OS 40 anos do Peugeot 205 GTi

Muitos se lembrarão da década de 1980, quando as importações de carros eram proibidas no Brasil, e vivíamos à margem do mundo automotivo, com carros muitas vezes superados e sem lançamentos de importância. Justiça seja feita, foi o presidente Fernando Collor que decretou que “os carros nacionais são carroças” e abriu as importações no início dos anos 1990. Com isso, o Brasil não conheceu muitos carros interessantes, como o Peugeot 205 GTi, que completou 40 anos, que durou até 1998 e teve algumas poucas unidades vendidas aqui, mas nas versões mais simples.
por Ricardo Caruso

Em geral, a história do Peugeot 205 está repleta de sucessos esportivos -já que foi para as pistas e para provas de rali- e comerciais. Acima de tudo, graças ao hoje lendário GTi , com versões que faziam os motoristas redescobrirem o conceito de esportividade graças a uma carroceria muito leve movida por um motor de maior cilindrada, como o modelo 402 B Ligero havia feito mais de 40 anos antes.

A verdade é que o Peugeot 205 ajudou a transformar a imagem da empresa francesa. Conferiu a ela uma vocação mais moderna e dinâmica, que contrastava com a imagem tradicional e conservadora da marca para os seus sedãs médios. Além do GTi nas ruas, o visual esportivo do 205 foi testado em terrenos mais exigentes, como o Mund]ial de rali (WRC) ou o Rally Dakar, com o Peugeot 205 T16.
O seu criador, Gérard Welter, soube impor o seu estilo e o seu amor pelo desempenho e pelas competições num carro que hoje é uma lenda. Desenhista e chefe de uma equipe de competição de endurance desde 1969, com um recorde de velocidade na “24 Horas de Le Mans” ainda em vigor, o estilo do 205 prestou-se perfeitamente para as interpretações esportivas que se tornaram referência para a marca.


Hoje, o Peugeot 205 GTi ainda arranca suspiros dos fãs de automóveis esportivos. Na verdade, é um dos veículos mais reconhecidos e reconhecíveis da marca. Seu lançamento foi rápido: chegou ao mercado em março de 1984, apenas um ano após o lançamento do modelo 205. Era uma montanha de esportividade concentrada num carro de dimensões compactas.

Foi pensado para aqueles motoristas ávidos por adrenalina, mas que procuravam a discrição de um modelo campeão de vendas. Seu motor de 105 cv , aliado ao baixo peso, garantia essas fortes emoções. Temos que considerar a época. Em meados da década de 1980, o segmento de carros urbanos compactos na Europa estava imerso em uma verdadeira corrida desenfreada. Todas as marcas disputavam espaço para oferecer o maior número de cvs de potência em modelos com menor peso e dimensões.

Quando o 205 GTi chegou às ruas, os engenheiros da Peugeot já estavam trabalhando em versões mais potentes. O problema é que ainda seriam necessários alguns anos para passar dos planos à realidade. Mais especificamente, em 1987, chegou a segunda leva do 205 GTi .

Isso aconteceu com dois motores: o 1.6 GTi , que chegava aos 115 cv e se destacava pela agilidade e boa dirigibilidade, e o 1.9 GTi , que chegava a 130 cv . Além da potência , essas duas versões diferiam em detalhes, como freios a disco nas quatro rodas ou bancos revestidos de couro. Existiu até um modelo conversível do GTi, desenhado pela Pininfarina, o Peugeot 205 CTi .

Antes da chegada da segunda geração, os responsáveis da Peugeot fizeram da necessidade uma virtude, e pensaram no caminho mais rápido para oferecer uma versão ainda mais animada do GTi, com o carimbo de “original de fábrica” e o apoio e garantia da sua divisão de competição, a Peugeot Talbot Esporte (PTS). A solução foi oferecer um kit específico aos motoristas mais exigentes.

Assim como no Peugeot 505 Turbo Injection, o cliente comprava o carro com as características originais e tinha à disposição um kit para atingir 125 cv. Tinha que ser instalado em oficinas especializadas e aprovadas pelas autoridades. Surgiu assim uma espécie de Santo Graal para os fãs do 205. Cobiçado, mas desconhecido por muitos: o Peugeot 205 GTi Kit PTS 125 .

Outra versão interessante era o Peugeot 205 GTi Plus. Em janeiro de 1990 nasceu esta série especial, disponível com os motores 1.6 de 115 e 1.9 de 130 cv, sendo o mais vendido. Era uma versão especial que combinava esportividade com um certo nível de luxo no interior.

