Os 10 melhores motores -alemães- de todos os tempos
Todo mundo sabe que o carro ideal é aquele que tem desenho italiano e mecânica alemã. A partir dessa teoria, AUTO&TÉCNICA faz uma viagem pela indústria européia. De desenho falaremos em outra ocasião; hoje o assunto é mecânica, ou melhor, motores. E alemães.
Queiram ou não, a Alemanha é o coração da indústria automotiva européia e referência mundial em termos de qualidade. Foram eles que inventaram o automóvel, e lá é a terra da Volkswagen, da Porsche, da Mercedes-Benz e da BMW.
É por isso que as marcas não-europeias quando decidem disputar mercado na Europa se instalam em terras alemãs. Foi assim com a GM/Opel, com a Ford, e mais recente, Toyota e Hyundai. Marcas não-europeias obrigatoriamente escolheram a Alemanha para atender às expectativas dos clientes mais chatos do mundo: os europeus.
1. BMW M88

Foi com este motor que a BMW ganhou reputação no desenvolvimento de motores de seis cilindros linha. Produzido entre 1978 e 1989, a primeira geração deste motor equipou desde o BMW M1 até o BMW 735i.
No BMW M1 tinha cerca de 270 cv de potência máxima, mas o seu potencial de desenvolvimento era de tal ordem que a versão M88/2 que equipava os carros do Grupo 5 da marca chegavam aos 900 cv! Estamos falando aa década de 1980!
2. BMW S50 e S70/2

O motor S50 (ou B30) era um seis cilindros em linha muito especial, com 290 cv de potência, que recorria ao sistema de comando de válvulas VANOS (uma espécie de VTEC, só que da BMW). Equipou o BMW M3 (E36). Podíamos até parar por aqui, mas a história ainda está na metade.

A BMW juntou dois motores S50 e criou o S70/2. Resultado? Um motor V12 com 627 cv de potência. O nome S70/2 não é estranho? É. Foi este motor que equipou o McLaren F1, o modelo com motor aspirado mais rápido da história sempre e uma das mais belas obras de engenharia da história. Sem nenhum exagero.
3. BMW S85

O motor S85 -conhecido por S85B50- é eventualmente o motor mais interessante da BMW dos últimos 20 anos. Sem rodeios, trata-se do motor 5.0V10 aspirado que equipou o BMW M5 (E60) e M6 (E63). Tinha 507 cv de potência a 7750 rpm e torque máximo de 52 mkgf a 6100 rpm. Redline? A 8.250 rpm!
Foi a primeira vez que um sedã esportivo recorreu a um motor com esta arquitetura e o resultado foi inesquecível. O som do motor era impressionante e a entrega de potência acabava com os pneus do eixo traseiro com a mesma facilidade que os políticos brasileiros destroem sua reputação.
Do ponto vista técnico, era uma obra de arte. Cada cilindro tinha um corpo de acelerador com controle individual; pistões e virabrequim fornecidos pela Mahle Motorsport e cárter quase seco, com dois injetores de óleo para que lubrificação nunca falhasse em aceleração ou em curvas , entre outros.
Enfim, um gerador de potência que no total pesava apenas 240 kg. Com um sistema de escapamento mais animado, o BMW M5 (E60) é dos sedãs com o melhor som da história.
4. Mercedes-Benz M178

É um motor muito recente. Lançada em 2015, a “família” de motores M177/178 obedece ao princípio de construção da AMG “um homem, um motor”, ou seja, cada motor AMG têm um técnico responsável pela sua montagem.
Uma excelente forma de garantir a confiabilidade da mecânica mas, acima de tudo, mais um detalhe para esfregar na cara do seu cunhado: “O motor do meu carro foi montado pelo Sr. Torsten Oelschläger, e o motor do seu? Ah, é verdade… o seu BMW não tem assinatura”…

Se este argumento —um pouco maldoso, é verdade…— não colocar um ponto final na sua amizade, você poderá sempre ligar o motor e dar vida aos oito cilindros em V alimentados por dois turbocompressores com 1,2 bar de pressão, que dependendo da versão pode ter entre 475 cv (C63) e 612 cv (E63 S 4Matic+). Impossível seu cunhado não gostar.
Outro ponto muito interessante neste motor é o sistema de desativação de cilindros que permite reduzir os níveis consumos e as emissões em velocidade de cruzeiro. Potência e eficiência de mãos dadas.
5. Mercedes-Benz M120

O motor M120 da Mercedes-Benz é uma espécie de James Bond das motorizações. Sabe ter classe e elegância e também sabe bastante sobre emoção pura.
Nascido no início da década de 1990, trata-se de um V12 em alumínio forjado, que começou a sua carreira a serviço de magnatas do petróleo, políticos, corpos diplomáticos e empresários bem sucedidos (não nos encaixamos em nenhum desses grupos) ao animar o gigante Mercedes-Benz S600. Em 1997 pediram-lhe para deixar as mordomias de lado e alinhar no Campeonato FIA GT, equipando o Mercedes-Benz CLK GTR.

