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Salão de Detroit: a volta dos “grandes e rápidos”

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O ano começou, como sempre, com o Salão de Detroit (que os norte-americanos insistem em chamar NAIAS -North American International Auto Show). Lançamentos, conceitos, alguns antigos e, principalmente, opulência… Isso mesmo, o mais importantee é que Detroit voltou a exibir o vigor de outras épocas, com carros maiores e muita potência oferecida.

Os norte-americanos são dramáticos e gostam de exagerar ao dar nome a tudo que produzem: campeonato mundial de baseball, mundialmente famoso Donut’s ou a maior qualquer coisa do planeta. Após anos esmagados pela crise econômica, que exigia contenção de despesas, carros menores, baixos consumos baixos e motores reduzidos, desta vez tudo parece ter voltado ao normal. “Big and Fast is Back” (Grande e Rápido está de Volta) clamam os jornais locais. Verdade. Os carros grandes com seus motores potentes, rápidos e ostentadores, estão de volta ao Salão de Detroit

Depois de anos correndo atrás da mobilidade responsável, economia em todos os sentidos e o uso de criatividade na busca de soluções para retomar os lucros -agora magros, mas mesmo assim milionários- e colocar ordem nos prejuízos e dívidas, tudo parece estar diferente em Detroit. O repentino  regresso do petróleo barato parece que foi previsto pelas maiores marcas mundiais. Lembrando tudo o que aconteceu nos últimos três anos, fica a ideia que foi um ciclo de produtos que acabou, onde dominavam os motorzinhos econômicos, de três ou quatro cilindros, que nunca fizeram parte do repertório norte-americano.

Modelos com muitos recursos mas com desempenho desanimador e preocupações puramente econômicas ditavam a regra. Hoje muitos desses modelos estão no meio do ciclo de vida e outros já envelhecidos, na hora de serem substituídos. A VW mostrou isso com o novo Cross Coupe GTE (veja aqui no site), por exemplo, um SUV maior que o Touareg e que promete, para os locais, uma versão de sete lugares ainda maior.

Naturalmente que a volta dos “Big and Fast” foi beneficiado pelas novas tecnologias, que permitem retirar de cada gota de gasolina ou de diesel (e até do metanol), o máximo possível em rendimento e economia. Os combustíveis baratos podem ter voltado para ficar, pois o caminho aberto para voltar a aumentar a potência e desempenho, não vai -como no passado- significar maior consumo. Por isso, todos os grandes esportivos apresentados, não chamavam atenção pelos motores, e sim pelas capacidades de serem rápidos e potentes sem consumirem muito combustível ou poluírem em demasia.

Destaques existem em todos os estandes do Cobo Center, local onde é realizado o Salão, A partir do distante ano de 1989, o North American International Auto Show ganhou status de “internacional”, por iniciativa da Detroit Auto Dealers Association (DADA), sendo realizado desde 1965 no Cobo Center, ocupando mais de 90 mil m2. Claro que o trio de norte-americanos de Detroit –General Motors, Ford e Chrysler– dominam a cena e usam o evento para apresentar suas novidades domésticas, mesmo com a Chrysler ter desaparecido em favor da FCA (Fiat Chrysler Automobiles).

Por isso, não causa espanto que GM e Ford tomassem a frente da mostra. A Ford lembrou os tempos da Shelby e dos “muscle cars”, exibindo o novo Mustang GT350R e mais um lote de novidades para os norte-americano consumirem, como a pickup F150 Raptor. O esperado Focus RS não deu as caras, mas em compensação a marca mostrou o o novo GT, esportivo que remete à herança do original GT40 e da sua reencarnação de 2006, o GT. O novo modelo tem motor V6 -e não um clássico V8- com mais de 600 CV, desenho estimulante e, ao que tudo indica, estará na “24 Horas de Le Mans’ em 2016 para celebrar o 50º aniversário da vitória humilhante da Ford sobre a Ferrari.

A GM seguiu outro caminho e apresentou o novo Volt, com  retoques no desenho e ligeiro aumento de autonomia em modo elétrico, e lançou ainda um novo protótipo totalmente elétrico, o Bolt, que com autonomia de 320 km, será comercializado a um preço mais acessível; poderá até ser vendido na Europa com a marca Opel, a menos de US$ 40 mil. O Bolt é tão importante para a GM, que Mary Barra, a presidenta da GM, saiu de seu escritório (onde vive ocupada lidando com questões jurídicas e recalls) para apresentar o carro e explicar que trata-se de um modelo “para uso diário”.

Mas alguns carros mais ao gosto dos norte-americanos apareceram na festa, como o Cadillac CTS-V de 650 CV, preocupação para os Mercedes AMG e BMW M, ou o Buick Avenir, sedã com jeitão de carro europeu, grande como os modelos das décadas de 1960/1970, mas bem atual,  prova definitiva de que os carros “Big” estão de regresso, mas desta vez com estilo, qualidade e eficiência.

Entre os europeus, a Jaguar revelou o nome do seu SUV, durante uma reunião no histórico estúdio de Harley Earl, chefe do estilo da GM (falecido em 1969), homem que ficou conhecido por ter sido o pai do desenho do Corvette e de ter introduzido os “rabos de peixe” no estilo da GM. Após uma troca de elogios entre os executivos da mara, celebrando os resultados obtidos em 2014, foi revelado que o SUV se chamará F-Pace (leia aqui no site). Pelo menos é um nome mais interessante que o escolhido pela Bentley para o seu primeiro SUV: Bentayga. Explicamos: este nome é inspirado numa montanha de mesmo nome, nas ilhas Canárias.

A BMW também mostrou suas novidades, com os M6 em várias versões de carroceria; os novos Série 6 e mais algumas coisinhas para os norte-americanos gastarem dólares na M Performance. Isso além do Mini John Cooper S Works. A Porsche lançou o Targa 4S, a Mercedes exibiu seus AMG e, além do GLE, lançou o GLE 63 AMG. A Alfa Romeo finalmente mostrou a 4C Spider (veja matéria aqui no site), a Maserati levou até Detroit o belo Alfieri, a Mercedes o F105 Luxury in Motion (leia aqui no site), a Volvo o novo S60 Cross Country… nada de mais estimulante entre os europeus.

Os japoneses e coreanos estavam bem mais calmos que das outras vezes, e apenas a Honda atraiu olhares com o novo NSX, bem diferente do original de 1990 (que Ayrton Senna tinha na garagem), sendo agora híbrido, futurista e estranho. Mas não era uma novidade absoluta, pois já havia sido mostrado em város teasers e, em Detroit, apareceu na versão Acura, um pouco diferente da versão Honda. A Infiniti -os Nissan de luxo- mostrou o conceito Q60, um bonito cupê ao melhor estilo italiano. A Hyundai, além do Sonata Hybrid, apresentou um concept truck, pickup para o mercado norte-americano, chamada Santa Fé.

Para muitos, foi o evento que mudou um rumo, deixando de lado o “carro-responsável” em favor da ostentação. A atração do evento foi, sem dívida, a Ford com o GT. Atração material, pois a estrela física foi Mary Barra, por ter coragem de aparecer no Cobo Center para apresentar um carro que poucos acreditam que vá muito longe, observando apenas o que aconteceu com o Volt. Pode ser que sim, pode ser que não. Sinais dos novos tempos nos lados da GM.

Confira as imagens o Salão de Detroit


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