No Alasca: navio em chamas com 3.000 carros a bordo está à deriva
Um incêndio a bordo do navio “Morning Midas”, um cargueiro que transportava 3.000 veículos, 800 dos quais eletrificados, na costa do Alasca, obrigou à evacuação da tripulação. O incidente reacendeu as preocupações sobre a segurança das baterias de carros elétricos no mar.
da Redação

É preciso recuar uns anos, até fevereiro de 2022, para recordar o “Felicity Ace”, que pegou fogo com quase 3.700 carros do Grupo Volkswagen a bordo –incluindo Porsche, Bentley e Lamborghini -, que viria a afundar para uma profundidade de 3 mil metros. Uma história semelhante está acontecendo hoje: na noite do último dia 3 de junho, um incêndio irrompeu a bordo do “Morning Midas”, navio de carga que levava a bordo cerca de 3 mil veículos. Diante da rápida propagação do fogo, os 22 tripulantes foram evacuados em segurança por botes salva-vidas, antes de serem resgatados pelo navio “Cosco Hellas”, um dos três navios mercantes que respondeu ao pedido de socorro. No entanto, o destino dos carros transportados é um pouco mais incerto e provavelmente repousarão no fundo do mar.
O navio de carga, de bandeira liberiana, estava a cerca de 480 km a sudoeste de Adak, no Alasca, quando ocorreu o incidente. Fazia a rota de Yantai, China, para Lázaro Cárdenas, no México, quando foi vista muita fumaça saindo do convés carregado com 800 veículos eletrificados.
De acordo com a proprietária da embarcação, a Zodiac Maritime, 65 veículos a bordo eram totalmente elétricos, enquanto 681 eram híbridos. A origem exata do incêndio permanece desconhecida, mas a possibilidade de relação com baterias de íons de lítio é preocupante. Embora vários estudos mostrem que carros elétricos não pegam fogo mais do que outros veículos, as suas chamas são muito mais difíceis de extinguir devido às baterias. Quanto ao “Morning Midas”, apesar de ativar os sistemas de combate a incêndio a bordo, a tripulação não conseguiu conter o incêndio. E isso pode se tornar uma catástrofe ambiental.
Este episódio ocorre em plena vigilância intensificada sobre incêndios no mar. Isso reacendeu o debate sobre o transporte de carros elétricos, que já ocorreu em 2022. As seguradoras consideram os incêndios em navios —em especial nos de transporte de veículos— um risco crescente, devido à complexidade da resposta ao combate às chamas e à densidade da carga.
No ano passado, esses incidentes atingiram o maior nível em 10 anos, de acordo com a seguradora Allianz. Além dos carros, também deve ser lembrado que o “Morning Midas” também transportava mais de 1.800 toneladas de combustível, tanto na forma de gás como de óleo combustível com baixo teor de enxofre (VLSFO), um combustível marítimo. Isso causaria um desastre ambiental gigantesco se o navio afundasse, como aconteceu com o “Felicity Ace”.
As operações de reboque e tentativa de salvamento estão em andamento, coordenadas pela Guarda Costeira dos Estados Unidos.