Nilu27, marca desconhecida, apresenta o supercarro do ano
Motor V12 aspirado, caixa de câmbio manual e nada de ajudas eletro-eletrônicas. É esta a fórmula do Nilu, um supercarro de sonho para os motoristas mais puristas. E obviamente abonados.
por Ricardo Caruso
É isso mesmo. Depois do T.50, da Gordon Murray Automotive, há outro supercarro no mercado com motor V12 naturalmente aspirado, sem qualquer tipo de eletrônica, construído para motoristas-raiz. Chama-se Nilu e é a primeira criação da Nilu27, empresa fundada pelo desenhista da Georgia, Sasha Selipanov. Nunca ouviu falar dele? Foi da sua imaginação e da sua prancheta que nasceram as linhas da Bugatti Chiron e da Bugatti Vision Gran Turismo, além de também ter contribuído para o desenho final do Huracán, durante a sua passagem pela Lamborghini. Mas o seu currículo traz ainda -antes de fundar a Nilu27- a área de desenho da Koenigsegg, onde criou o Gemera e o CC850. Agora, no melhor estilo de tantos visionários (Pagani, Ferrari, Koenigsegg, De Tomaso…), Selipanov resolveu transformar em realidade seu sonho de criar o próprio supercarro, numa espécie de homenagem ao purismo, seja em nível estético, seja mecânico.

O Nilu se recusa a navegar nas duas maiores tendências da indústria automotiva atual: a digitalização e a eletrificação. Por outro lado, aposta numa receita toda analógica, que usa um impressionante motor V12 aspirado e uma caixa de câmbio manual de sete velocidades.

Montado em posição central longitudinal, este motor 6.5V12 —da neozelandesa Hartley Engines— adota uma configuração “Hot V” -apesar de não contar com qualquer turbo- e é capaz de girar (e berrar alto) até perto das 12.000 rpm. Na realidade, o conceito “Hot V” é uma referência a um aspeto particular da construção dos motores com cilindros em V —sejam a gasolina ou Diesel—, onde, ao contrário do que é habitual em outros “V”, as saídas de escapamento (no cabeçote do motor) apontam para o interior do “V”, ao invés de para fora, o que permite posicionar os turbocompressores entre as duas bancadas de cilindros e não no exterior destas.

Aliás, segundo Sasha Selipanov, este motor é até capaz de ultrapassar as 15.000 rpm, mas para não por em risco o compromisso entre desempenho e confiabilidade, a barreira das 12.000 rpm pareceu mais tranquila para ele. Isso apesar das palavras “sensata” e “12.000 rpm” soarem estranhas na mesma frase… “Este não é um motor original de outro fabricante; é um monstro de diâmetro grande e curso curto, feito por encomenda”, revelou Nelson Harley, fundador da Hartley Engines. “Queremos ter calafrios cada vez que este V12 for ligado e acelerado”.

E ainda nem falamos de números. É que apesar do Nilu ter seu projeto centrado na experiência ao volante e nas emoções que é capaz de gerar, tem valores capazes de deixar a concorrência em alerta máximo: mais de 1013 cv de potência máxima, para apenas cerca de 1200 kg de peso. E mais, o sistema de escapamento parece ser uma autêntica obra de arte. Construído integralmente em Inconel, uma superliga à base de níquel-crômio com resistência muito grande às altas temperaturas, este sistema de escapamento 12×1 surge completamente exposto, culminando em três intimidadoras saídas centrais.

Temos que falar também no que está por baixo da carroceria, começando pela estrutura de fibra de carbono e chassi tubular em liga de alumínio. Na traseira, além do motor e do escapamento, podemos ver ainda o esquema de suspensões, que também está exposto, que é uma configuração típica de corrida, com dois triângulos sobrepostos e pushrod.

Aliás, a parte traseira surge totalmente descoberta, expondo a impecável mecânica do Nilu, que parece ter sido executada com o rigor e a exatidão das melhores relojoarias suíças. A estrutura inferior de saídas de ar é também uma verdadeira obra de arte, que podia estar exposta numa galeria.

Na maio parte do tempo, tudo estará escondido por uma carroceria que, felizmente, também merece aplausos: a imagem exterior do Nilu é bastante fluída, mas ao mesmo tempo impactante, por conta das várias entradas de ar e dos muitos vincos, todos com fortes atuações aerodinâmicas.

No interior, que você acessa por meio de portas do tipo “asa de gaivota”, é fácil fazer conexão com os carros de Le Mans dos anos 60, com o Ferrari 330 P4, que serviram de inspiração para este habitáculo quase 100% analógico. A única tela que encontramos é a do espelho retrovisor traseiro digital. Destaque para a guia na base da alavanca de câmbio.

Quanto ao preço, Selipanov optou por não divulgar ainda, mas confirmou que a proposta da Nilu27 é construir 15 unidades do Nilu exclusivamente homologadas para pista, para só depois avançar para a produção de 54 exemplares para rua.

A primeira aparição do Nilu está marcada para os próximos dias, em Pebble Beach, na Califórnia.
