Classic Cars

O que aconteceu com o Plymouth enterrado em 1957?

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Quase 15 anos depois, o que aconteceu com o “Plymouth enterrado”? Estamos falando do “Miss Belvedere”, o nome dado a um Plymouth Belvedere Sport Coupe de 1957 muito especial, pois serviu de cápsula do tempo, durante 50 anos, na cidade de Tulsa, Estado de Oklahoma. O Belvedere, de cor dourada e teto branco, tinha somente quatro milhas rodadas no odômetro, cerca de 6,5 km, ou seja, era um automóvel absolutamente novo.

por Ricardo Caruso



O motivo da escolha do Plymouth Belvedere foi, segundo Lewis Roberts Sr., devido ao fato dele ser o símbolo de um produto americano avançado, exuberante e vistoso, um fantástico exemplo do estilo dos automóveis da década de 1950.

O Belvedere foi doado para o evento pela Plymouth Motors e um grupo de concessionários locais da marca. Foi ainda utilizado um segundo Belvedere exatamente igual, doado a um participante de um concurso realizado alguns dias antes do “enterro”.

Em 1957, Oklahoma celebrava o seu 50º aniversário, tendo sido por isso organizada uma festa que durou uma semana, a “Tulsarama Golden Jubilee Week”, e o enterro do Belvedere fazia parte das festividades, com o slogan “Suddenly It’s 2,007”, idêntico ao que era utilizado pela Chrysler na época.

O objetivo era o automóvel ficar 50 anos enterrado, e em 2007, voltar à luz do dia. Foi feito um questionário, para as pessoas da cidade tentarem adivinhar qual seria a população de Tulsa em 2007 e, aquele que mais se aproximasse, ganharia o Belvedere.


O seu enterro aconteceu no dia 15 de Junho de 1957, numa “sepultura” construída no local, em concreto armado. Segundo se comentava na época e muito devido à Guerra Fria, a “sepultura” deveria resistir uma explosão nuclear. Além do automóvel, vários outros itens foram postos no local, para serem redescobertos em 2007, como um galão de 20 litros cheio de gasolina, uma lata de óleo de motor, ambos para porem o automóvel o motor para funcionar em 2007; uma mala com latas de cerveja Schlitz e produtos considerados típicos da bolsa de senhora, como um frasco de calmantes, uma multa de estacionamento, uma embalagem de cigarros, dois pentes, um batom, uma pacote de pastilhas e US$ 2,73 em notas e moedas, entre outros.

Na “sepultura” tinha ainda uma cápsula em aço, lacrada, guardada na traseira do automóvel, onde no seu interior continha uma bandeira dos Estados Unidos(ainda com 48 estrelas); documentos para a conta-poupança do vencedor, que começou com US$ 100 e os cartões onde as pessoas escreveram as suas apostas.

A caixa-forte -ou tumulo- onde estava tudo isto tinha altura de 3,7 metros e largura de 6,1 metros. Os pneus do “Miss Belvedere” não estavam em contato com o chão, para não serem danificados, estando o automóvel elevado. Após ser posto no local, o Belvedere foi envolto em plástico, pois pensava-se que assim iria resistir melhor ao tempo.

O nome “Miss Belvedere” foi dado por um dos organizadores do evento, sendo desenterrado em 14 de junho de 2007, durante as celebrações o centenário do Estado, após 18 meses de preparação. No entanto, a estrutura onde estava enterrado o Belvedere teve algumas trincas, o que permitiu entrar água e submergiu o automóvel, resultando numa grande degradação do mesmo, que tinha cerca de 2.000 litros de água no seu interior.

Acredita-se que esse estrago todo aconteceu ajudado por um acidente em uma obra perto, realizada em 1973. Para 2007, a organização chamou o preparador Boyd Coddington, para tentar por o Belvedere para funcionar, algo que acabou não acontecendo, devido ao seu estado. Tudo o que não estava protegido, ficou bastante danificado pela água.


Após a sua retirada, o Belvedere ficou exposto e, em novembro de 2007, foi levado para a Ultra One, em Nova Jersey, para tentar retirar a ferrugem do automóvel, com um produto desenvolvido pelo seu fundador Dwight Foster, mas o resultado não foi muito bom. A oxidação era muita, mas no entanto a aparência ficou muito melhor. No final, a ideia era doar o carro para um museu, mas ele ficou 10 anos guardado na Ultra One, até ser aceito pelo “Historic Auto Attractions Museum”, em Illinois, para onde foi em unho de 2017.

O vencedor do concurso foi Raymond Humbertson, que das 812 cartelas de aposta, foi o que ficou mais perto das 382.457 pessoas do dia da exumação do carro, com 384.743. No entanto, Raymond faleceu em 1979 e a sua esposa em 1988, não tendo deixado descendentes. O montante de US$ 100 dólares deixados numa conta-poupança em 1957, chegou aos US$ 666,66 em 2007, sendo esse valor doado às irmãs e sobrinhos de Raymond.

Como curiosidade, existe outra cápsula do tempo em Tulsa, mas desta vez foi usado um dos protótipos do Plymouth Prowler, e será aberta em 2048. Este foi fechada a 17 de janeiro de 1998, mas não está debaixo de terra, e sim num edifício construído para o isso, completamente lacrado. O automóvel foi drenado de todos os fluídos e protegido com diversos materiais. Tal como no caso do “Miss Belvedere”, foi também guardado muito material da época, como um celular e uma nota de US$ 50, entre outras.

Que o Prowler tenha melhor sorte que o Belvedere…


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