Classic Cars

POTÊNCIA PURA: AMG CHEGA AOS 45 ANOS

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As três letras AMG são sinônimo de desempenho e dão o nome a uma empresa nascida nos anos 1960 em Burgstall, Alemanha. AUTO&TÉCNICA vai contar esta história. A trajetória da AMG é interessante e conta com a participação do português Domingos Piedade. Para quem não lembbra, nos anos 197o ele era comentarista de Fórmula 1 da rádio Jovem Pan, trabalhando ao lado de Wilson Fittipaldi. 

AMGEstamos em 1965. Hans Werner Aufrecht, principal executivo da AMG, recebeu uma boa notícia da pior forma possível. O jovem engenheiro alemão desde pequeno sonhava em construir motores de competição para a Mercedes-Benz, e após ter batalhado muito para trabalhar na marca de Stuttgart exatamente naquilo com que sempre desejara, soube que a Mercedes tinha decidido acabar com todo o envolvimento nas competições de automóveis.

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Qualquer um teria ficado arrasado ao ver seu sonho desaparecer, limitando-se a aceitar a decisão superior e tentar manter o emprego, regressando aos projetos e produção de motores para carros de rua. Mas Aufrecht não era uma pessoa comum. Encontrou um colega tão teimoso quanto ele, chamado Erhard Melcher, e decidiu comprar um Mercedes 300SE. Desmontou o carro, retirou tudo o que não era necessário para competição, preparou o motor para garantir mais potência (passou de 172 para 240 cv, e foi buscar Manfred Schiek para pilotar o carro, ganhando 10 provas do Campeonato Alemão de Turismos de 1965.

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Naturalmente, as notícias ligadas a este sucesso se espalharam, e no final de 1966, Hans Werner Aufrecht e Erhard Melcher receberam dezenas de pedidos para transformarem Mercedes em carros mais rápidos, para uso em pista e, também, em ruas e estradas. Devido a este sucesso imediato, decidiram em 1967 abandonar os seus empregos na Mercedes e criar a própria empresa,  localizada nos arredores de Burgstall. Faltava dar um nome. Quando Aufrecht juntou o seu sobrenome ao de Melcher e se lembrou da sua cidade natal, Grossaspachen, nasceu a AMG (Aufrecht, Melcher, Grossaspach).

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O negócio cresceu rapidamente, e até a Mercedes percebeu que tinha deixado passar uma oportunidade rara e começou a lançar versões cada vez mais esportivas dos modelos da sua linha, sendo o exemplo mais expressivo o 300 SEL 6.3 litros de 1968. Esta forma agir da Mercedes poderia ter sido encarada pelos homens da AMG como uma tentativa da gigante em puxar o tapete da pequena preparadora. Porém, decidiram encarar esta situação como uma oportunidade única, e assim, a cada Mercedes esportivo que a marca alemã lançava, a AMG o deixava ainda mais potente rápido.

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A partir do 300 SEL 6.3 de fábrica, a AMG levou três anos desenvolvendo o modelo e o transformou no 300 SEL 6.8, subindo a potência dos 250 para os 439 cv, inscrevendo o carro na “24 Horas de Spa” de 1971. O carro, com o seu aspecto estranho, com enormes rodas, pesado e deselegante, virou motivo de piada do público e rivais. Porém, na pista, o enorme Mercedes conquistou o segundo lugar e a vitória na sua classe, perdendo a prova por uma parada não programada no box para reabastecimento; o 6.8V8 bebia muita gasolina.

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A AMG continuou a crescer de forma rápida, alimentada pelas muitas encomendas de interiores feitos sob medida e de motores potentes. Em 1976 as instalações de Burgstall ficaram pequenas e Aufrecht e Melcher decidiram mudar a empresa para Affalterbach, onde ainda hoje está a sede da AMG.

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Nos anos 80, a AMG estava tranquila, capacitada para não só alterar modelos já existentes, como produzir mudanças tão extensas que seus carros mereciam ser considerados como inéditos. Por exemplo o AMG 500 SEC, de 1984, era um automóvel tão modificado que ganhou outro status. Entre as muitas novidades estavam os cabeçotes de quatro válvulas por cilindro, algo que a Mercedes só usou nos seus carros vários anos depois.

