Os artistas-pilotos em Le Mans
Na “24 Horas de Le Mans” deste ano, duas celebridades do cinema competiram na prova de resistência mais conhecida do planeta. Ao volante do Porsche 911 RSR-19 número 93 estava Michael Fassbender, e com um carro idêntico -mas com o número 88- estava Patrick Dempsey, agora o chefão da equipe Dempsey-Proton Racing. Os dois seguiram o caminho aberto por Steve McQueen e Paul Newman, ou seja, atores que trocaram as telas de cinema pela famosa pista francesa.
por Marcos Cesar Silva
Michael Fassbender
Fassbender esteve três anos se preparando para a sua primeira prova em Le Mans, depois de discutir a ideia com Patrick Dempsey durante um vôo que fizeram de Londres para Los Angeles. Dempsey entrou em contato com a equipe Porsche e a estrela dos “X-Men” se inscreveu na “Porsche Driving and Racing Experience”. Fassbender competiu na temporada de 2019 na “Porsche Super Sports Cup” da Alemanha, e conseguiu terminar em 13o. lugar.
Depois ocorreram as duas temporadas na “European Le Man Series” com Fassbender encerrando o campeonato em quinto lugar. “Michael pode não possuir um talento natural, mas é batalhador”, declarou o seu colega de equipe Richard Lietz durantes as preparações para a maior prova em que Fassbender participou, neste ano.
Em parceria com Zacharie Robichon e Matt Campbell na classe GTE Am, o ator não teve o que se pode chamar de uma estreia memorável em Le Mansno. Fassbender sofreu um acidente durante a classificação e mais duas vezes durante a noite, mas felizmente, em cada ocasião, a sua equipe conseguiu colocar o carro em ordem de novo. Acabou a prova em 16º lugar na sua categoria.
Patrick Dempsey
Patrick Dempsey, ou “McDreamy”, para os fãs da série “Grey’s Anatomy”, conseguiu realizar os seus sonhos em Le Mans, ao competir quatro vezes e ao subir ao pódio na sua última tentativa, em 2015. A carreira de piloto do ator começou com algumas etapas na série Panoz em 2004 e 2008, mas Dempsey já competia regularmente na “Rolex Sports Car Series” e, em 2009, juntou-se à equipe Advanced Engineering, de Seattle, para a sua primeira tentativa na “24 Horas de Le Mans”, e conseguiu terminar em nono na classe GT2.
Depois de ganhar mais experiência na Rolex e na American Le Mans Series, Dempsey regressou à França em 2013 já com a sua própria equipe, a Dempsey Del Piero Proton. No fim da prova, Dempsey quase alcançou o pódio ao ficar em quarto lugar, mas não se deu por vencido e regressou em 2014, para terminar em quinto lugar. Finalmente, em 2015 conseguiu chegar ao pódio em segundo lugar.
Dempsey já não compete mais, mas continua a ser visto nos boxes como chefe da sua equipe. Em 2022, a Dempsey-Proton preparou dois carros para Le Mans, mas apenas um concluiu a prova, em quinto lugar.
“Como ator, não temos controle em nada na nossa carreira, exceto quando somos os diretores ou os redatores. Mas assim que cruzamos a chegada numa corrida, sabemos que depende apenas de nós. É algo muito trabalhoso, muito inspirador e o desafio está em ultrapassar os nossos limites”, disse Dempsey.
Paul Newman
Se alguma vez uma corrida parecia que pertencia a um artista de Hollywood, esta corrida foi a de Le Mans de 1979. O herói deste filme foi Paul Newman, de 54 anos, que participou pela primeira vez na prova com um Porsche 935. Claro, que na trama, o piloto era pobretão com um automóvel que nunca iria conseguir competir contra os Porsche da equipe oficial da marca ou contra os Mirage equipados com motores Cosworth.
Durante a corrida os líderes da prova enfrentam problemas e a batalha passa para Kremer e Gelo, com o carro de Dick Barbour e Newman logo atrás. O que ninguém esperava foi a chuva torrencial que fez o ritmo diminuir drasticamente.
Com apenas algumas horas para o fim da corrida, o carro que estava na frente do pelotão teve um problema de transmissão e foi obrigado a ir às boxes. Quando regressou para a pista, Newman reduziu a distância de para apenas quatro voltas. O público esperava de ver o herói de Hollywood triunfar, mas uma simples porca defeituosa falhou, dando a vitória a Kremer.
Newman nunca voltou a correr em Le Mans, mas ficou famosos por continuar a competir até os 80 anos de idade.
Steve McQueen
O indiscutível “King of Cool”, Steve McQueen, disse certa vez que “corrida é vida. Tudo o que vem antes ou depois é apenas uma espera”. Das motos sujas de “On Any Sunday” ao pódio em Sebring, McQueen estabeleceu-se como um grande talento tanto ao volante como nas telas, mas nunca conseguiu cumprir seu objetivo final, que era competir em Le Mans.
Em 1970, McQueen estava na produção de um projeto de um filme épico sobre corrida e, como parte das gravações, planejava competir na “24 Horas de Le Mans”. Ele esperava que um grande resultado na “12 Horas de Sebring” convencesse os organizadores de Le Mans a permitirem sua inscrição na prova, em dupla com Jackie Stewart. Apesar de estar com gesso num dos pés devido a um acidente de bicicleta, McQueen pilotou o seu Porsche 908/2 branco e ficou em segundo lugar na Flórida, insuficiente para que os “cartolas” franceses permitissem que participasse da corrida de Le Mans. O ator não voltou a competir profissionalmente. No ano seguinte, o filme “Le Mans” chegou aos cinemas.