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TEST DRIVE: Mercedes-Benz Vito Tourer 2.0

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Numa emergência, precisamos de um veículo de sete ou oito lugares para uma viagem de três ou quatro dias. Assim solicitamos o empréstimo de um Vito para a Mercedes-Benz, que prontamente atendeu nosso pedido. Não era um modelo preparado para teste, era uma van de uso da própria Mercedes, que serviu a muita gente famosa, eventos e até à equipe de Fórmula 1 da marca.

Não era por isso um  veículo do ano, e sim fabricado em 2015, com cerca de 43.000 km rodados marcados no hodômetro. Mas não deixava de ser interessante avaliá-lo, já que é praticamente desconhecido do mercado. Assim, de São Bernardo (SP), a sede da Mercedes, ele foi para Itu, Campinas e Ilha Bela (todas em São Paulo), e de lá até Sepetiba, sul do Rio de Janeiro, refazendo depois esse trajeto todo de volta. No total, quase 1700 km. E como se comportou o Vito em toda esse roteiro? Muito bem.

O Vito acomoda nessa versão oito passageiros com conforto. Na nossa viagem, foram cinco ocupantes. Os bancos são individuais, de bonito desenho, revestidos de couro sintético e reclináveis, o que permite encontrar a posição mais cômoda, mesmo em viagens longas. O ar-condicionado foi mais do que suficiente, arrefecendo a temperatura em todo o interior do Vito, inclusive para quem foi “esparramado” na última fileira de bancos.

O conjunto motor/câmbio é o principal ponto de destaque do Vito, mesmo já bem rodado. O powertrain é sensacional, com seu motor de quatro cilindros em linha, 2.0 turbo, flex, de 184 cv de potência máxima e torque também máximo pouco acima 30 mkgf. É o mesmo motor utilizado em algumas versões do sedã Classe C. Além desse motor flex -disponível apenas na versão de passageiros Tourer como a que avaliamos- o Vito possui também, na versão furgão, motor 1.6 turbodiesel de 114 cv e torque máximo de 27,5 mkgf. Esse motor 2.0, apesar do porte do Vito, apresenta desempenho surpreendente, com o turbo auxiliando as respostas em baixas rotações, sempre abastecido com etanol. É suave e silencioso no funcionamento, tão suave que em marcha-lenta parece estar desligado. 

A van acelera de zero a 100 km/h em 11,2 segundos e tem velocidade máxima limitada em 160 km/h.

O câmbio é ZF, manual de seis marchas, sempre com engates precisos e de funcionamento silencioso. O Mas nem tudo foram maravilhas. As suspensões dianteira e traseira, adotam calibragem mais dura. A explicação é que se trata de um modelo importado pela Argentina da Europa em regime CKD, e de lá vem para o Brasil. Nas estradas europeias, de asfalto perfeito e velocidades elevadas, suspensões mais firmes são bem-vindas, e por isso sofrem um pouco por aqui. Usa sistema independente, McPherson na dianteira e por braços arrastados na traseira. No piso ruim da Rio-Santos, por exemplo, causaram algum desconforto. De novo destacando que não era uma unidade exclusiva para testes, havia algum ruído vindo da tampa traseira, fácil de corrigir em alguns minutos.

De resto, o Vito foi muito bem. A direção elétrica é precisa e com peso correto em todas as situações. Já os freios estavam desgastados na unidade avaliada, um pouco borrachudos quando mais exigidos, apesar dos discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira. Em termos de segurança, o Vito traz da Europa as”cinco estrelas” obtidas no Euro NCap.

Completam os itens de segurança ativa e passiva o controles de estabilidade e tração, assistente de partida em rampa, assistente de monitoramento de cansaço e o sistema Crosswind Assist (por meio do sistema de freios, compensa a instabilidade direcional ocasionada pelos ventos laterais, evitando mudanças bruscas e involuntárias de trajetória).

  E mais: vem de série com ar-condicionado bizone, vidros elétricos, sistema de som com USB e Bluetooth, volante multi­funcional, coluna de direção ajustável, porta lateral corrediça com mola de impulso para facilitar o fechamento e rodas de liga leve de 17 polegadas, calçadas com pneus 225/55 (o conjunto original é 195/65-16).

O peso de 3.050 kg acaba se refletindo no consumo, com  6 km/litro de etanol na cidade e 9,5 km/l na estrada, não muito diferente dos carros de passeio mais beberrões. A autonomia em estrada fica um pouco acima dos 651 km, por causa do tanque de 70 litros. O silêncio a bordo é outro destaque, graças ao escalonamento longo das relações de marcha do câmbio e diferencial; a 120 km/h, em sexta marcha, o contagiros do motor 2.0 turbo indica apenas 2.100 rpm.

Como falhas, é sempre bom lembrar que não há sensor de estacionamento e/ou câmera de ré, nem mesmo como opcional. Não é fácil manobrar um veículo de 5,14 metros, com película escurecedora nos vidros. No mais, os três anos de uso não provocaram desgastes em seus componentes, o que mostra quem mesmo “sem dono”. suportou bem o passar do tempo.

O Mercedes-Benz Vito Tourer tem 5,14 metros de comprimento e imensos 3,20 m de entre-eixos, além de 1,91 m de altura e 2,25 m de largura (com os espelhos). Parece muito, mas é menor que uma picape média de cabine dupla.

A versão de passageiros (Tourer 119) é oferecida em duas configurações: Comfort 8+1 lugares e Luxo 7+1 (R$ 162 mil), que avaliamos. O Vito de nove lugares tem bancos forrados de tecido e banco inteiriço na frente, e ambos podem ser dirigidos por portadores de CNH categoria B. Atende bem famílias numerosas ou quem precisa transportar muitos passageiros.

Dentro da própria marca, há uma versão da Sprinter bem equipada, por cerca de R$ 140 mil, com motor turbodiesel, mas que exige CNH categoria C. Talvez por isso o Vito tenha vendas baixas no nosso mercado. Mas não deixa de ser um modelo interessante, agradável e muito eficiente. Pena que seja tão caro, mas é uma Mercedes-Benz…


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