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Os Cadillac italianos

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A colaboração entre a Cadillac e alguns estúdios de desenho italianos produziu alguns dos automóveis mais luxuosos e estilosos da história. Reconhecidos por seu cuidado nos detalhes e elegância das linhas, esses “Cadillac italianos” destacam a arte dos construtores de carrocerias legendários, como Pininfarina, Ghia, Vignale e Zagato. AUTO&TÉCNICA explora aqui esses modelos impressionantes, projetados ou ​​construídos por empresas de prestígio, destacando suas contribuições únicas para o legado da Cadillac.

por Ricardo Caruso

Cadillac V16 Torpedo (1931) – Pininfarina

O primeiro contato de Pininfarina com empresas do grupo General Motors (GM) deu-se pouco tempo depois da empresa italiana ter sido criada, ao preparar um chassi para o recém apresentado Cadillac V16, por encomenda especial do Marajá de Orccha, na Índia, que pretendia ter um cabriolet para servir de veículo para a pouco nobre diversão de caça a tigres. Depois, em 1931, veio o Cadillac V16 Boattail Roadster, que marcou um momento crucial para a Pininfarina, sendo seu primeiro projeto em um chassi não italiano. Esta colaboração combinou o estilo exuberante dos carros americanos da época com a elegância italiana, inspirada nas tendências contemporâneas de roadsters esportivos. Embora classificado como um dois-lugares, suas dimensões generosas permitiram dois assentos adicionais escondidos dentro de sua traseira afilada, adicionando praticidade ao seu visual extravagante. O carro apresentava os quatro para-lamas separados da carroceria e um exemplo inicial da eliminação dos estribos tradicionais. Elementos interessantes ​​incluíam um para-brisa tipo “lâmina” de duas partes e cinco saídas de ar em cada lado do capô. Esta parceria Cadillac – Pininfarina não apenas exibiu o talento de desenhos da Pininfarina, mas também lançou as bases para futuras colaborações entre o estilo europeu e a inovação automotiva americana, deixando uma marca duradoura na história automotiva.

Cadillac Série 62 Coupé (1953) – Ghia

O Cadillac Serie 62 Ghia é um veículo impressionante, um dos dois únicos Cadillac criados pelo construtor de carrocerias italiano Ghia em 1953. Estreando no Salão de Paris de 1953, ele exibiu a elegância do desenho italiano em um chassi americano, mesclando arte com engenharia. A Ghia estava ganhando fama por seus inovadores carros “Idea” únicos, e o Series 62 Ghia exemplificou essa criatividade com suas linhas marcantes. Após sua exibição, o carro foi comprado pelo príncipe saudita Aly Khan e presenteado à atriz Rita Hayworth, adicionando glamour à sua história. Construído em um chassi Cadillac Series 62, este cupê era mais do que apenas um carro de exibição; era um símbolo do luxo em meados do século passado. Sua aparição na capa da revista “Road & Track” em janeiro de 1955 consolidou ainda mais seu lugar na história do automóvel, tornando o Cadillac Serie 62 Ghia um exemplo de excelência em desenho na sua época.

Cadillac PF 200 Cabriolet (1954) – Pininfarina

O Cadillac PF200 Cabriolet , revelado em 1954, exemplifica bem a fusão da ambição americana com a elegância italiana, criado pela Pininfarina. Com sua carroceria conversível e grade oval destacada com um “V” cromado inserido, ele captura a essência do estilo dos anos 1950, aprimorado por buzinas no para-choque dianteiro em forma de foguete. Originalmente pintado de prata com interior bege, o PF200 Cabriolet nunca entrou em produção, mas ganhou reconhecimento, vencendo o Gran Premio d’Onore no “Concorso d’Eleganza Roma” de 1957. Seu estilo influenciou futuros modelos da Pininfarina, como a série Lancia Aurelia PF200. Hoje, o Cadillac PF200 Cabriolet é celebrado por seu desenho inovador e luxo abundante, tornando-o uma peça marcante da história automotiva.

Cadillac Coupé Bill Frick (1955) – Vignale

O Cadillac Coupé Bill Frick , projetado por Giovanni Michelotti e criado pela Vignale em 1955, é um veículo único e que mostra a colaboração notável entre talentos automotivos americanos e italianos. Encomendado pelo engenheiro e customizador Bill Frick, este carro combina o estilo europeu com o gosto americano. O desenho elegante de Michelotti apresenta linhas fluidas, grade frontal ousada, vidros pequenos e para-lamas pronunciados, incorporando a estética europeia de meados do século passado em um chassi Cadillac. Esta fusão destaca a visão de Frick de excelência intercontinental, combinando engenharia de alto desempenho com estilo sofisticado. Notavelmente, a Vignale adaptou o desenho de Michelotti para outros veículos, como o Fiat 8V (veja aqui) e o MG TD, mas a versão Cadillac se destaca como uma verdadeira joia. Como criação única, o Cadillac Coupé Bill Frick é altamente valorizado, simbolizando o momento crucial na história automotiva quando as filosofias americana e europeia convergiram para um veículo impressionante.

