Classic Cars

Lamborghini Miura, quem diria, chegando aos 50 anos

Compartilhe!

Em novembro próximo, um dos esportivos mais celebrados de todos os tempos se tornará cinquentão. Isso mesmo, foi em 1965 que o Lamborghini Miura deu as caras pela primeira vez, mesmo que ainda incompleto, aparecendo no Salão de Turim, na Itália. O criador deste belo automóvel, Ferruccio Lamborghini, mostrou ao mundo o que foi o começo de uma linhagem de superesportivos cada vez mais cobiçados.

a22

Porém, quando o carro foi inicialmente exposto, os visitantes do Salão puderam apenas apreciar o chassis e se debruçarem sobre o motor montado transversal, característica tão própria dos Bugatti Type 252 e dos Honda RA 272 de Fórmula 1.

Foi preciso apenas um ano para que Marcello Gandini, da Bertone executasse o desenho da carroçaria e, em março de 1996 a Lamborghini finalmente apresentou o modelo completo, no Salão de Genebra. O seu nome -Miura- veio de uma conhecida e temida raça de touros espanhola.

O que inspirou e motivou a construção deste esportivo veio um conceito que muitos não imaginam. O que serviu de base e de inspiração para a sua construção, foi outro ícone do mundo do automóvel, o Ford GT-40, modelo que triunfou por quatro ocasiões na “24 Horas de Le Mans”, no período compreendido entre 1966 a 1969. Isso tudo e outros fatores técnicos a Lamborghini a construir um superesportivo em tudo idêntico ao Ford, e que rivalizasse com as Ferrari.

a21

Mas do ponto de vista técnico houve necessidade de usar criatividade para colocar o motor V12 atrás dos bancos. O V8 do GT-40 era menores, e por isso no Miura o motor teve que ser colocado de forma transversal em vez de longitudinal. Por sua vez, a caixa de câmbio foi incorporada no bloco do motor.

Desta forma surgiu o chassi TP400, nome de código que significava “Trasversale Posteriore 4 Litros”, fazendo justamente referência à disposição do motor e a sua capacidade. O chassi foi construído a partir de painéis de aço com 0,8mm de espessura, que foram moldados, cortados, soldados e perfurados. Mas nem tudo no Miura era aço; nas seções traseira e dianteira havia alumínio para garantir menos peso.

Esta solução, inovadora para época, deveu-se aos técnicos Gianpaolo Stanzani e Gianpaolo Dalara. Três protótipos de pré-produção foram construídos. Estes Miura iniciais foram usados para fazer vários testes e ajustes, inclusive na distância entre-eixos, que era de 2,46 metros e as versões de série passaram para 2,50m.

Desta forma o Miura nasceu com todo o seu esplendor, e a primeira encomenda não demorou muito. Dia 29 de dezembro de 1966 foi recebida a primeira encomenda no concessionário milanês Lambocar, ainda que as primeiras vendas e maior volume datem de 1967.

a13

Os primeiros Miura, conhecidos como P400, dispunham de motor 4.0V12 a 60 graus, com 350 cv de potência. A unidade motriz era da responsabilidade do neozelandês Bob Wallace, mecânico que no passado tinha trabalhado para a Ferrari e Maserati.

Produzidos e montados entre 1966 e 1969, os Miura P400 eram vendidos na época por cerca de US$ 20 mil, o que atualmente equivaleria a um valor pouco acima de US$ 100 mil. Com apenas 1055mm de altura e distância ao solo de apenas 13 cm, o P400 conseguia atingir a velocidade máxima de 280 km/h.

A transmissão era por meio de uma caixa de câmbio manual de cinco velocidades e compartilhava com o motor não só o bloco, como também o óleo, que servia para a sua lubrificação r por isso naturalmente implicava trocas de óleo frequentes.

Uma mudança importante aconteceu naqueles tempos na estrutura da Lamborghini, uma vez que Dalara tinha transferido para a DeTomaso, e foi pelo seu assistente Stanzini, o mesmo que foi responsável pelas duas atualizações feitas no Miura, em 1969 e 1971: os Miura S e Miura SV, respectivamente.

O P400S (Miura S) foi também apresentado no Salão de Turim, em 1968, apresentando diversas alterações estéticas e mecânicas. Destas modificações em relação ao modelo original destacavam-se os novos vidros, os comandos internos revistos, suspensão traseira modificada e motor com mais 20 cv, totalizando 370 cv em vez dos 350 cv originais.

Já o P400SV (Miura SV), tinha motor ainda melhor. Com cerca de 385 cv de potência e velocidade máxima de 290 km/h, era também um beberrão inveterado, o que, convenhamos, não faz a menor diferença num carros desses. A Lamborghini, por isso, tinha na sua lista de opcionais um tanque de gasolina com cerca de 110 litros (localizado na dianteira) caso os seus clientes assim o desejassem.

Uma alteração importante em relação aos outros modelos, era que no P400SV a lubrificação da caixa de câmbio e do motor eram feitas de forma independente, permitindo desta maneira o uso de lubrificantes adequados aos dois componentes. Como o Miura tornava-se mais potente e atingia mais velocidade, foram montados também freios com disco ventilados. O P400SV distinguia-se dos outros Miura por estar desprovido das “sobrancelhas” nos faróis.

Foram vendidos em todo o mundo cerca de 767 unidades do P400, 140 exemplares do P400S e 150 Unidades do P400SV. Pouquíssimos chegaram ao Brasil, e nos anos 1980 chegamos a conhecer um, laranja, praticamente abandonado. Em 1974, o Miura foi substituído pelo Countach.

O Miura foi sem dúvida o inspirador dos supercarros atuais e revolucionou o mundo do automóvel, e o que a Lamborghini é hoje, muito deve ao modelo que deu origem a tudo. Foi o projeto de muitos engenheiros jovens (todos na casa dos 20 anos) que, nas suas horas vagas, se entretinham construindo o que se transformou hoje numa obra de arte. Com desenho revolucionário para época e beleza rara, em tudo se diferenciava dos seus concorrentes diretos. Naquela época teve enorme impacto, tornando-se num sucesso imediato.

A Lamborghini mostrou no Salão de Detroit de 2006 o concept de uma possível atualização do Miura. O carro, desenhado por Walter Da Silva, era uma reinvenção do clássico esportivo. Mas o projeto não c foi adiante e deixou muitos amantes da marca e do mundo do automóvel com água na boca, com a tristeza de não ver um novo Miura (afinal, a Ford recriou o GT-40 e teve enorme sucesso).

Porém, o projeto pode não ter ido para o arquivo morto e pode nem estar esquecido de vez. Quem sabe um dia teremos um novo Lamborghini Miura, para que o mundo posso voltar a apreciar todas as características que fizeram deste modelo um verdadeiro carro de sonho.


Compartilhe!
1728267410