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POLÊMICA: CADÁVERES USADOS EM CRASH TESTS

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Cadáver usado em crash test: polêmica.
Cadáver usado em crash test: polêmica.

Para muitos é repugnante, para outros desrespeitoso e, para os demais, um mal necessário. A Universidad de Zaragoza, na Espanha, tornou-se um dos sete centros existentes no mundo onde os bonecos (“dummies”) usados em crash tests estão sendo substituídos por cadáveres. Há uns 15 anos a Renault se envolveu numa polêmica ao divulgar que usou cadáveres em crash tests, abandonando rapidamente a prática.

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Não se trata de um retrocesso no caso da Espanha, e sim de uma pesquisa pioneira em nível global, no que é mais importante para a indústria automobilística neste século: reduzir ao máximo as mortes por acidentes, e quem sabe, simplesmente não conviver mais com essa possibilidade.

Os sistemas de segurança passiva –os que atuam antes que aconteça o acidente– poderão fazer boa parte desse trabalho, mas é preciso que os carros melhorem muito na absorção de energia dos impactos.

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Antes das câmeras de alta definição, da informática e das simulações em computador, a única maneira de saber o que acontecia antes e depois de um acidente era justamente provocando um. E para medir as consequências, existiam duas opções: usar seres humanos, vivos ou mortos. O primeiro “crash test dummy” foi criado por Samuel W. Alderson en 1949, quando este médico que trabalhava na força aérea americana foi proibido de avaliar nele mesmo o que a Força G era capaz de fazer com o corpo humano nas desacelerações.

Seu primeiro dummy foi batizado de “Sierra Sam”, porém seu uso na indústria automobilística começou no final dos anos 1950, depois de muita insistência do próprio Alderson sobre sua utilidade, mas os dummies não se popularizaram até a década de 1970, quando começaram a ser produzidos em maior volume. Até aquele ponto, era normal que os fabricantes e centros de pesquisas usassem cadáveres –de forma velada- nos crash tests.

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Hoje, estes bonecos avançaram muito em tecnologia, custam centenas de milhares de dólares, mas seguem sendo reproduções de plástico, borracha, resinas e metais, enquanto o corpo humano é constituído de 80% de água e sustentado por um esqueleto ósseo. Nos testes comparativos entre  dummies e cadáveres, as diferenças na dinâmica do impacto de um e outro, assim como as várias consequências, são diferentes quando observadas em câmeras de alta definição. Assim, tanto para validar os resultados obtidos com os crash tests como com a biofidelidade –similaridade entre o boneco e um corpo humano real– dos próprios dummies, finalmente é preciso recorrer ao mais parecido que existe anatomicamente com um ser humano vivo: um morto.

Devido às exigências sanitárias, éticas, religiosas e legais que este tipo de avaliação exige, nenhuma das fabricantes de automóveis se atreve a fazer ou divulgar oficialmente esse tipo de teste, apesar de já ter havido extensos estudos a respeito feitos por grandes marcas, que negam sua participação nesse tipo de programa.

Em todo o mundo só existem sete centros autorizados a manipular corpos humanos em crash tests, todos de nível universitário. O primeiro lugar onde isso começou foi na Wayne State University, no mesmo estado de Michigan onde os grandes fabricantes de carros dos Estados Unidos têm suas sedes. A WSU faz amplos estudos com cadáveres, trabalho patrocinado por empresas como Delphi e Ford.

Os crash tests com cadáveres na Espanha começaram agora, e são parte de estudos pioneiros em nível mundial. Na Europa só existiam dois centros que podiam promover esses experimentos até agora. O I3A -Instituto de Investigación en Ingeniería de Aragón- da Universidad de Zaragoza colocou em ação um programa de dois anos deste tipo de avaliação com pessoas que doaram seus corpos para a ciência.

 Fica a polêmica.


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