TESTE: BYD King GS DM-I Hybrid Plug-in
Imagine um sedã bem desenhado, híbrido plug-in, com até 80 km de autonomia no modo 100% elétrico e 1200 km no modo combinado (elétrico-combustão), rápido, bom espaço interno, porta-malas generoso e com preço para lá de competitivo. Esse é o BYD King GS DM-I Hybrid Plug-in, que avaliamos e se mostrou a melhor opção entre todos os sedãs eletrificados hoje no mercado brasileiro.
por Ricardo Caruso

O King chegou ao Brasil como mais uma proposta ousada da BYD, desta vez no segmento de sedãs médios, onde reina o Toyota Corolla Hybrid. Trata-se de um modelo híbrido plug-in (PHEV), mas com um importante diferencial em relação ao nipônico: a possibilidade de rodar por até 80 km apenas com eletricidade, algo que o Toyota não oferece. AUTO&TÉCNICA avaliou a versão GS do King, a topo de linha, que custa R$164,9 mil. A marca faz rotineiras produções, e por isso o preço pode variar para mais ou para menos conforme a época.

O visual do BYD King GS traz os traços clássicos dos sedãs de quatro portas, mas bastante atual e diferenciado, com os três volumes bem proporcionados e que chama muita atenção. Não há nenhum ponto de seu desenho que mereça qualquer tipo de ressalva: o King GS apresenta um desenho elegante e aerodinâmico, com linhas que transmitem modernidade. Na dianteira, faróis full LED estreitos, sensores, câmeras e uma grade praticamente fechada, o que é praxe nos veículos eletrificados.

O desenho frontal é bem definido e bastante harmônico. Na traseira, a ousadia das linhas se repete, com conjunto de lanternas horizontais e fininhas interligadas por uma faixa de LED, que lembra a solução aplicada em outros modelos da marca, e traz visual sofisticado e ao mesmo tempo elegante. Por fim, as laterais, onde se destacam suas belas rodas de aro 17 de 10 raios, com acabamento em preto brilhante e diamantado, que reforçam visualmente as possibilidades esportivas do carro.


Se por fora o King GS surpreende, por dentro, o sedã da BYD impressiona. O visual é correto, os materiais empregados de qualidade, tudo agradável ao toque e abusando das sempre desejáveis superfícies macias. O painel de instrumentos é digital, pouco maior que a tela de um smartphone dos grandes. Permite leitura bastante clara e traz dados de carga da bateria e autonomia. Ao centro, o “cartão de visitas” é a generosa central multimídia rotativa —o orgulho da BYD— que pode ser posicionada na vertical ou horizontal.







O volante é multifuncional, com os comandos do “cruise control” (“piloto automático”) e sistema de som. O ar-condicionado é digital e bizone, enquanto o console acomoda o seletor de modo de condução -híbrido ou 100% elétrico-, além de tomadas USB e carregador para celular. Os bancos são bem desenhados e confortáveis, e os dianteiros têm ajustes elétricos; o revestimento dos bancos mescla material sintétido que imita couro, mais claro no centro. Na traseira, há bom espaço para os ocupantes, que contam ainda com saídas de ar-condicionado.
Com dimensões de 4.780 mm de comprimento, 1.837 mm de largura, 1.495 mm de altura e 2.718 mm de distância entre-eixos, o King oferece amplo espaço interno, acomodando confortavelmente cinco passageiros e oferecendo um porta-malas de 450 litros, menor do que muitos concorrentes, mas suficientes para as necessidades de uma família.





Por fora e por dentro tudo está correto, mas como ele anda? Aí vem outra boa surpresa. O King permite acelerações dignas de um motor V6, com respostas muiro rápidas do acelerador. A passagem da propulsão a gasolina para a elétrica quase não é notada, e se você recorrer ao botão “EV”, isola do sistema o motor a combustão, rodando só no elétrico por até 80 km, e isso permite uma economia substancial em trechos urbanos.
Na versão GS avaliada, a bateria tipo “Blade”, de íons de lítio, tem 18,3 kWh de capacidade de armazenamento, permitindo até 80 km de alcance em modo puramente elétrico como já dissemos. Mas há um porém: como o sistema reserva o mínimo 25% da carga da bateria para não prejudicar o desempenho, o alcance real é de 60 km, sendo os 20 km restantes usado quando o tanque de combustível estiver totalmente vazio. O carregamento da bateria é feito em carregadores de corrente alternada (AC) com tomada do tipo 2 e potência máxima de 6,6 kW. O tempo total de carga é um pouco inferior a 3 horas.

O BYD King GS opera com a combinação de um motor a combustão de quatro cilindros e 1.500 cm3, aspirado, a gasolina. Tem a potência máxima de 110 cv a 6.000 rpm e torque máximo de 13,8 mkgf a 4.500 rpm. O conjunto de dois motores elétricos traciona as rodas dianteiras e entrega 196 cv e 33,1 mkgf de potência e torque máximos, o que combinado com o motor a combustão soma 235 cv de potência máxima. O torque máximo combinado é o do conjunto elétrico, de 33,1 mkgf.


Assim, a aceleração de zero a 100 km/h é feita em 7,5 segundos e a velocidade máxima é de 185 km/h, e mesmo com a bateria a 25% de carga, o desempenho permanece inalterado, mantendo as boas acelerações e retomadas de velocidade. O pedal do acelerador conta com kickdown. Independe do modo de condução selecionado (Normal, Eco ou Sport), ao pressionar o pedal até o fim, o gerenciamento do carro entende que o motorista está precisando de força máxima, e dessa forma o motor a combustão é ativado e, junto com os motores elétricos manda a potência máxima para as rodas.

As suspensões são bem calibradas, um pouco duras por conta do peso que suportam, firmes por causa da alta potência disponível, mas nada que comprometa o conforto. O King tem bom isolamento acústico, silencioso mesmo em velocidades mais elevadas. Tudo tranquilo, como nos sedãs mais caros. O King trabalha com suspensão ndependente na dianteira, tipo McPherson, com mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra estabilizadora; na traseira, eixo de torção, mola helicoidal e amortecedor pressurizado. A direção, por pinhão e cremalheira, te,m assistência elétrica e é progressiva. O sistema de freios conta com discos ventilados na frente e simples atrás.
CONCLUSÃO
A pergunta que não quer calar: vale a pena? Sim, o BYD King GS vale muito a pena. Além do desempenho muito bom, traz conforto, espaço interno e um “pacote” de equipamentos e recursos decentes para ao preço. Sem contar a curiosidade que a novidade desperta. Para quem busca um modelo híbrido completo e eficiente, o King GS é hoje a melhor alternativa no mercado e seu preço (164, 9 mil) é realmente sedutor.

Após uma semana de testes com o BYD King GS, fica claro que a marca chinesa continua evoluindo na entrega de produtos repletos de tecnologia, bem desenvolvidos e com foco na eficiência energética. O BYD King se apresenta como uma opção que não deve ser descartada por quem busca um carro eletrificado, quer fugir das marcas tradicionais e usufruir de muito conforto. Vale a pena conhecer esse sedã e descobrir que, para os chineses, não há mais limites no mundo do automóvel. É a história sendo reescrita…