Destinado apenas a alguns mercados, procurava atrair uma clientela mais exigente, e para isso trazia acabamentos mais cuidados, uma única cor de carroçaria (Verde Sorrento metálico) e equipamentos internos típicos de automóveis de segmento superior, com direção assistida e ar condicionado.

Em 1998, após 15 anos e 5.278.050 unidades produzidas, o Peugeot 205 saiu de linha. Ele serviu de base espiritual para os modelos 206, 207 e 208.
Considerado até um hoje um dos carros mais emblemáticos da Peugeot, o 205 GTi foi eleito na Europa o melhor hot hatch de todos os tempos. Na briga por esse título estavam 50 modelos de todo o mundo e o prêmio foi concedido por jornalistas especializados daquele continente.
Linha do tempo Peugeot 205

24 de fevereiro de 1983: Lançamento do modelo de quatro portas do Peugeot 205
1984: Lançamento do Peugeot 205 de duas portas e do Peugeot 205 GTI 1.6 105 cv; comercialização do Peugeot 205 Turbo 16; primeira vitória no Campeonato do Mundo de Ralis (Finlândia)
1985: O Peugeot 205 Turbo 16 é Campeão do Mundo de Ralis (com Timo Salonen); o milionésimo Peugeot 205 sai da fábrica de Mulhouse
1986: Lançamento do Peugeot 205 Cabriolet, do GTI 115 e 130 cv; o Peugeot 205 Turbo 16 é Campeão do Mundo de Ralis (com Juha Kankkunen)
1987: O Peugeot 205 recebe um novo painel; o Peugeot 205 Turbo 16 vence o Paris-Dakar
1988: Lançamento do Peugeot 205 Rallye; segunda vitória do Peugeot 205 Turbo 16 no Paris-Dakar
1989: Lançamento do Peugeot 205 Roland Garros
1990: Ligeira reestilização (piscas e lanternas traseiras); lançamento do Peugeot 205 Diesel Turbo
1993: Fim da produção do Peugeot 205 GTI
1995: Fim da produção do Peugeot 205 Cabriolet
1998: O Peugeot 205 é substituído pelo Peugeot 206
FICHA TÉCNICA PEUGEOT 205 GTi 1.9 1992

Marca: Peugeot
Modelo: 205
Versão: GTi 1.9 1992
Combustível: Gasolina
Origem: França, Espanha, Chile, Taiwan, Irã, Uruguai e Marrocos
Categoria: Hatch
Porte: Compacto
Portas: 2
Ocupantes: 5
MOTOR
Instalação: Dianteiro
Posição: Transversal
Aspiração: Natural
Alimentação: Injeção eletrônica monoponto
Cilindrada exata: 1.905 cm3
Cilindros: 4, em linha
Válvulas por cilindro: 2
Comando de válvulas: Único, no cabeçote, acionamento por correia dentada
Potência máxima (CV):130 @ 6.000 rpm
Torque máximo (mkgf):16,8 @ 4.750 rpm
Potência específica: 68,2 cv/litro
Torque específico:8,8 mkgfm/litro
Taxa de compressão:9,6:1
Relação peso/potência: 6,8 kg/cv
Relação peso/torque: 52,4 kg/mkgfm]
Curso x Diâmetro dos pistões: 88 mm x 83 mm
Tuchos:Hidráulicos
Código do motor:XU9JA
TRANSMISSÃO
Câmbio: Manual
Marchas: 5
Acoplamento: Embreagem monodisco a seco
Tração: Dianteira
Código do câmbio: BE3/5
Aceleração 0-100 km/h:
7,8 s
CONSUMO
Cidade :8 km/l
Estrada: 13 km/l
Autonomia: 650 km
SUSPENSÃO
Dianteira: independente, McPherson
Traseira: independente, braço arrastado
Elemento elástico: mola helicoidal
FREIOS
Dianteira: Disco ventilado
Traseira: Disco sólido
DIREÇÃO
Assistência: nenhuma
Diâmetro de giro: não informado
PNEUS
Dianteira: 185/60 R14
Traseira: 185/60 R14
Altura do flanco:111 mm
Estepe: normal
AERODINÂMICA
Área frontal: 1,81 m²
Coeficiente aerodinâmico: Cx de 0,34
DIMENSÕES
Comprimento: 3.705 mm
Altura: 1.355 mm
Largura: 1.572 mm
Entre-eixos: 2.420 mm
Bitola dianteira:1.392 mm
Bitola traseira:1.328 mm
Vão livre do solo: não informado
PESO E CAPACIDADES
Peso: 880 kg
Porta-malas: 290 litros
Carga útil: 420 kg
Tanque combustível: 50 litros