TEST DRIVE: NOVO RENAULT CLIO
Em 2007, quando apresentou o Sandero, a Renault não sabia muito bem o que fazer com o já veterano Clio. Pensou rápido, “limpou” o pequeno hatch e o colocou no segmento dos carros de entrada, com preço mais acessível. Só que depenou ele demais, e por isso o carrinho ficou esquecido na gama, só vendendo por conta do preço.
Como esse é um segmento nada desprezível dentro do mercado brasileiro, os franceses resolveram dar mais atenção ao modelo, que é importado da Argentina. Trazer o novo e recém lançado Clio IV seria caro e exigiria muitos investimentos –o que muitas marcas não acreditam merecer o consumidor brasileiro- então a solução foi reestilizar o velho Clio II. E assim surgiu o Novo Clio.
O carro continua com desenho típico dos anos 1990, mas recebeu a nova identidade visual da marca na dianteira e alguns retoques gerais na traseira e interior. As novidades da dianteira são os faróis, pára-choques, capô e grades. A inspiração para o Clio II veio, é claro, do Clio IV,
apresentado no recente Salão de Paris.
MUDANÇAS
O trabalho desenvolvido pelas equipes do Renault Tecnologia Américas (RTA) e Renault Design América Latina (RDAL) para a concepção o Clio resultou em cerca de 180 peças novas ou evoluídas na carroceria e acabamento quando comparado com o seu antecessor
Na traseira as mudanças foram bem menores. As lanternas são praticamente iguais, e agora há um spoiler com terceira luz de freio e novos vincos na tampa.
No interior, os instrumentos ficaram parecidos com os dos Logan e Sandero, com marcadores de nível de combustível e temperatura digitais e computador de bordo (de oito funções). O conta-giros tem quatro áreas diferenciadas, para orientar o motorista para as zonas de rotação do motor em busca de economia de combustível, o que a Renault chama de Eco-monitor. A faixa verde,
por exemplo, indica o momento de menor consumo; a área branca mostra o motor em marcha lenta, e o espaço delimitado em amarelo significa o momento de maior desempenho do motor. O conjunto tem iluminação na cor âmbar, e o volante é de três raios.
Comandos do ar-condicionado e controles de ventilação têm novos botões, de formato mais anatômico e com acabamento cromado. Os bancos tiveram a textura do tecido modificada e estão com padronagem visual diferenciada, projetados com sistema antimergulho.
MAIS BARATO
Para aliviar o lado do comprador de um carro quase de coleção (mas ainda assim eficiente), os preços foram reduzidos em quase R$ 1 mil. A versão Authentique duas portas começa em R$ 23.290, preço que vai para R$ 24.290 no quatro portas. Acima, mais equipado, está o Expression, que custa R$ 24.950, disponível apenas com quatro portas. Mais barato que isso, só Ford Ka e Fiat Mille.
A economia foi o foco das alterações feitas na mecânica do Clio, incluindo pneus de baixa resistência a rolagem. O motor ganhou as mesmas bielas e bomba de óleo do motor 1.2 16V turbo, que é usado na Europa, e a taxa de compressão saltou de 10:1 para 12:1. Esse motor recebeu 71 peças novas, de junta de cabeçote até a borboleta de aceleração, passando por injetores e coletor de admissão de ar, até chegar aos pistões arrefecidos por jatos de óleo.
Segundo a Renault, o Clio chega ao mercado como o modelo com o melhor nível de consumo de combustível da sua categoria, já que ele obteve a nota “A” na categoria “Subcompacto” do “Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular” do Inmetro, tanto na versão de entrada como na equipada com ar-condicionado e direção hidráulica.
Quando abastecida com etanol, a versão equipada com ar-condicionado e direção hidráulica faz 9,1 km/litro na cidade e 9,6 km/litro na estrada. Com gasolina, fica em 13,1 km/litro na cidade e 14,3 km/litro na estrada. O modelo sem ar e direção obtém índices melhores, com 9,5 km/litro e 10,7 km/litro (etanol) e 14,3 km/litro e 15,8 km/litro (gasolina).