Por questões de regulamento, foram produzidas 25 unidades de homologação com placa, piscas etc. Todos os dispositivos necessários para ser possível ir ao supermercado num carro de competição sem nos preocuparmos com a policia.
Mas a derradeira interpretação deste motor surgiu pelas mãos da Pagani. Horácio Pagani viu no M120 o motor ideal para equipar os seus superesportivos por dois motivos: confiabilidade e potência.

6. Volkswagen VR (AAA)

Tirando o fato da Volkswagen ter conseguido reduzir o tamanho, quais são os méritos deste motor? Fiabilidade. Era um motor extremamente fácil de preparar, suportando valores de potência superiores a 400 cv. O comando de válvulas único e o ângulo das válvulas era a grande limitação deste motor.
Foi da tecnologia empregue neste motor que derivaram os W8, W12 e W16 do Grupo Volkswagen. Isso mesmo! Acredite se quiser, na base do motor do Bugatti Chiron está o motor de um Golf! E não há mal nenhum nisso. É simplesmente fantástico que um dos carros mais exclusivos e potentes da história tenha algo de um pacato Golf. Tudo tem um princípio.

7. Audi 3B 20VT

Os motores de cinco cilindros em linha estão para a Audi como os boxer estão para a Porsche ou os seis em linha estão para a BMW. Foi com esta arquitetura que a Audi escreveu algumas das mais belas páginas da sua história no automobilismo.
O motor 3B 20VT não foi o primeiro motor da Audi com esta configuração, mas foi o primeiro motor de grande produção com 20 válvulas e turbo. Uma das versões mais conhecidas equipada com este motor é a wagon Audi RS2. Na versão ADU —que equipava a RS2— este motor teve uma ajuda da Porsche e despejava saudáveis 315 cv, que podiam se transformar em 380 cv com apenas uns cuidados extras.
8. Audi BUH 5.0 TFSI

Quem é que nunca sonhou com uma wagon RS6? Se nunca sonhou com uma, é porque no lugar do coração você tem uma calculadora chinesa fria e cinzenta, preocupada com consumo e com o preço da gasolina. Se já sonhou, você está do lado certo da força. E por falar em força, força era o que não faltava a este motor.
Facinho a potência podia subir para os 800 cv …
9. Porsche 959.50

Com apenas 2.800 cm3 de capacidade, este motor “flat-six” alimentado por dois turbocompressores desenvolvia 450 cv de potência, e isso na década de 1980!
Incorporava todas as tecnologias e inovações que a Porsche dispunha na época. Nasceu com o propósito de fazer a Porsche regressar ao Mundial de Ralis, porém a extinção do Grupo B mudou os planos da marca alemã. Sem Grupo B, este motor acabou por alinhar no Dakar e vencer.

Foi comercializado equipando o Porsche 959, o derradeiro rival do Ferrari F40, e dispunha de uma coleção de tecnologias que ainda hoje envergonham muitos automóveis modernos. A potência e a tração integral do Porsche 959 ainda hoje impressionam.
10. Opel C20XE/LET

Nos anos 1990, muitos brasileiros sonhavam com o Opel/Chevolet Calibra. Mas a versão Turbo 4X4 não chegou por aqui.

O calibra foi um dos esportivos mais bem nascidos da história da Opel, e vinha equipado com um motor C20LET, que na prática era um C20XE (esse sim chegou aqui) com alguns upgrades. Destaque para o turbocompressor KKK-16, pistões forjados da Mahle e gerenciamento eletrônica da Bosch. De fábrica tinha apenas 204 cv de potência, mas a qualidade de construção de todos os componentes permitia outras idéias.
Esta linha de motores foi tão bem nascida, que ainda hoje muitos categorias de Fórmulas para iniciantes na Europa recorrem à versão C20XE deste motor. Um motor que com facilidade atinge os 250 cv de potência sem usar turbo.