Classic Cars

RENAULT 12: O “IRMÃO” DO FORD CORCEL

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O Ford Corcel brasileiro teve origem no Renault R12 francês. Essa história merece ser lembrada, pois o carro francês foi lançado em 1969 e, com poucas mudanças, ficou em produção até o ano 2000. Já o Corcel de primeira geração foi feito de 1969 a 1977.

O Ford Corcel.
O Ford Corcel.

Vamos voltar no tempo. Em 1877 nasceu em Paris, França, Louis Renault. Apaixonado por mecânica e engenharia, já em 1899 fundou junto com seu irmão Marcel uma empresa para fabricar automóveis, a Renault. O sucesso foi tão grande, que antes mesmo da eclosão da Primeira Guerra Mundial já era a principal fábrica de carros francesa.

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A traseira do R12.

De modelo em modelo, sua história e reputação foi sendo construída. Em 1965, depois do lançamento do R16, começou o “Projeto 117”, que chegaria às ruas como Renault 12. Era um carro para substituir o R8, que tinha motor e tração traseiros, evolução dos nossos conhecidos Gordini. O carro foi concebido para ser econômico e despojado. A explicação é lógica: no distante ano de 1968, os automóveis com motor de 1.100 e 1.500 cm³ significavam quase 50% das vendas no mercado europeu, e a Renault buscava sua fatia nesse segmento.

O CORCEL

Naquele mesmo ano, aqui no Brasil, foi lançado o Ford Corcel, “irmão” do futuro Renault. Como essas histórias se cruzam? Simples. Os estudos para a fabricação do Renault 12 sob licença pela Willys Overland já estavam iniciados, quando a marca foi comprada pela Ford, que herdou o projeto e não deixou o carro de lado.

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Raio-X do Corcel: carro francês, que seria feito aqui pela Willys, mas virou Ford…

O R12 foi lançado em 1969, no Salão de Paris. Com carroceria de quatro portas e três volumes, tinha desenho fora do comum. O Ford Corcel era mais conservador, com suas linhas retas. Já o R12 tinha a frente e traseira bem inclinadas, com alguma preocupação com a aerodinâmica. O francês media 4,34 metros de comprimento e pesava 900 kg.

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O motor era dianteiro longitudinal, com 1.290 cm³ e 60 cv de potência máxima a 5.250 rpm. A taxa de compressão era de 8,5:1, o comando de válvulas ficava no bloco e era alimentado por um carburador simples. A tração era dianteira e a velocidade máxima de 145 km/h. Usava freios a disco na dianteira e a tambor na traseira; as suspensões trabalhavam com molas helicoidais, sendo a dianteira independente e a traseira com eixo rígido. As rodas eram aro 13.

NA ROMÊNIA

Quase ao mesmo tempo, na Romênia foi iniciada a produção do Dacia 1310, idêntico ao R12, que durou até o ano 2000. Em 1970 foi apresentada a wagon do Renault, com cinco portas. Como no sedã, a visibilidade era boa e a capacidade de carga suficiente para sua proposta. Usava o mesmo motor, mesmo sendo cerca de 50 kg mais pesada.

No final de 1970, o R12 foi lançado na Argentina. Também naquele ano, no dia 19 de julho, milhares de pessoas compareceram ao autódromo de Paul Ricard, na França. Lá aconteceu a apresentação do esportivo R12 Gordini, tudo regado a muito vinho e bons nacos de carneiros.

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O esportivo Gordini.

A versão Gordini tinha a mesma carroceria do R12, mas era vendida só na cor azul, tom oficial dos carros de competição da marca, com faixas brancas, tomada de ar no capô, rodas esportivas e faróis de milha. O carro não tinha pára-choques, e sim borrachas protetoras. Quem quisesse pára-choques, pagava mais 5% do valor do carro. O motor era o mesmo do R16 TS, com 1.565 cm³, coletores de admissão e escapamento especiais, e dois carburadores. O câmbio era de cinco marchas, os discos de freio dianteiros eram ventilados e os traseiros eram sólidos.

DE PISTA

Nessa configuração, a aceleração de zero a 100 km/h era feita em 12 segundos, com velocidade máxima de 185 km/h. As primeiras unidades chegaram às lojas em outubro e logo foram para as pistas, onde fizeram bastante sucesso.

Pouco tempo depois foi lançada uma versão realmente de competição, o 807/G, com motor de 1.596 cm³, taxa de compressão de 11,5:1, 17 mkgf de torque e 160 cv de potência. O 807/G chegava aos 205 km/h. Vinha de fábrica com “santoantonio” e painel bem instrumentado, entre outros. Por seu volante passaram nomes como Didier Pironi, Patrick Tambay e Patrick Depailler, que chegaram à Fórmula 1, e Jean Ragnotti, Bernard Darniche, Guy Fréquelin e Michèle Mouton, que brilharam nas provas de rali.

A wagon R12 de 1975, com jeitão de Belina.
A wagon R12 de 1975, com jeitão de Belina.

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Enquanto isso, o R12 normal continuava vendendo bem, e logo veio uma versão com câmbio automático e motor mais potente, para agradar o mercado americano. Em 1974 o R12 era o carro mais vendido na França, com 380.000 produzidas naquele ano, quando teve mudanças nos pára-choques, faróis e lanternas traseiras.

O FINAL

Com pequenas mudanças, o R12 continuou sendo fabricado até 1980 na França e, dois milhões de unidades depois, foi substituído pelo R18, com linhas e motores bem mais atuais.

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Até hoje o R12 Gordini é lembrado e celebrado. O R12 também foi fabricado em Billancourt, França; Santa Isabel, Argentina (pela IKA); Heidelberg, Austrália; St. Bruno, Canadá; Los Andes, Chile; Duitama, Colômbia; Sahagun, México; Mioveni, Romênia; Valladolid, Espanha; (Fasa-Renault); Bursa, Turquia (Oyak-Renault); Mariara, Venezuela e Haren-Vilvoorde, Bélgica (RIB). Na Argentina, o carrinho ficou no mercado até 1994, e teve até uma versão esportiva exclusiva para aquele mercado. Desapareceu de vez em 2000, quando a Dacia o tirou de linha.


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