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Tarifas de Trump x Stellantis: lucros podem cair mais de 75%

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Os lucros da Stellantis caíram 70% em 2024. O impacto das tarifas sobre automóveis importados nos Estados Unidos, que entram em vigor ainda em 2025, aumenta o risco de nova queda violenta dos lucros.

As tarifas de importação de automóveis para os Estados Unidos, anunciadas por Donald Trump, ainda não entraram em vigor, mas as previsões do seu impacto já ronda os bilhões de dólares. De acordo com um relatório do banco de investimento Jefferies, citado pela imprensa europeia, a Stellantis deverá ser o grupo mais impactado: o lucro poderá desabar em 75% com a aplicação das tarifas.

por Marcos Cesar Silva

No ano passado, a Stellantis exportou 305 mil automóveis para os Estados Unidos —destes, apenas cerca de 58 mil unidades saíram da Europa—, num total de 1,3 milhões de veículos vendidos. Número que equivale ao valor de US$ 17,1 bilhões. O estudo estima que as tarifas sobre automóveis poderão impactar o Grupo em US$ 4,3 bilhões de dólares. O mesmo vai acontecer com as peças e componentes, que representam um valor de US$ 6,8 bilhões para a Stellantis. O impacto estimado das tarifas nesse caso será de US$ 2,8 bilhões.

Embora 61% dos automóveis vendidos pela Stellantis nos Estados Unidos sejam produzidos localmente, o Grupo continua muito dependente das suas fábricas no México e no Canadá para fornecer aos norte-americanos. A situação industrial da Stellantis na América do Norte é, atualmente, bastante complicada. O Grupo tem um excesso de capacidade produtiva que ronda os 1,3 milhões de unidades; bom lembrar que as vendas no mercado norte-americano estão caindo há alguns anos.

As fábricas a Stellantis que tem nos Estados Unidos estão sub-utilizadas: operam apenas a 52% do total de capacidade. É regra geral no mercado automotivo que uma fábrica tem que funcionar a, pelo menos, 80% da sua capacidade total para ser viável. Para contornar o impacto das tarifas, a Stellantis poderá transferir parte da produção que tem no Canadá e México para as fábricas que tem nos Estados Unidos.

Diante das ameaças de Trump, a Stellantis manifestou preocupação com o impacto das tarifas, mas afirmou estar “comprometida com a visão do presidente Trump de aumentar os empregos e a produção automóvel nos Estados Unidos”. No entanto, a empresa destaca que é “fundamental que as tarifas sejam implementadas de forma a evitar o aumento dos preços para os consumidores e a preservar a competitividade do setor automotivo integrado da América do Norte.”

Desde o anúncio da história das tarifas, as ações da Stellantis caíram 4,1% na bolsa de valores de Milão, atingindo o seu nível mais baixo desde a fusão da Fiat Chrysler Automobiles com o Grupo PSA, em 2021. Além da Stellantis, o Jefferies prevê que os fabricantes alemães —Grupo Volkswagen, BMW e Mercedes-Benz — também sejam fortemente afetados, com perdas estimadas entre 25% e 40%.


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