Cadillac Elegante Special (1955) – Lema

O Cadillac Elegante Special, criado pela Carrozzeria Motto em 1955, simboliza uma notável colaboração transatlântica que funde detalhes de carros americanos com a delicadeza do visual italiano. Concebido pelo desenhista Albrecht Goertz e encomendado pela Birdsall & Mascari, uma concessionária americana de carros de luxo, este veículo único exibe toda a arte do desenho automotivo de meados do século passado. Construído em um chassi conversível Cadillac Series 62 de 1953, o carro foi enviado para a oficina da Motto, em Turim, onde os artesãos passaram 30 meses produzindo manualmente uma elegante carroceria de alumínio. O chassi foi rebaixado em 20 cm para proporcionar um perfil mais elegante e desempenho aprimorado. Curiosamente o carro apresenta a grade em forma de caixa de ovo, de inspiração italiana, criada pela Motto, e para-choques dianteiros duplos feitos de “projéteis” vindos dos para-choques Cadillac de 1954. A atenção aos detalhes brilha com um teto hardtop de alumínio de duas peças feito à mão, maçanetas de porta banhadas a bronze e emblemas personalizados em “V” dianteiro e traseiro. Com acabamento em uma impressionante pintura branco madrepérola brilhante com detalhes anodizados em ouro, o Cadillac Elegante Special continua sendo um raro exemplo de artesanato automotivo sob medida, fundindo com maestria o que ditava as regras americanas e italianas de desenho da época.

Bill Frick Especial GT Coupé (1957) – Vignale

O Bill Frick Special GT Coupé, projetado por Michelotti e com carroceria Vignale, representa uma evolução ousada de outro carro, chamado “Studillac” anterior de Bill Frick. Frick, não ficou impressionado com o motor original de 120 cv Studebaker de 1953 usado, substituiu-o pelo motor de 210 cv da Cadillac, criando assim um Studillac de alto desempenho. Capaz de atingir velocidades médias de 160 km/h e acelerar de zero a 100 km/h em sete segundos, o Studillac foi uma sensação, aparecendo até mesmo na história “Diamonds Are Forever” de James Bond. No entanto, quando o redesenho de 1955 da Studebaker caiu em desuso, Frick recorreu à Vignale. Ele aprimorou o chassi do Studillac com suspensões mais rígidas, adicionou travessas de reforço no chassi e o enviou para a Itália para uma carroceria personalizada. O resultado foi este Bill Frick Special, um GT elegante e potente, que recebeu elogios dos jornalistas especializados e foi capa da “Sports Car Illustrated” em 1956. Apelidado de “a resposta da América à Europa”, ele combinava a elegância europeia com o estilo americano, consolidando seu lugar na história automotiva.

Cadillac Skylight Coupe (1957) – Pininfarina

O Cadillac Skylight Coupé, lançado em 1958, significava uma mudança fundamental no desenho da Cadillac, enfatizando um estilo mais suave e sofisticado. Criado pela Pininfarina, ele combinava com maestria o luxo americano com o estilo italiano. Uma característica notável é sua dianteira, com ampla grade de finas barras horizontais cromadas, complementada por faróis duplos que realçavam a aparência aerodinâmica. O desenho inclinado para a frente da “coluna C” e as duas “barbatanas” traseiras altas criavam uma silhueta dinâmica, enquanto rodas raiadas com pneus de faixa branca clássicos adicionavam sofisticação ao carro.

Cadillac Skylight Conversível (1957) – Pininfarina

O Cadillac Skylight Convertible, parte da série Skylight, exemplifica bem a fusão da inovação automotiva americana e a sofisticação italiana. Apresentado como um modelo único nos Salões de Genebra e Paris de 1958, ele exibiu a elegância dos desenhos da Pininfarina, por trás de seu estilo marcante. Este veículo exclusivo apresentava exterior pintado de azul-prateado, refletindo as tendências de desenho de meados do século com sua cor sofisticada. O interior era em couro vermelho, criando um belo contraste que realçava o apelo luxuoso do carro.

Cadillac Starlight (1959) – Pininfarina

O Cadillac Starlight resumia a colaboração sempre interessante entre a Pininfarina e a Cadillac, surgindo do projeto o Eldorado Brougham. Revelado no Salão de Paris de 1959 e posteriormente exibido em Turim, o Starlight cativou os entusiastas automotivos com seu visual marcante e recursos inovadores. Um de seus elementos de destaque era o teto de Plexiglas, transparente, apresentando um forro exclusivo feito de quatro painéis de metal articulados, que podiam ser armazenados atrás, no porta-chapéu (alguém ainda lembra desse termo?), quando não estivessem em uso. Este detalhe inteligente adicionou praticidade à sua estética de vanguarda. Com linhas elegantes, o Cadillac Starlight representou o auge da elegância e sofisticação automotiva na sua época, fundindo o artesanato italiano com a engenharia americana. Embora limitada na produção, a influência duradoura no desenho de automóveis de luxo garantiu seu status como um carro clássico entre colecionadores.

