O Ghia Special Coupé 1953 que tirou a Chrysler do mundo dos mortos
Apesar do enorme sucesso da Chrysler durante a década de 1930, sua popularidade como grande concorrente no mercado automotivo americano diminuiu muito no final da década de 1940, mas graças a carros como este Special Coupé da Ghia, a marca foi tirada das trevas e voltou a ver a luz.
da Redação
Pense nas três grandes marcas americanas, e é provável que você vá direto para a General Motors, Ford e, possivelmente, Chrysler. Durante a década de 1940, essas três marcas eram as preferidas dos compradores, por desempenho, refinamento e estilo, diferente de qualquer outra que se via nas ruas e estradas. A Chrysler teve um enorme sucesso durante esse período, mas quase tão rapidamente quanto as vendas cresceram, elas desabaram, e quando o início da década de 1950 chegou, havia 11 marcas nos Estados Unidos vendendo mais carros do que a Chrysler. Isso mesmo, ela ocupava o mísero 12o. lugar de vendas por lá. Algo precisava mudar e rápido, então a busca por uma resposta começou.
Enquanto esse drama se desenrolava, o estúdio italiano Ghia estava sendo adquirida por Felice Boano que, apesar de ser fã do trabalho em que a Ghia havia se estabelecido, produzindo números limitados de carros de alta qualidade, algum nível de expansão era necessário para que a empresa sobrevivesse e prosperasse.
Em uma reunião de dois mundos diferentes, os executivos da Chrysler visitaram a Itália para discutir uma possível colaboração com empresas como a Fiat, onde o novo presidente da Chrysler K.T. Keller e o desenhista-chefe Virgil Exner encontrariam e criaram uma relação de trabalho com Luigi Segre, da Ghia. Enquanto o trio trabalhava em planos ambiciosos para conectar a Chrysler e a Ghia, Boano, já tinha ouvido o suficiente sobre o futuro do estúdio e decidiu vender a Ghia para Segre, deixando a porta aberta para que as colaborações ocorressem.
O ano de 1952 chegou e a dupla viu alguns sucessos com produtos Chrysler com carroceria Ghia, com o Plymouth XX-500 nascido em 1950 sendo o destaque. O conceito XX-500 era um sedã fastback de quatro portas baseado no chassi Plymouth P20. Não era especialmente estiloso ou elegante, mas comparado aos Chrysler contemporâneos, era sem dúvida um carro mais atraente. E, mais importante para a Chrysler, o trabalho foi incrivelmente barato, com a Ghia cobrando apenas US$ 10.000 pela construção do carro, algo que custaria US$ 125.000 para ser produzido como “carro único” internamente na marca.
Esses conceitos eram verdadeiras obras de arte moderna, mas para a chefia faminta por dinheiro, eles não eram tão empolgantes assim. Felizmente, um dos principais executivos da área de exportação da Chrysler convenceu Keller, que concordou que o mercado para os Chrysler com carroceria Ghia atrairia compradores ricos, e assim conseguiu aprovação oficial para encomendar seis modelos “Styling Specials”, com aprovação para a Ghia construir 12 carros adicionais se necessário. E foi necessário.
O primeiro desses produtos chamados de “Idea Cars” foi o K-310, que chegou em 1952; seu nome era uma abreviação de Keller (que havia se aposentado recentemente) e 310 a potência em cv, embora na verdade 180 cv fosse a potência real do motor Hemi V8 instalado… Mais tarde viriam o Adventurer, C-200, Firearrow e muitos outros, e ao contrário de muitos carros-conceito da época de Detroit, os Ghia “Idea Car” da Chrysler eram carros totalmente projetados (carroceria e mecânica) e funcionais, prontos para as ruas.
Este exemplar das fotos é um dos 18 carros fabricados, e foi propriedade do mesmo colecionador por incríveis 45 anos, deixando o carro em condições notáveis, totalizando 33.000 milhas (53.000 km) exibidos no hodômetro. É uma mistura do melhor do luxo americano, com elegante carroceria italiana e detalhes de desenho que permitem que este carro raríssimo pareça realmente diferente de qualquer outro daquela época. De certos ângulos, ele se assemelha ao Chrysler New Yorker, de grande porte, e observando com atenção, revela curvas mais adequadas aos Fiat e Lancia do início dos anos 1950. Para os brasileiros, há grande semelhança com o desenho do antológico Karmann-Ghia, em especial no formato do teto e dos vidros, sem contar o contorno do para-lama traseiro.
Durante a década de 1950, mais de duas dúzias de “Idea Cars” seriam produzidos pela Ghia para a Chrysler, e o relacionamento entre essas duas empresas históricas durou até a década de 1960. Todos os Chrysler Ghia Special Coupé eram equipados com o motor FirePower Hemi V8 de 180 cv, acoplado a uma transmissão semi-automática de quatro velocidades Fluid Torque Drive ou uma caixa totalmente automática PowerFlite. O primeiro carro desta série proposto pela Ghia era um fastback esportivo de curta distância entre-eixos, enquanto o segundo carro era um cupê notchback mais elegante, que inspirou uma produção limitada de 18 carros semelhantes.