quatro rodas, monitoramento de pressão dos pneus, rodas de alumínio de 17 polegadas, sensores de estacionamento traseiros, sistema de áudio com tela de 5 pol e GPS e volante ajustável em altura e distância. Opcional: “pacote” Safety (airbags laterais dianteiros, de cortina e para os joelhos do motorista).

• Compass Longitude Flex (R$ 107 mil) – Acrescenta ar-condicionado automático bizone, chave presencial para acesso e partida, “borboletas” para trocas de marcha no volante, rodas de alumínio aro 18, sistema de áudio com tela de 8,4 polegadas e comando no volante. Opcionais: “pacote” e “pacote” Premium (bancos de couro, sistema de áudio Beats, limpador de para-brisa e faróis automáticos, retrovisor interno fotocromico) e teto solar.

Compass Opening Edition (R$ 109.490) – Acrescenta “pacote” Premium com bancos de couro na cor caramelo.

• Compass Limited Flex (R$ 125 mil) – Acrescenta ao Longitude, “pacotes” Safety e Premium, faróis de xenônio, monitor amento de ponto cego e painel de instrumentos com tela colorida de 7 polegadas. Opcionais: bancos de couro bege, “pacote” Advanced Assist (cruise control adaptativo, aviso de mudança de faixa, aviso de risco de colisão frontal e assistente de controle de farol alto), “pacote” Top III (ajuste elétrico dos bancos dianteiros, assistência de estacionamento, partida remota, sistema de áudio Beats e tomada de 127 V), mais teto solar panorâmico.


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