O carro da Apple: sim ou não?
Os fãs dos iPhones, iPads e iPods estão enlouquecidos com notícia que sacudiu o mundo do automóvel: a Apple está planejando um carro. Ainda na fase de “boato não confirmado”, a notícia é tao importante que ofuscou completamente os pré-lançamentos que começaram a ser anunciados para o Salão de Genebra.
Será que isso é possível? Com certeza, e são três fatos importantes que apontam para isso:
1. A Apple realmente tem uma equipe trabalhando no desenvolvimento de produtos relacionados com o mundo automotivo. São conhecidas até algumas empresas onde a marca foi contratar funcionários qualificados e existe um nome-código para este projeto: Titan. Entre os contratados a peso de ouro, estão o anterior vice-presidente da Ford, Steve Zadesky, e o ex-CEO da Mercedes-Benz Research & Development, Johann Jungwirth. Uma das pessoas da administração máxima da Apple está também no conselho de administração da Ferrari. O próprio CEO da Tesla reclamou que a Apple tem sondado seus colaboradores, prometendo bônus de US$ 250 mil e 60% a mais de salário para que mudem de emprego.
2. Os detalhes relacionados com o carro já são conhecidos. A propulsão deverá ser elétrica e poderá ser uma minivan, ou seja, um carro monovolume, formato de carroceria mais explorado pelas empresas que querem revolucionar o mundo do automóvel, principalmente por causa do espaço e conforto. Se imaginarmos ainda que uma das próximas revoluções tecnológicas da indústria automotiva é a condução autónoma, o carro deve ser mais uma sala do que um cockpit. E daquilo que conhecemos por enquanto do projeto Titan, a configuração mais aproximada é mesmo o monovolume.
3. E finalmente, o dinheiro. Com resultados recorde no ano passado, a Apple pode investir facilmente no desenvolvimento de um carro. Tem dinheiro sobrando para isso. Para vermos até que ponto isto é possível, vamos falar de números: o custo para instalar uma linha de montagem hoje é de cerca de US$ 2,5 bilhões. O capital disponível da fabricante do iPhone é neste momento de mais de US$ 200 bilhões.
No entanto, há quem esteja bastante cético sobre a possibilidade da Apple fazer um carro. O mais perto que já vimos disso é a Tesla. A entrada de um novo fabricante só faria sentido se fosse apoiada em inovação tecnológica e design, os grandes pilares para o sucesso de um carro. Foi o que fez a Tesla e deu certo.
Por outro lado, os números esperados são muito pequenos para uma empresa como a Apple. Além do pequeno volume de produção, há ainda a questão da margem de lucro. A Tesla, por enquanto, dá prejuízo e irá ficar assim até 2020. Por outro lado, a expectativa de retorno do investimento também é muito baixa. Por qual razão a Apple iria investir num negócio com margens de lucro tão baixas quando está habituada com produtos que são cada vez mais rentáveis a cada dia?
A empresa já tem um produto para o setor automotivo, o CarPlay. Steve Jobs queria que os produtos da Apple formassem um sistema integrado que fosse cada vez mais dependente de seus produtos. A guerra com a Adobe, que em o Flash, foi uma das faces visíveis dessa estratégia. O iTunes foi uma tentativa ganha para liderar o mercado do download legal de músicas. Tudo isso é mais dinheiro no caixa da Apple.
Os carros estão trazendo cada vez mais sistemas operacionais de outras empresas, cada vez com mais experiência na área, como a Google e a Microsoft. Não será esta uma briga mais interessante -e lucrativa- para a Apple comprar?