Mercado: sucessos, fracassos e micos de 2014
O ano de 2014 está terminando -tarde demais para uns, cedo demais para poucos- e com ele alguns modelos se destacaram e outros passaram a ser história ou estatística, pois deixaram de ser vendidos por aqui. Dificilmente vão deixar saudades.
Se 2013 ainda provoca lágrimas pelo fim dos VW Kombi e Gol G4, Ford Ka e Fiat Mille (que desapareceram por conta da obrigatoriedade dos airbags frontais e ABS, que não foram aplicados a esses veículos pela dificuldade da adaptação dos projetos), 2014 será lembrado por alguns modelos importantes que não estarão “vivos” em 2015. Sem contar outros que passaram a ser problema para suas marcas e alguns que se tornaram sucessos de vendas.
Se este ano o mercado brasileiro de automóveis vai terminar com queda nas vendas, alguns exemplos de sucesso aconteceram. A nova geração do Ford Ka foi o lançamento de maior sucesso de 2014. Em menos de seis meses o Ka entrou na lista dos 10 carros mais vendidos e colou no Volkswagen up!, que começou a ser vendido em janeiro. O novo Toyota Corolla foi apresentado no primeiro semestre com críticas sobre o preço elevado e ausência de alguns equipamentos, mas vendeu bem, recuperou a liderança da categoria e será em 2014 o sedã médio mais vendido do Brasil, deixando para trás o Honda Civic.
Outro exemplo de sucesso é o Chevrolet Onix, um dos carros mais vendidos do Brasil. O hatch da GM “bomba” no varejo (não é vendido para locadoras, como seus concorrentes diretos) e só perde para o Palio. Gol e Uno vendem mais que o Onix apenas por conta das vendas para frotas. Outro sucesso da Chevrolet, inesperado, é a minivan Spin, que entrou na lista de exitos do ano. Apesar do visual de gosto duvidoso, agrada mulheres e taxistas e sempre vendeu bem; no final do ano ganhou a versão aventureira Activ, que com certeza vai permitir aumento nos números do modelo. Foram quase 40 mil unidades comercializadas ao longo do ano, o que nao é pouco.
Outro lançamento importante de 2014 foi o novo Honda Fit, que sempre teve bons números de venda e deve saltar de 2500 carros/mês para mais de 5000/mês. O veterano Fiat Palio Fire, um dos carros mais antigos do mercado, é outro sucesso de 2014, e junto com a atual geração do Palio, transformou a Fiat em líder de vendas no Brasil e deve terminar o ano como carro mais vendido, deixando para trás o Gol, que foi líder de mercado por 27 anos.
Fracasso mesmo foi o VW up!, que seria o sucessor do Gol ao se tornar, no ano de lançamento, um dos carros mais vendidos do Brasil. Qualidades não faltam ao carrinho: segurança, espaço interno e baixíssimo consumo de combustível. Mas tudo deu errado por conta do preço alto e da péssima publicidade; com menos de 60 mil carros vendidos no ano, é só o 14º carro mais emplacado do Brasil. Naufragoo o up! e naufragou o Gol, que era líder de mercado há 27 anos. Até agora, o Fiat Palio tem pequena vantagen sobre o Gol. Na verdade, o VW vende bem e não é vergonha alguma ser o segundo colocado.
Um carro que não disse bem a que veio é a segunda geração do Ford EcoSport. Ao ser lançado em 2012, a Ford pretendia tomar a liderança do segmento do Renault Duster. O EcoSport foi o SUV compacto mais vendido de 2013, mas em 2014 o Duster, que tem projeto antigo e plataforma romena, recuperou a liderança da categoria em 2014.
Se o ano de 2014 começou com a ausência de modelos históricos, como Fiat Mille e o Volkswagen Kombi, será marcado também pelas despedidas de carros que não emplacaram nas vendas, deixaram de ser importados, ganharam sucessores ou despencaram no mercado. Confira.
