Pagando na mesma moeda: China pode taxar carros europeus acima de 2,5 litros
A China ameaçou revidar as tarifas que a União Europeia quer impor contra os modelos elétricos que fabrica e exporta, retrucando justamente com impostos contra os automóveis europeus importados com motor a combustão acima de 2,5 litros de cilindrada. Os chineses já haviam apresentado uma queixa junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) no início deste mês de agosto, mas a retaliação dos asiáticos deverá se estender a tarifas adicionais de importação, e não apenas a automóveis.
da Redação

Esta posição de penalizar os automóveis com motores de alta cilindrada não é exatamente nova. Quando do anúncio das tarifas de importação europeias, a China ameaçou com taxas adicionais de até 25% à UE e aos Estados Unidos, sobre carros importados destes locais. O objetivo de ter uma referência tão específica —motores com mais de 2,5 litros— é exatamente o de “atacar onde dói mais”, ou seja, a indústria automotiva alemã, especialmente os fabricantes de veículos premium (leia-se Mercedes, Audi, BMW e Porsche).
Segundo as autoridades chinesas, no ano passado a Alemanha exportou para a China US$ 1,2 bilhões em automóveis com motores de grande cilindrada. Dessa forma, ao aumentar as tarifas para estes modelos, irá prejudicar as vendas das quatro marcas citadas, onde o mercado chinês representa parte crucial das suas vendas.
Bom lembrar que, recentemente, a Comissão Europeia reviu em baixa as tarifas de importação de modelos elétricos produzidos na China. A maioria das tarifas foi reduzida um pouco, mas houve construtores -como a Tesla (o Model 3 é produzido na China)- que viu o valor descer dos 20,8% para os 9%. Mas a UE está determinada a “castigar” os chineses, enquanto a China tem procurado influenciar vários países-membros da UE a rejeitar as tarifas de importação adicionais para os seus elétricos. Para que para as tarifas provisórias se tornem oficiais, é necessário que na votação final haja uma maioria qualificada de 15 países-membros, que representem 65% da população da UE.
Foi efetuada no mês passado uma votação secreta entre os 27 países-membros da UE, sem força legal, apenas para verificar para qual lado pende a balança. Apenas 12 votaram a favor da taxação, quatro votaram contra e os restantes 11 abstiveram-se. Entre as abstenções temos a Alemanha, Finlândia e Suécia, enquanto entre os que votaram a favor temos a França, Itália e Espanha.