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TESTE: BYD Dolphin Mini

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Até poucos anos, os carros elétricos -como a maioria dos veículos chineses- eram modelos estranhos, mal desenhados e que aparentavam fragilidade. Rapidamente isso mudou, e em todas as categorias os carros chineses eletrificados chamam atenção pela beleza de suas linhas. O BYD Dolphin Mini não foge a essa nova “ordem mundial”: é um compacto elétrico que se destaca também por ter preço competitivo e acessível no mercado brasileiro, pois custa R$ 115.800 na versão de quatro lugares (a que AUTO&TÉCNICA avaliou) e R$ 119.800 na versão de cinco lugares.

por Ricardo Caruso

O carro surpreendeu, pois apesar do jeitão e dimensões basicamente urbanas, traz excelente dirigibilidade, mostrando-se um modelo muito prático e eficiente para uso no dia a dia e também em viagens. Fica claro que o Dolphin Mini teve suas suspensões desenvolvidas para otimizar o conforto em uso urbano e piso bom, mas que por isso sofre um pouco -em especial na traseira- em piso muito ruim, valetas e lombadas transpostas sem muito cuidado. Por sua vez, o bom vão livre do solo, de 110 mm, ajuda a contornar algumas dificuldades costumeiras de piso que encontramos pelo Brasil.

Com calibragem muito macia na traseira (com eixo de torção), é normal que no limite de aderência aconteçam as saídas de frente, mais fáceis de corrigir que as de traseira. Mas a proposta do carro é ser um carro urbano, e não um esportivo. Garantem boa estabilidade ainda os pneus 175/55 que calçam belas rodas aro 16.

Recebemos o carro em São PAulo, com 98% de carga e marcando 380 km de autonomia. Pelo ciclo do Inmetro a autonomia seria de 280 km, e como iríamos rodar 260 km até Poços de caldas, sul de Minas Gerais, vieram algumas preocupações. Algo como naqueles tempos de grana curta, que você sempre andava na reserva, de olho no marcador de combustível. A ideia para ir nesse trajeto, sem paradas para carregar a bateria, foi a de não usar ar condicionado, nada de faróis baixos ou altos e não passar dos 100 km/h. E deu certo. Ao final da viagem o carro indicava os 260 km rodados e mais 100 disponíveis, com 30% de carga ainda.

O Dolphin Mini usa baterias de marca própria, do tipo blade, de lítio e fosfato de ferro, hoje referência em termos de durabilidade e segurança, algo que o marketing da empresa explora bem. Diferente das baterias de íons de lítio tradicionais, as tipo blade permitem mais ciclos de carga, são mais resistentes à variação de temperaturas e tem menor risco de incêndio em caso de defeito ou acidentes. O modelo usa bateria de 38 kW/h, o que como vimos antes, com alguns cuidados é possível passar bem dos 300 km de autonomia.

O modelo oferece duas formas de carregamento: AC (corrente alternada), que utiliza um carregador doméstico ou dos postos públicos, que permite carregar a bateria em cerca de sete horas. Esta operação é ideal para as típicas recargas em casa ou no escritório. O melhor mesmo é o carregamento rápido (DC, corrente contínua), quando ele vai de 10 a 90% de capacidade em cerca de 40 minutos.

Equipado com um motor elétrico de 75 cv de potência máxima e torque imediato de 13,8 mkgf, o Dolphin Mini se dá muito bem no trânsito urbano, sem problemas nas retomadas e acelerações. Mas nas estradas é preciso arrefecer um pouco o entusiasmo nas ultrapassagens, e lembrar que são apenas 75 cv de potência.

Os freios são a disco nas quatro, corretamente dimensionados e com uma sensação inicial de desaceleração meio lenta, que exige algum tempo para o motorista se acostumar com isso. Ou seja, no trânsito urbano tudo tranquilo, mas nas estradas é preciso alguma adaptação às características do modelo.

Faz parte da também da tecnologia do Dolphin Mini o sistema de regeneração de energia, para converter a energia cinética do carro em frenagens ou desacelerações em carga para a bateria. Isso não só aumenta a eficiência energética, como contribui para o maior alcance em trechos urbanos, por conta das frenagens e acelerações. Isso tudo torna o pequeno BYD uma opção eficiente e prática, desde que o usuário tenha acesso a pontos de recarga ou faça uso urbano preferencial do carro; as viagens mais longas, acima de 200 km, exigem algum planejamento.

Uma preocupação de quem usa carro elétrico é a reposição dos pneus, ainda mais nesse caso, com medida (175/55-16) meio difícil de se encontrar por aqui. Ou você compra nas concessionárias os pneus de reposição e paga caro, ou pode usar pneus da medida mais próxima, de marca de qualidade, sem maiores problemas. Os pneus dos elétricos sofrem um pouco com acelerações bruscas e sequentes, por causa do torque alto. Quem usar o carro de maneira normal, pode montar um jogo de Michelin, por exemplo, sem grandes problemas. Muitos proprietários fazem isso.

Por dentro, o modelo tem bom espaço interno, conforto, ergonomia e uma sofisticada sensação de modernidade, que não encontamos nos carros nacionais. Tudo de muita qualidade, excelente montagem e fácil de operar. O carro testado era preto com interior azul, uma bela combinação. A conectividade é simples e sempre eficiente, com a tela do multimídia -de 10 polegadas- giratória, com comandos fáceis e intuitivos. Há conexão Android sem fio e Apple CarPlay com cabo, comandos de voz e boa câmera de ré, mas não há recurso de imagem de 360°; o ar condicionado é digital, sem comando automático. Toda essa tecnologia agrada, o que somado ao bom torque instantâneo e dirigibilidade, seduz para o uso urbano no dia a dia. Usa ainda um único limpador de pára-brisas -pantográfico- faróis em LED e banco do motorista com ajustes elétricos.

Além do visual futurista, o BYD Dolphin Mini usa bem as ideias aplicadas em modelos monovolume. Tem 3,78 metros de comprimento, 1,58 m de altura e 1,71 m de largura, mais entre-eixos de 2,50 m. Pequeno por fora, grande por dentro.

Conclusão

Com seu preço competitivo e excelente projeto, o BYD Dolphin Mini é a escolha mais inteligente hoje no mercado brasileiro para quem busca um carro elétrico acessível, que privilegia a economia e praticidade de uso. O compromisso não é voltado para a esportividade, e sim sempre de olho no conforto e excelência dinâmica, que é o que seu consumidor típico busca. Um bom acerto na suspensão traseira e nas medidas dos pneus seriam bem-vindas. O Dolphin Mini é um passo interessante para popularizar os elétricos aqui no Brasil e uma demonstração clara de que muitos modelos nacionais estão com preços absolutamente fora da realidade. Basta comparar.


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