Sabra Sport GT: nascido em Israel
No final da década de 1950, Yitzhak Shubinsky fundou a Autocars Company, o que veio a ser o primeiro fabricante israelita de automóveis. Fabricante talvez seja um exagero, aonda mais se considerarmos que nos primeiros anos de vida a Autocars apenas montava veículos Hino Contessa e Triumph 1300, com o objetivo de vender no lucrativo mercado norte-americano, como forma de levar bons lucros para Israel.
Após algum período de incerteza, Shubinsky apostou na fabricação dos modelos Sussita, Carmel e Gilboa, todos veículos econômicos, que alcançaram bons números de vendas no mercado israelita, graças ao fato de que o governo comprou boa quantidade deles para auxiliar o início da empresa.
A grande cartada de Shubinsky chegou no Salão de Nova Iorque de 1960, quando ele decidiu enveredar por um caminho diferente para a sua empresa: a produção de veículos esportivos. Shubinsky tinha noção de que a capacidade para produzir um veículo do gênero era inexistente no seu país. Foi então que recorreu à Reliante.
Assim, com a ajuda inicial da Reliant Motorcar (os mesmos responsáveis pelo estranho Robin de três rodas), a Autocars estreou o Sabra no ano seguinte, no mesmo Salão de Nova Iorque, na sequência de uma parceria de vinha de anos anteriores, quando a Autocars confiava à Reliant a tarefa de trabalhos com fibra de vidro.
Alimentado por um motor Ford de 1.7 de 61 cv de potência, o nome Sabra foi escolhido pois significava “nascido em Israel”, o que também influenciou o seu logotipo. Existiu ainda uma outra versão desta mecânica, com a designação “Alexander Kit”, que utilizava dois carburadores SU ao invés de apenas um carburador Zenith, e adicionava válvulas de melhor qualidade, o que aumentou a potência do motor do Sabra para 90 cv. Ambas versões usavam caixa de câmbio manual de quatro velocidades.
Os desenhistas criaram uma carroceria de fibra de vidro montada num chassi Leslie Bellamy (levemente modificado a partir do original do Ford Anglia), tudo componentes britânicos. Em nível de suspensão, na dianteira era possível observar a aplicação de molas Girling e amortecedores, enquanto na traseira se destacava um “live axle” com ligação Watts, molas Girling, e amortecedores. No sistema de freios, a dianteira estava equipada com discos e, na traseira, freios a tambor.
Apesar da identificação destes carros trazer “Autocars Company Limited, Haifa, Israel”, a verdade é que os 144 primeiros foram montados pela Reliant em Inglaterra, em parte devido a atrasos na construção da fábrica em Israel. A produção depois foi transferida para Israel, onde encerrou as atividades em 1967, devido à “Guerra dos Seis Dias”. As encomendas realizadas foram cumpridas, mas apenas entregues nos anos de 1968 e 1969. De uma maneira interessante, a Reliant continuou a produzir uma versão sua do Sabra, que rebatizou de Sabre.
Os Sabra, com as suas variações de Cabriolet e, mais tarde, de Coupé (mais rara), foram vendidos além das fronteiras israelitas, com destaques para 144 que chegaram aos Estados Unidos e 81 com destino à Bélgica. Atualmente, cerca de 100 Sabra são conhecidos, do total de 379 unidades produzidas, estando um número considerável destes na Bélgica.