Os desaparecidos de 2014
CHERY
Cielo – O modelo médio da marca chinesa até tinha desenho dentro da média, mas pecou na qualidade e fragilidade mecânica. Disponível como sedã e hatch, uava motor 1.6 de 119 cv e câmbio manual de cinco marchas. Não seduziu compradores.
S18 – O subcompacto chegou com boas perspectivas, mas ficou perdido entre o Face e o QQ. Puro erro de planejamento. Usava motor 1.3 Flex de 91 cv e câmbio manual de cinco velocidades.
CHEVROLET
Agile – O compacto da GM lançado em 2009 e sempre foi controverso. O desenho era estranho e a plataforma do Celta/Corsa de 1994 não atrapalhou as vendas no início, justamente na época em que a GM enfrentava sua pior crise. Recebeu um discreto facelift e câmbio automatizado, mas o sucesso do Onix sepultou de vez as pretensões o modelo argentino.
Sonic – O compacto global da GM –sucesso de vendas em outros mercados– desembarcou aqui para ser opção da Chevrolet entre os populares e o Cruze. Não encontrou compradores, mesmo equipado com o eficiente motor 1.6 16V de 120 cv. Saiu para deixar mais espaço para a SUV Tracker.
CITROËN
C4 Hatch – O hatch francês chegou em 2009 cheio de qualidades e durou muito no mercado brasileiro, pois tem uma nova geração na Europa há tempos. Sem contar o desenho interessante, com muito estilo e equipamentos. Sucumbiu como a maioria dos Citrën e foi embora sem deixar sucessor no Brasil.
FORD
Fiesta Rocam – O veterano Fiesta era chamado assim por causa do motor Zetec Rocam. O compacto sempre mereceu elogios e chegou a ser o carro mais vedido do Brasil. Saiu para dar espaço pronto para o Novo Ka. Inaugurou a fábrica de Camaçari e deu origem ao primeiro EcoSport
Transit – A Ford trouxe de volta as F-350 e F-4000, e deixou de lado a atualíssima Transit, por conta da variação cambial. Era importada da Turquia, que ganhou nova geração esse ano. Pode ser que o furgão retorne em breve ao Brasil.
HYUNDAI
Sonata – O sedã médio da marca sul-coreana fez algum sucesso entre os compradores no Brasil. Mas era caro e por conta da proximidade de preço com o Azera, maior, deixou de ser importado. A Hyundai não trouxe a nova geração.
Veloster – O polêmico hatch de três portas e visual estranho é outra das perdas de 2014. Deixou de ser vendido na lenta versão 1.6 de 128 cv, que a marca garantia ter 140 cv. Deve melhorar em 2015, quando chegará em versão Turbo.
LIFAN
320 – A cópia chinesa mal feita do Mini teve sua produção encerrada em 2013, mas chegou a ser comercializado aqui em 2014, desovando as unidades encalhadas. Inseguro, causou polêmica pelo mau gosto. E só.
620 – Esse é outro carro que foi desovado aqui quando já estava fora de linha. Inspirado num velho Corolla de anos atrás, não deu em nada, a não ser prejuízo para quem arriscou comprar um.
PEUGEOT
207 – O compacto francês era o anterior 206 remodelado no Brasil e batizado como o modelo europeu. Tinha suas qualidades, mas foi esquecido pelo mercado depois da chegada do 208. Teve até um modelo wagon, mas sucumbiu em 2014 apenas como sedã e hatch. Aliás, o sedã Passion foi criado para o mercado do Irã, o que explica seu fracasso…
508 – Era um interessante sedã top de linha que esbanjava tecnologia. Mas não só foi pessimamente divulgado pela marca -como sempre acontece- como custava muito caro, acima dos R$ 110 mil. Usava o excelente motor 1.6 THP e câmbio automático de seis marchas, insuficiente para causar interesse no mercado.
Hoggar – A pickup criada especialmente para o mercado brasileiro era bonita, bem equipada, tinha bom espaço de carga e não incomodou as concorrentes Strada, Saveiro e Montana. E nem repetiu o suceso da 504 de 1,3 tonelada…