POTENTE
Comparando com o antigo Hi-Flex, o novo Hi-Power teve ganho de potência tanto com etanol quanto com gasolina. São 80 cv e 77 cv, respectivamente, a 5.750 rpm. O torque também melhorou. Agora são 10,1 kgfm, com gasolina, e 10,5 kgfm com etanol, a 4.250 rpm.
Apesar de mais econômico, o Clio registra números mais favoráveis de desempenho. Com etanol, faz de zero a 100 km/h em 13,7 segundos e chega a 168 km/h de velocidade máxima. Com gasolina, a aceleração de zero a 100 km/h é feita em 14,3 segundos e a velocidade final fica em 167 km/h.
O câmbio também mudou. Continua sendo o mesmo manual de cinco marchas feito pela Renault no Chile, mas agora conta com diferencial de relação mais longa. Com essa alteração, a relação final de todas as marchas foram alongadas, para que o carro ficasse mais econômico e ganhasse velocidade máxima.
A suspensão do Clio continua com dianteira tipo McPherson, com amortecedores hidráulicos telescópicos e molas helicoidais, e traseira semi-independente, com molas helicoidais e amortecedores hidráulicos telescópicos verticais e barra estabilizadora.
O Clio é equipado com rodas aro 13 e pneus na medida 175/70. Esse é outro fator importante na
melhora do consumo. A combinação de novos compostos na confecção da borracha e o desenho da banda de rodagem permitiram pneus com menor resistência ao rolamento, sem comprometer a segurança.
PERSONALIZAÇÃO
No quesito design, o Clio ainda acena com um importante diferencial: por meio de kits de personalização, os consumidores poderão dar um toque pessoal e de exclusividade ao modelo, tanto externa quanto internamente.
São quatro kits de personalização disponíveis, sendo três para o exterior: Sport, Look e Adesivos; e um para o interior, o kit Estilo. A instalação do conjunto Sport, por exemplo, faz o hatch ficar com aparência de que está “grudado” ao chão, como convém a um esportivo (o que não é o caso,
claro). Já o kit Look tem friso lateral das portas com filete personalizável e retrovisores externos pintados na cor da carroceria, combinando assim, com os frisos laterais.
O Clio está disponível em oito opções de cor: Bege Poivre, Cinza Quartz, Prata Etoile, Vermelho Fogo (metálicas), além de Branco Glacier, Preto Opaco e Vermelho Vivo (sólidas). A linha 2013 oferecerá ainda uma nova tonalidade a mais: Branco Creme.
VERSÕES
O Clio vai ser comercializado em duas versões de acabamento: Authentique (duas ou quatro portas) e Expression (quatro portas). A Authentique traz de série computador de bordo com oito funções, alarme de luzes acesas, contagiros com Eco-monitor, relógio digital e terceira luz de freio. Opcionalmente, é possível acrescentar ar-condicionado.
A Expression vem ainda com limpador, lavador e desembaçador de vidro traseiro; ar quente; volante com o contorno do logo cromado e botões do painel com acabamento cromado. Direção hidráulica e ar-condicionado são opcionais. Em ambas as versões, é possível instalar, como
acessório: alarme, vidros e travas elétricas. O carrinho pode ainda ser equipado com sistema de som com CD, MP3 e MWA, além de conexão Bluetooth e entrada USB.
Justiça seja feita, o Clio foi o primeiro compacto de sua categoria a oferecer três anos de garantia total de fábrica (ou 100.000 km o que ocorrer primeiro). A linha 2013 do modelo continua oferecendo isso. Hoje a Renault conta com 212 concessionárias, que cobrem 82% do território nacional. Segundo a marca, manter o Clio em ordem custa menos de R$ 1 por dia, ao longo
dos três anos de garantia original.
Com tudo isso, a empresa espera que as vendas do Clio cresçam 30% em 2013. Tarefa das mais fáceis para um carro que quase havia desaparecido do mercado.