TEST DRIVE: JAC J2 1.4, UMA ÓTIMA SURPRESA
A JAC Motors foi a primeira marca chinesa a desembarcar para valer aqui, em março de 2011, com os J3 e J3 Turin. De lá para cá, promoveu vários lançamentos, e o mais recente deles deles foi o pequeno e surpreendente JAC J2.
E o melhor: tem preço de popular nacional (R$ 31.990), mas além do charme de ser um importado, tem linhas que o diferenciam no cenário do dia a dia, eficiente motor 1.4 e um “pacote” recheado de equipamentos, como ar-condicionado, direção elétrica, vidros/travas/espelhos elétricos, airbag duplo, freios ABS, som, faróis de neblina e outros. Um carro de nicho, co o o Fiat 500, Mini, Smart… só que do ponto de vista chinês.
Isso mesmo, o J2 tem preço de popular, mas de popular não tem nada. Muito pelo contrário. O motor é o mesmo 1.3 que a JAC teima em chamar de 1.4 (1.332 cm3 exatos) do J3, com 108 cv de potência máxima. E aí as coisas começam a ficar mais agradáveis, pois ele pesa somente 915 kg. Com relação peso/potência (8,47 kg/cv) favorável, é esperto e ágil. Acelera de zero a 100 km/h em 9,8 segundos e chega a assustadores 187 km/h. Uma delícia.
VISUAL
Outro destaque do J2 é seu visual, onde a dianteira é bem resolvida, a lateral atraente e a traseira com linhas diferentes e interessantes; uns adoram as enormes lanternas, outros detestam, mas fazem parte do visual diferenciado do modelo. Tudo muito prático e funcional.
Motor e desenho estão corretos, certo? Então espere para ver o interior. O J2 segue o mesmo bom padrão de acabamento dos outros modelos da marca, e tem vários detalhes bem diferentes dos encontrados em carros nacionais. Os revestimentos são escuros, uma exigência inexplicável do consumidor brasileiro. Painel e forros de portas abusam dos pásticos duros, mas bem desenhados e com encaixes certos.
Apesar de pequeno por fora, tem quatro portas e bom espaço interno, com bancos confortáveis e bem desenhados. O espaço para os ocupantes na dianteira é muito bom, e na traseira é um pouco menos espaçoso, mas sem comprometer. Sempre lembrando que estamos falando de um carro bem pequeno, de apenas 3,54 m de comprimento. Ajuda nessa sensação de espaço o teto alto, onde pessoas com 1,85 m de altura se acomodam bem, deixando a cabeça longe do teto. A largura de 1.64 m é suficiente para acomodar atrás dois passageiros.
E o porta-malas? Como é um carrinho essencialmente urbano –mas que pode ir para a estrada sem problema algum- foi preciso sacrificar o porta-malas. É pequeno, apropriado para sua proposta de levar pequenos volumes, com 121 litros de capacidade. O tanque de gasolina segue o mesmo padrão diminuto, com 35 litros, o que é um problema num país grade como o Brasil, com longos trechos rodoviários.
PAINEL
O conjunto de instrumentos é bem interessante e também diferente. Um mostrador central circular (velocímetro) e dois pequenos, um de cada lado (contagiros na esquerda e combustível na direita). A iluminação em azul agradou. Uma curiosidade: quem conhece um mínimo de carros clássicos vai lembrar imediatamente do painel do Chevrolet Bel Air 1957.
O volante poderia ser revestido de couro e ser um pouco menor, afinal a direção tem assistência elétrica e o diâmetro do volante não traria problema algum. A regulagem do volante é apenas de inclinação, e aqui vai um detalhe interessante: os instrumentos acompanham o movimento da colunba de direção, e jamais ficam recobertos pelo volante.
Ao centro do painel, uma moldura circular imitando fibra de carbono também dá um toque diferente ao interior. Ali ficam os comandos do ar condicionado e do som (rádio CD Player MP3 com entrada mini USB). O ar-condicionado é muito bom e gela ou aquece o interior rapidamente. Tem uma saída de ar em cada extremidade do painel, mas com molduras cromadas, que provocam reflexos perigosos; deveriam ser em prata fosco. O sistema de som poderia ter melhor qualidade, mas é apenas melhor que nada. O porta-luvas não tem tampa, opção de algumas montadoras (a VW Brasilia 1973 também não tinha…), e se o consumidor exigir, em breve a JAC vai instalar ali uma tampa.
As teclas dos quatro vidros elétricos fica no centro baixo do painel, e o que poderia ser revisto é a posição do controle elétrico dos retrovisores, que vai no apoio de braço da porta do motorista. Em qualquer outro lugar estaria bem melhor localizado. O J2 tem limpador de pára-brisa único, pantográfico, com boa área de varredura, mas falto o útil limpador traseiro, fácil de instalar se assim a JAC desejar.
AO VOLANTE
O J2 tem preço de 1.0 nacional pouco equipado, mas está longe de ser um carrinho básico, não tem nada de 1.0 e surpreende pelo bom aproveitamento do espaço interno. Some a isso o bom “pacote” de equipamentos, um motorzinho potente, preço atraente e temos um carro de nicho, para agradar uma fatia bem específica de consumidores. Uma boa dose de diversão ao volante.
“Anda bem?” é a pergunta que mais ouvimos. Anda sim, acelera rápido, mas as retomadas exigem reduções de marcha, pois o torque é beneficiado em rotações mais altas, normal nos motores mutiválvulas. A velocidade máxima é atingida em quinta, perto dos 190 km/h. Essa opção deixa o carrinho mais econômico em uso rodoviário.
Quando têm potência faltando, os fabricantes lançam mão de câmbio com relações curtas, para dar mais agilidade ao carro. No J2, felizmente, o motor está sobrando (na China ele é 1.0 de três cilindros), e a JAC pôde instalar um câmbio mais longo nele, quase no conceito 4+E; a velocidade máxima em 4ª marcha é de 175 km/h, e em quinta bate nos 187 km/h. Todas as marchas são longas, mas o baixo peso do carro contorna qualquer inconveniente. É um carro urbano, mas bastante divertido de ser acelerado em estradas.
A suspensão do J2 é independente na dianteira, tipo McPherson com molhas helicoidais, enquanto na traseira é Dual link, com eixo de torçao e molas helicoidais; barra estabilizadora só na frente. Não tem recursos eletrônicos, como controle de estabilidade ou de tração. São macias e parecem bem ajustadas ao piso daqui. Contorna curvas de qualquer tipo sem problema algum e sem surpresas desagradáveis.
A segunda pergunta mais frequente é sobre o consumo. O carrinho surpeendeu de novo. Abastecido com gasolina e com o ar condicionado ligado, fizemos em trânsito urbano 11,2 km com um litro de gasolina, e na estrada chegou aos 13,1 km/litro. Marcas excelenteds.
CONCLUSÃO
O JAC J2 é outro carro que marca a rápida evolução dos modelos chineses. Tem desenho bastante diferente, excelente desempenho, baixo consumo e oferece muita versatilidade. Perfeito para o uso no dia a dia das grandes cidades, e nunca faz feio em viagens.
São poucos e fáceis defeitos a serem corrigidos. O carrinho merece essa atenção da marca, pois vale cada centavo.