Cadillac Eldorado Brougham (1959) Pininfarina

O Cadillac Eldorado Brougham, produzido em colaboração com a Pininfarina entre 1959 a 1960, é um dos Cadillac mais raros de sua época. Feito à mão na Itália, este modelo apresentava mecânica americana com um estilo externo mais discreto em comparação com seus predecessores extravagantes. O desenho elegante incluía lanternas traseiras discretamente integradas dentro das aletas, oferecendo uma alternativa refinada em relação ao visual dos exuberantes Cadillac anteriores. Apenas 99 unidades foram feitas, tornando os poucos exemplares sobreviventes incrivelmente raros. Embora os Eldorado Broughams de 1957-1958 tenham estabelecido um alto padrão de luxo e qualidade na indústria, as versões posteriores de fabricação italiana são menos reverenciadas pelos colecionadores. Apesar disso, os Eldorado Brougham de 1959-1960 continua, sendo um símbolo da parceria da Cadillac com os italianos e traz uma visão de estilo única durante este período.

Cadillac PF Jacqueline (1961) – Pininfarina

O Cadillac PF Jacqueline é um impressionante carro de exposição único, projetado pela Pininfarina e revelado no Salão de Paris de 1961. Batizado em homenagem a Jacqueline Kennedy, o carro refletiu o desejo da Pininfarina de colaborar com a Cadillac, a principal marca de carros de luxo da época. Parte de uma série limitada de projetos baseados na Cadillac, incluindo os modelos Skylight e Starlight, apenas os cupês Jacqueline e Skylight sobreviveram. Embora incompleto em sua estreia, sem motor ou suspensão, o Jacqueline atraiu o público com seu desenho inovador, influenciando futuros modelos da General Motors. Depois de passar décadas no museu da Pininfarina, foi vendido para Alain Dominique Perrin, presidente da Cartier, que o restaurou para um estado funcional, usando para isso um chassi Cadillac Eldorado Biarritz 1960. A restauração adicionou um motor 390V8 e preservou muitos de seus elementos internos originais.

Cadillac NART (1970) – Zagato

O Cadillac NART Zagato, um carro conceito de 1970, foi o resultado da colaboração ousada entre Luigi Chinetti Jr, a North American Racing Team (NART) e a construtora italiana Zagato. Criado para oferecer um modelo de quatro lugares luxuoso e de alto desempenho, tinha como objetivo entregar um visual exclusivo e motor central, mantendo a elegância e potência dos Cadillac. Chinetti realocou o trem de força de tração dianteira do Cadillac Eldorado para atrás dos bancos traseiros, para criar o layout de motor central, garantindo a abordagem elegante e inovadora que o carro merecia. O conceito foi desenvolvido com o apoio inicial da General Motors e foi finalizado por um artista, levando assim a um modelo de argila em tamanho real. Zagato foi incumbido de dar vida ao carro, usando um Cadillac Eldorado como base.

Cadillac Allantè (1987) – Pininfarina

O Cadillac Allantè, produzido de 1987 a 1993, foi a tentativa da Cadillac de competir com rivais de luxo como o Mercedes-Benz SL e o Jaguar XJS. Ao longo de seus sete anos de produção, mais de 21.000 unidades foram feitas. Alimentado por um motor 4.1V8 no lançamento, o motor foi atualizado para 4.5V8 em 1989 e depois o 4.6V8 Northstar em seu último modelo de 1993. O Allantè apresentou um processo de produção exclusivo e caro, com a Pininfarina na Itália projetando e construindo as carrocerias, que eram então transportadas de avião por 7.400 km para Detroit, para a montagem final, em um processo apelidado de “Allantè Air Bridge” (“Ponte Aérea Allantè”). O modelo também se destacou com seu painel de instrumentos totalmente eletrônico, embora não tivesse o recurso do painel de controle touchscreen visto em outros veículos GM da época, como o Buick Reatta.

Cadillac Villa (2005) – Bertone

O Cadillac Villa, mostrado pela Bertone no Salão do Automóvel de Genebra de 2005, foi um carro-conceito impressionante, construído na plataforma do Cadillac SRX. Sua característica de maior destaque foi o uso ousado de portas e teto de Plexiglass, com as portas dianteiras e o teto abrindo para cima em direção à frente, e as portas traseiras abrindo em direção da parte de trás do carro. Este desenho exclusivo criou uma experiência de entrada e saída da minivan bastante futurista. Por dentro, o Villa ostentava ambiente luxuoso e minimalista, abraçando as linhas limpas da arquitetura moderna e o uso inovador do espaço. O desenho destacava tecnologias avançadas, incluindo telas de LCD substituindo os painéis de instrumentos tradicionais e a ausência de espelhos retrovisores, com foco na conectividade virtual e na funcionalidade elegante.


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