Porém, foi em 1986 que a AMG começou a trilhar outro caminho, participando de aneira mais ativa do mercado. Para isso, criou um modelo que tinha como base o sedã W124 (Classe E) onde a AMG tinha instalado o maior motor da Mercedes na época, o 5.6V8, com cabeçotes de quatro válvulas por cilindro AMG. Nascia uma verdadeira fera, que enfrentava de igual para igual carros como a Ferrari 288 GGTO, mas com uma pilotagem mais tranquila, ao alcance de todos. Isto apesar da tração apenas nas rodas traseiras e caixa de câmbio auutomática de quatro velocidades. Nunca um sedã como o W124 seria capaz de acelerar de zero a 100 km/h em 5 segundos com uma velocidade máxima de quase 300 km/h.

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Com esse currículo, em 1990 a Mercedes decidiu formalizar a relação que já existia há muito tempo, mas não era assumida. Por um lado, a Mercedes recebeu uma marca esportiva que era reconhecida em todo o mundo, e por outro, a AMG podia vender os seus produtos por meio da rede de concessionários da Mercedes e com garantia da marca alemã. Mas o mais importante era mesmo o fato da Mercedes e da AMG começarem a trabalhar em conjunto em novos produtos.

O primeiro produto dessa parceria foi o W202 (Classe C) na versão C36 AMG de 1993, um modelo com 279 cv, o suficiente para deixar para trás a BMW M3 E36, mesmo que com molas mais macias, peso elevado e câmbio automático de quatro velocidades. Este foi um modelo decisivo, pois lançou a diretriz dos AMG para o futuro. O restante dos anos 1990 foram de aprendizado, com a AMG exagerando e criando, para os árabes endinheirados, modelos excêntricos.

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Modelos como a versão de rua do CLK GTR Le Mans, o Mercedes G60 AMG equipado com um motor 5.9V8 com câmbio manual, o S63 AMG Pullman, um sedã com 6.2 metros de comprimento ou o SL 73 AMG, que ainda hoje detêm o recorde do maior motor usado numa Mercedes,  com 7,3 litros. Motor grande, mas não o mais potente pois em 2001, a Mercedes e a AMG usaram a tecnologia que tinha sido usada para dominar a Fórmula 1 deis da Segunda Guerra. Ao sobrealimentar o motor 5.4 V8, atingiu novo patamar de potência e desempenho performance. A versão mais mansa do E55 AMG tinha a mesma potencia de uma Ferrari F40 e velocidade máxima que beirava os 300 km/h.

O ano seguinte, 2003, foi muito bom para a AMG. De um lado estava o SLR McLaren, do outro o primeiro motor diesel da AMG, o C30 CDI AMG, com 230 cv. Na verdade, esse motor de cinco cilindros era mais um diesel comum do que um propulsor especial. Nesse mesmo ano, a AMG lançou o 6.0V12 biturbo, motor que ainda hoje continua em uso no S65 AMG da nova Classe S.

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Três anos depois, em 2006, novo marco na história da AMG, com o lançamento do motor 6.2V8 aspirado no lugar do anterior V8 turbo. Este foi o primeiro motor projetado e feiito pela AMG, e não uma evolução de um existente na Mercedes. Foi também neste ano que a Mercedes e a AMG lançaram os primeiros de uma série de carros chamada “Black Series” , com o SLK AMG Black Series. O sucesso do SLK levou a AMG e a Mercedes a ampliarem a oferta da “Black Series”, incluindo um CLK Black e o menos espalhafatoso SL65 AMG Black Series. Porém, estes foram apenas o começo de um dos carros mais marcantes da AMG, o SLS que depois se transformou no elétrico SLS AMG E-Cell.

A história atual da AMG é ligeiramente diferente e passa por carros como o A45 AMG, o primeiro compacto esportivo da marca alemã e até o GLA 45 AMG, garantindo que todas as linhas usem motor ou a transformação completa AMG.

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O futuro da marca parece tranquilo, pois está chegando o substituto do C63 AMG e o novo GT AMG, pensado para mover frear a concorrência do Porsche 911. Desafiar modelos icônicos não é uma tarefa fácil, mas se alguém é capaz de fazer isso, o desafio cabe à marca de Affalterbach.


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